Existe subsídio bíblico para a “masculinidade bíblica”?

Até existe. Mas têm muito “fermento” também

Bruno A.
o mundo precisa saber
3 min readJul 14, 2024

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Photo by Ben White on Unsplash

Claramente, no mundo bíblico, há diferença de papeis para homens e mulheres. Desde Adão e Eva, lá nos primeiros capítulos de Gênesis, essa definição já existe.

Arrisco a dizer que não só na Bíblia, mas no mundo antigo como um todo: em praticamente todas as culturas é possível notar uma organização social que define papéis para homens e mulheres. Consequências de um mundo sem diplomacia e onde o trabalho era praticamente todo braçal, o que elencavam homens para trabalhos que iam desde a caça até a guerra; enquanto mulheres, progenitoras, precisavam cuidar das próximas gerações.

Apenas na segunda metade do século 20 que esses papéis começaram a ser questionados com mais força, uma vez que o trabalho passou a ser muito mais intelectual do que braçal, o que ajudou a igualar as coisas entre homens e mulheres.

Mas mesmo em um mundo antigo patriarcal, onde papéis de gênero pareciam bem definidos, não há uma multidão tão grande de versos bíblicos direcionados exclusivamente para homens ou mulheres. Não é difícil lembrarmos de algumas passagens marcantes, como o Gênesis 2:15, citado anteriormente, ou da mulher descrita em Provérbios 31. Mas na imensidão dos seus mais de 30 mil versículos, são poucos os ensinamentos que se aplicam apenas a um dos gêneros.

Na maior parte das vezes que a Bíblia se refere a “homem” essa palavra está se referindo a ser humano, independente do sexo. A passagem abaixo, por exemplo, é claramente entendido tanto a homens quanto a mulheres:

Quanto à antiga maneira de viver, vocês foram ensinados a despir-se do velho homem, que se corrompe por desejos enganosos, a serem renovados no modo de pensar e a revestir-se do novo homem, criado para ser semelhante a Deus em justiça e em santidade provenientes da verdade.
Efésios 4:22–24

Até mesmo o famigerado texto de Efésios 5:22–33, que fala sobre a liderança masculina e submissão feminina, na verdade é um trecho de um texto maior, que fala sobre submissão mútua e em um nível de comunidade, desfazendo o mito (que refutamos aqui) de que apenas mulheres devem ser submissas.

Logo, precisamos ter cuidado com uma Teologia da Masculinidade embasada em tão poucos versos. O que temos visto é que, para engrossar esse caldo, na falta de versos bíblicos, tem sido usada conceitos viciosos deste mundo caído, que muitas vezes endossam uma visão de masculinidade que prega abertamente o egocentrismo, a violência contra a mulher e a negligência contra esta violência, que é um fato, como já tratamos aqui.

Óbvio que, diante da Palavra, podemos aprender a sermos melhores homens, e tmabém é óbvio que é saudável esse interesse em sermos melhores homens de acordo com a Palavra. Mas o cerne daquilo que aprendemos em Cristo, sobre salvação, graça, arrependimento, perdão, amor, justiça, altruísmo, fraternidade e também sobre nossos pecados, é aplicavél a homens e mulheres. E, se aplicarmos na nossa vida esses ensinos centrais do Cristianismo, já seremos melhores homens e mulheres, maridos e esposas, pais e mães, melhores cidadãos.

Como cristãos, precisamos questionar e criticar qualquer ensino estranho que queiram adicionar a pureza da Palavra. “Um pouco de fermento leveda toda a massa”, como aprendemos em Gálatas 5.

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