O que Aprendi com William James
Sobre Baixa Auto-estima

por André Camargo

André Camargo
O Que Aprendi
Published in
4 min readSep 24, 2015

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Onde quer que você coloque atenção, isso irá crescer.
Se você colocar atenção na falta de algo, a falta irá crescer.

Sri Ravi Shankar

Tem uma cliente que eu atendi — vamos chamá-la de Daniela — que se queixava de solidão.

Ela se considerava desajeitada para paquerar e fazer amigos. Tinha pavor de rejeição.

Também morria de vergonha de que os outros descobrissem como ela se sentia.

No entanto, aos poucos nos demos conta de que ela teve vários namorados ao longo da vida. Dois desses relacionamentos duraram três anos ou mais.

Fora isso, colecionou boas amizades, participou de grupos, festas, viagens e comunidades. Era bastante ativa nas mídias sociais.

O próximo passo foi perceber que, ao contrário de si mesma, boa parte de seus conhecidos a via como uma mulher segura de si. Tinha até quem a invejasse.

A julgar por sua história de vida, Daniela deveria ser uma pessoa preenchida de afeto e gratidão. Mas não era essa sua experiência interna. Ela se descrevia como uma mulher carente, vazia e solitária.

O contraste era gritante.

Confesso que eu mesmo já me senti muitas vezes como ela.

Como é que algo assim acontece?

O medo de rejeição que ela sentia era tão grande que a fazia focar só no negativo. E focar só no negativo aumentava seu medo de rejeição.

Sua percepção distorcida a impedia de validar os bons relacionamentos que a vida tinha colocado em seu caminho.

Ela permanecia ferida e insatisfeita, esperando que algum novo relacionamento, ou uma quantidade de relacionamentos, pudesse curá-la.

O problema-raiz da Daniela, como descobrimos ao longo do processo, não eram a solidão e a falta de traquejo social.

Eram os fantasmas famintos criados no interior da própria mente, que a faziam desvalorizar-se e a impediam de reconhecer e se alegrar com algo que ela, afinal, já possuía.

Em resumo, o medo da escassez a mantinha focada em seus fracassos e dificuldades, reforçando a baixa auto-estima e impedindo-a de ter acesso à figura completa.

Quando ela se tornou capaz de encarar a própria vida com outros olhos, reconhecendo a Abundância e substituindo o apego à auto-imagem negativa por um sentimento de gratidão por sua história de vida, as coisas começaram a mudar.

Tem um pensamento do filósofo William James que eu acho super útil. É algo assim: aquilo em que você escolhe focar torna-se (a sua) realidade.

Em outras palavras, o que consideramos Real é tão-somente aquilo em que temos depositado nossa atenção.

Então, se você foca apenas no que dá errado na sua vida, na metade vazia do copo, essa vai ser a sua realidade. Você no íntimo vai se sentir uma vítima — ou um fracasso.

“Preciso fazer um regime.”

Não é questão de ser otimista ou pessimista, o que já seria uma interpretação da realidade.

Estou falando de uma deformidade da percepção, da construção do que você experimenta como realidade.

A distorção da auto-imagem é algo que acontece, por exemplo, com pessoas que sofrem de anorexia.

Podem estar pesando menos de 30 kg, mas, ao se olharem no espelho, enxergam uma pessoa gorda.

Percebe?

Quando nos mantemos ocupados com tudo que a gente acredita não ser como deveria ser — a falta de grana, a trágica história de vida, os quilos a mais na balança, a família disfuncional, a falta de prestígio, a saúde deteriorada — quando é só isso que ocupa nossos pensamentos, tendemos a construir uma auto-imagem negativa. Nos desempoderamos. E nos deixamos aprisionar pela baixa auto-estima.

Vira um círculo vicioso.

E, olha, muita gente faz isso! Passa a vida ocupada com aquilo que falta, o que precisa melhorar, com as próprias dificuldades e limitações. E não sai mais disso.

Tornam-se reféns do desamor.

Se você não gosta de si mesmo/a, vai ficar achando que ninguém gosta de você. Não importa quantas demostrações de amor receber, você nunca vai se sentir amado/a.

Aí, as coisas boas que acontecem ou que você conquista passam batido, sem reconhecimento ou celebração, como se não contassem. Não recebem o calor necessário para criarem raízes e darem frutos.

Você pode precisar de ajuda — por meio de um processo de Coaching ou Terapia, por exemplo — para se libertar do sentimento de carência e ser capaz de usufruir das coisas boas na sua vida.

Mesmo com ajuda, porém, não dá para esperar que algo externo vá fazer você sentir-se bem consigo mesmo/a. Como na Jornada do Herói, o Mentor só pode ir até certo ponto. O trabalho interno é todo seu.

As sementes de felicidade precisam ser regadas, com sua atenção e carinho, para germinar.

Você consegue se olhar com amor?

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