Resenha: Noite na Taverna

Vânia Soares
RESENHAS
Published in
2 min readOct 5, 2020
Foto: Vânia Soares

How now, Horatio? You tremble, and look pale. Is not this something more than phantasy? What think you of it?

E então, Horácio? Você treme, e parece pálido. Não é mais que fantasia? O que acha disso? (tradução livre)

Hamlet, Ato I. Shakespeare

Essa é a epígrafe que abre Noite na Taverna. De antemão, nos anuncia o espanto, o horror e a tragédia contidos nas próximas páginas. Na primeira leitura, o livro me tomou de assalto e me fez imaginar as possibilidades abomináveis do ser humano. Estranhamente, passei a madrugada ansiando pelos capítulos seguintes. Não conseguia parar de ler. Foram dois dias, quase ininterruptos, caminhando pelas linhas macabras.

Publicada em 1855, três anos após a morte de Álvares de Azevedo, Noite na Taverna é uma obra de ficção estruturada em sete capítulos: o primeiro funciona como prólogo; o último, como epílogo, e entre eles há cinco contos que trazem os nomes dos personagens principais. Cada narrador expõe situações do passado e levanta temas como canibalismo, traição, amor platônico, infanticídio e incesto. São histórias sanguinolentas, que desembocam num desfecho atroz.

Se você já leu, com certeza ficou chocado(a) com os cenários e acontecimentos tenebrosos. Caso não tenha lido, e goste de histórias de horror, vai compreender o porquê dos contos fantásticos do jovem Azevedo, o Rimbaud brasileiro, serem considerados heranças da nossa literatura.

--

--

Vânia Soares
RESENHAS

Jornalista| Enquanto as palavras existirem, enquanto os olhos enxergarem, eu serei verbo e imagem.