O evangelismo de placenta

Imagine só uma ‘guerra’ entre muçulmanos e cristãos para ver quem tem mais filhos e, por consequências, quem mantém a hegemonia religiosa no mundo?

Bruno A.
o mundo precisa saber
3 min readSep 22, 2019

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Photo by freestocks on Unsplash

Você já deve ter ouvido em algum lugar que “o islamismo é a religião que mais cresce no mundo”. E, o principal fator de crescimento não é a “evangelização”, mas sim o fato de que em países muçulmanos, a média de filhos por casal é superior ao que temos no mundo ocidental cristão, onde as preocupações com o futuro (guerras, questões ambientais, culturais, políticas e etc.) parecem estar amedrontando os casais ocidentais quanto ter filhos.

Baseado nisso, levanta-se uma questão: será que no futuro, seremos vencido pela quantidade? Será que seremos dominados – culturalmente e até politicamente – por uma maioria muçulmana?

E estas questões ainda trazem outras: será que nós, ocidentais e cristãos, não deveríamos ter mais filhos, para “igualar” essa balança? Será que cristãos se multiplicando e enchendo a terra de filhos cristãos não seria também uma forma de evangelismo, uma forma de garantir a sobrevivência do cristianismo?

Para alguns, podem até parecer questões bobas, mas já vi alguns blogs e canais influentes no mundo cristão levantar essa questão (e está solução).

De fato, o mandamento de Deus, lá em Genesis foi de “multiplicar e encher a terra”. Talvez seja daí que herdamos, até hoje, à ideia de que povoar a terra pode ser considerado estratégia de evangelismo. Mas o próprio livro de Genesis nos convida e refletir um pouco sobre isso.

Uma vez dado por Deus, o mandamento de povoar a terra foi sendo passado de geração em geração a ponto de se tornar um traço de cultura israelita. Não é raro na Bíblia relatos de mulheres cujo principal sofrimento era a esterilidade – e por consequência, a impossibilidade de cumprir o mandamento.

E neste ponto, chegamos a Sara e a seu esposo, Abrão. Um casal que atravessou a barreira da velhice sem conseguir o desejado filho. E justamente na idade quando o normal seria se conformar com a condição, Deus promete a Abrão que, da sua semente, todas as famílias da Terra seriam benditas.

Veja que tensão nessa história! Sara, que como toda mulher da época, se sentia na missão de gerar, já estaria a ponto de lidar com a sua incapacidade, mas agora seu marido aparece com a mensagem divina de que “o filho de Abrão” abençoaria toda a terra. Foi diante desta tensão que Sara tomou a decisão errada de entregar ao seu marido sua criada, Hagar, para que a promessa pudesse ser cumprida.

Mas como todos sabemos, o plano de Sara em dar uma mãozinha para a obra de Deus não deu muito certo.

No fim, sabemos que Deus cumpriu a sua promessa e deu a Sara e Abraão um único filho, de onde nasceu a nação de Israel que, por meio de Cristo, abençoou todas as famílias da terra, desde que creiam.

A história de Sara e Abraão nos faz pensar em algumas coisas.

  1. Adão, Eva e os primeiros cidadãos da Terra realmente tiver muitos filhos, mas isso não foi garantia de que todos serviram a Deus. Pelo contrário, a multidão encheu a terra de pecado. Então, como podemos garantir que, tendo muitos filhos, todos eles serão cristãos e gerarão filhos tão cristãos quanto? No mundo muçulmano, seguir a religião dos pais não é uma opção e sim uma obrigação que consta até nas leis da maioria daqueles países.
  2. Na história de Sara e Abraão, vimos que o casal não precisou de ter uma multidão de filhos para que Deus fizesse a obra. Foi um filho só. (E o filho a mais acabou trazendo mais confusão que solução);
  3. 3. A atitude de Sara (e também de Abraão) em usar Hagar para “dar uma mãozinha” nos planos de Deus não deu certo, pois as promessas que Deus faz, Ele mesmo cria caminho e as cumpre. Será que, de fato, precisamos dar uma mãozinha no plano da redenção, tendo filhos por motivos religiosos?

O Salmo 127 diz que “filhos são como flechas, e bem-aventurado quem tem o alforje cheio deles”. Realmente, não é saudável deixar o medo do futuro nos esterilizar quanto a termos filhos enquanto financiamos apartamentos em 40 anos. Mas também não podemos cair na loucura de que salvaremos o mundo com nossas placentas.

“Se Deus não edificar a casa, em vão trabalha o construtor”. Isso também está escrito no Salmo 127.

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