O deus do Capitão Pátria

Contém spoilers do último episódio da segunda temporada de “The Boys”

Bruno A.
o mundo precisa saber
2 min readDec 25, 2020

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Após tudo o que sucedeu naquele último episódio, ninguém está acima do Capitão Pátria. Ele está lá, no alto do no mais alto prédio da cidade, de calças arriadas, masturbando-se com a ideia de que ele pode, segundo ele, “Fazer a porra que quiser”.

As simbologias do poder e do sexo sempre andaram juntas na cultura ocidental. Não atoa, termos como “vou foder sei lá quem”, “o chefe comeu o rabo do fulano”, ou então “fui lá, pus o pau na mesa e mostrei quem manda”, ou ainda “ele é o pica da empresa” são tão comuns. E poderia escrever um texto inteiro sobre expressões sexuais utilizadas como metáforas de poder.

Ainda dá pra ir além e lembrar do senhor feudal que tinha direito a todas as donzelas do feudo, do rei que tinha direito a todas as virgens do reino, do diretor de cinema que submetia as atrizes ao “teste do sofá” e a todos os casos de assédio sexual que você já presenciou, ouviu falar ou até participou.

O sexo fálico, masculino, se tornou uma expressão de poder, de opressão. É o poder através do estupro, do intercurso não autorizado. Afinal, quem pode, faz; e — só pra entregar mais uma expressão utilizada no dia a dia — “quem tem cu, tem medo”.

E o poder? Também masculino, também simbolicamente fálico. O alto da pirâmide é o sonho de todos. Mandar em muitos, não ser mandado por ninguém. Não ter que pedir permissão a ninguém para fazer o que quiser, ser respeitado, temido. Ter a vida e a morte em suas mãos. Decidir quem vive e quem morre. É o desenho do deus grego, que brinca com a vida humana como quem joga videogame, enquanto bebe vinho no Olimpo.

No Capitão Pátria, as duas vias se encontram. Sendo o mais poderoso dos “supers”, ele sente prazer em ser o todo poderoso. Um prazer fálico, representado na sua auto massagem enquanto grita de prazer “I can do whatever the fuck I want!”. Metáfora perfeita, ilustrando o estilo de liderança de muitos nos ambientes corporativo, politico e até religioso.

À essa altura, todos já perceberam: o deus do Capitão Patria é ele mesmo.

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