Os cristãos e o politicamente correto

Entender as virtudes e fraquezas do politicamente correto abre uma porta imensa para a pregação da Palavra

Bruno A.
o mundo precisa saber
3 min readDec 12, 2022

--

Photo by Arthur Miranda on Unsplash

E, de repente, o politicamente correto chegou no ambiente de trabalho.

Já não se pode mais falar que "a coisa está preta", mandar alguém "deixar de viadagem", falar que o colega "deu uma de joão-sem-braço", ou que "isso é coisa de mulherzinha". Nada disso é politicamente correto.

E ainda bem! Qualquer pessoa que tenha bom senso (ou que faça parte dos grupos em questão) há de concordar que essas frases são, no mínimo, levianas e mal educadas.

Mas, pensemos: por mais que exista agora uma lista de termos não desejaveis, e por mais que ninguém mais repita esses termos por medo de ser socialmente reprimido (e por mais que isso, de alguma forma, possa ser pensada como um avanço), será que essas pessoas realmente estão convencidas dos malefícios dessas práticas, ou apenas estão respeitando uma "lei social"?

Elas realmente entendem a gravidade de certas frases e pensamentos ou apenas mantém seus atos de discriminação de forma tácita, de forma que se existirem dois homens e uma mulher numa sala, ambos os homens sabem o que o outro está pensando, e a mulher sabe o que os homens estão pensando dela, ainda que nenhuma palavra seja socialmente permitida?

Porque, sendo assim, o tamanho do monstro que estamos criando é gigante.

A Palavra de Deus nos ensina que torpezas sequer devem ser nomeadas entre nós (Efésios 4). E claramente isso vai além dos palavrões após pisar em cheio no Lego que seu filho deixou espalhado pelo chão. Tudo aquilo que é depreciativo e fere o próximo, também pode ser considerado torpe.

Mas a Palavra também nos ensina que a pureza do falar também precisa de transformar na pureza do pensar (Filipenses 4). Afinal, a boca fala daquilo que o coração esta cheio (Mateus 12).

Logo, para o crente, o "politicamente correto" é muito mais do que mais uma hipocrisia deste mundo pecaminoso. Esta é a perfeita oportunidade para estendermos o entendimento. Sair da superfície do "comportamento socialmente aceitável" para a mudança de mentalidade pregada no Evangelho (Romanos 12).

O "politicamente correto" é uma imensa porta aberta para a pregação da Palavra.

Mas, para isso, teríamos que, primeiro, lavar a nós mesmos. Fica difícil falarmos sobre a pureza do falar e do pensar se geralmente somos nós quem puxamos a anedota homofóbica em volta da cafeteira do escritório, se somos nós os primeiros a reclamar sobre a tal da "liberdade de expressão" que queremos apenas para expressar o pecado que habita em nós.

Sabemos que há excessos na política politicamente correto. É assustador, por exemplo, ver professores universitários, doutorados em universidades internacionais, não saberem a diferença entre uma piada homofóbica e uma teologia sobre a visão cristã da homossexualidade. (Assim como é assustador ver pastores igualmente formados em universidades internacionais pregando sobre homossexualidade como se estivessem num palco de stand-up da pior qualidade). Mas não podemos utilizar o "pior caso" como balizador das nossas ações. Somos conscientes e sabemos quando estamos passando dos limites.

Caberia a nós, cristãos, aproveitar essa oportunidade para mostrar uma cosmovisão que vai além dos "legalismos" daquilo que pode ou não se pode falar e fazer, e propor um mergulho mais profundo, à essência das coisas.

Caberia a nós fazer essa ponte, pois dignificar mulheres foi o que Cristo fez durante todo o seu ministério. Abrir as portas ao estrangeiro foi o que o Evangelho do Deus (até então considerado exclusivamente) de Israel fez. Os dois exemplos citados nos dá um norte sobre qual é o Caminho de Cristo.

E nem precisamos nos preocupar se está pregação está esquerdificando demais a Palavra de Deus. Porque ainda antes do parlamento francês se dividir entre direita conservadora e esquerda progressista, para ver quem convenceria o maior número de pessoas aos seus discursos hipócritas tendo como objetivo o poder, o EU SOU já O ERA. E já fazia aquilo que o politicamente correto se propõe a fazer, mas preguiçosamente abandona na superfície.

Não tenhamos medo.

--

--