O crente e a revolução — Leitura em Romanos 13

Quando a Bíblia é reduzida a ‘bandeira politica’, algo está errado

Bruno A.
o mundo precisa saber
4 min readMay 27, 2021

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Photo by Telmo Filho on Unsplash

Ainda em Romanos 13, lemos:

Paguem a todos o que lhes é devido: a quem tributo, tributo; a quem imposto, imposto; a quem respeito, respeito; a quem honra, honra. — Romanos 13:7

Fugindo de interpretações simplistas, do tipo “a bíblia me manda pagar imposto”, quero recordar o que já tratamos em textos anteriores nesta série: as autoridades são constituidas por Deus para o bem social. Se voltarmos ao povo hebreu peregrinando no deserto, veremos alí Deus organizando soclialmente uma nação ainda sem terra. E, de que maneira ele a organiza? Determinando líderes religiosos, governamentais, judiciais e até mesmo uma rotina tributária (pois o dízimo é algo paralelo a um imposto).

E todo esse modelo se perpetua por todos os dias de Israel até Cristo, de forma que nem mesmo Cristo se opõe à ideia de autoridade:

Então os fariseus se retiraram e consultaram entre si como surpreenderiam Jesus em alguma palavra.
E enviaram-lhe discípulos, juntamente com os herodianos, para lhe dizer: — Mestre, sabemos que o senhor é verdadeiro e que ensina o caminho de Deus de acordo com a verdade, sem se importar com a opinião dos outros, porque não olha para a aparência das pessoas.
Assim sendo, diga-nos o que o senhor acha: é lícito pagar imposto a César ou não?
Mas Jesus, percebendo a maldade deles, respondeu: — Hipócritas, por que vocês estão me pondo à prova?
Mostrem-me a moeda do imposto. Trouxeram-lhe um denário.
E Jesus lhes perguntou: — De quem é esta figura e esta inscrição?
Eles responderam: — De César. Então Jesus lhes disse: — Deem, pois, a César o que é de César e a Deus o que é de Deus.
Ouvindo isto, se admiraram e, deixando-o, foram embora.

Mateus 22:15–22

Vivemos dias em que todas as instituições estão caíndo em descrédito: a igreja, a família, a justiça… E dessas instituições, talvez o governo é a que mais nos causa insatisfação. Toda essa estrutura executiva, legislativa e judiciária; federal, estadual e municipal, parece produzir muito mais confusões do que resultados. São impostos altíssimos para sustentar um Estado ineficiente, corrupto e que parece retornar pouco e com muita lentidão.

Diante dessa cenário, muitos — inclusive cristãos — tem defendido desde a extrema anarquia, a ausencia total de Estado; até o extremo totalitarismo, onde um homem assume todo o poder com mãos de ferro, sem que precise se prostrar diante de toda essa burocracia democrática.

Eu não quero usar o texto bíblico como argumento para defender um lado ou outro. A Palavra de Deus não é anarquista e nem ditatorial; ela não é de direita, nem de esquerda; ela não é nem liberal, nem conservadora; ela não é ‘mais Estado’ e nem ‘menos Estado’: ela é “poder de salvação para aquele que crê” (Romanos 1). Logo, um cristão defender uma ou outra posição politico-ideológica não chega a ser uma atitude errada por si só. O grande problema é quando queremos distorcer o texto bíblico e utilizá-lo como argumento para defender nossas posições.

Quando fazemos isso, estamos instrumentalizando a Palavra. Estamos fazendo da Palavra que criou o mundo, uma simples ferramenta à nossa vontade, para que nós possamos falsificar uma “chancela divina” para as nossas ideias. Esse é o pecado.

Quanto ao que Paulo diz em Romanos 13, fica bem claro que a Palavra de Deus, em nenhum momento, se opõe a ideia de um governo. Pelo contrário, o próprio Paulo defende que a autoridade “é ministro de Deus para o nosso bem”. E essa ideia se confirma por toda a Bíblia, quando vemos Deus ungindo reis em Israel e quando vemos servos de Deus sinceros, em terras estranhas, servindo autoridades não ungidas por Deus com humildade, desde que isso não significasse oposição aos preceitos divinos.

Sendo assim, os que defendem qualquer tipo de revolução — de direita ou de esquerda; anarquista ou totalitária; mais estado ou menos estado — utilizando a bíblia como pretexto, não encontra subsídio na própria Palavra para validar seus argumentos.

O cidadão é livre para pensar. E ao não se autorotular com as ideologias do mundo, a Bíblia também nos dá liberdade para termos as nossas posições (desde que isso não se torne uma idolatria ideológica). Logo, não há motivo honesto para usar a Bíblia como bandeira política ou ideológica.

A revolução pregada pela Palavra de Deus é a Salvação para aquele que crê.

DICAS DE LEITURA

  • Gênesis 37 a 47
  • Neemias, o livro inteiro
  • Daniel 3
  • Mateus 22

Este é um dos textos da nossa semana de leitura bíblica em Romanos 13. Chame alguém pra ler a Bíblia com a gente! Isso nunca foi tão importante.

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