Socorro! Meu filho não come!

Maria Elisa
Muito afeto debaixo do meu teto
5 min readMay 14, 2018

PARE. Simplesmente pare. Respire profundamente e agora vamos prosseguir.

Ok, você está na luta para fazer seu filho comer agora que completou 6 meses. Bem, talvez esteja ainda na luta agora que ele tem um ano. Ou dois, ou três.

Provavelmente nesta altura do campeonato já deve ter desabafado em grupos no facebook. E ter lido que o leite materno é o principal no primeiro ano, que a amamentação não atrapalha na introdução alimentar, que o peso não importa, que o filho da fulana tem o mesmo peso que o seu e está saudável e várias outras coisas assim.

E você vai ao pediatra e ele continua a te dar informações contrárias as que você lê e você questiona ele e não o que leu no facebook e blogs maternos. Os pediatras são uns monstros, ah não ser que ele concorde com essas mães de blogs maternos. (tipo eu!)

Ok,pediatras não são nutricionistas. Mas eles podem ser puericultores, obviamente, já que está atendendo seu bebê. Então, ele pode te dar orientações sim sobre a introdução alimentar. Vem no kit.

Mesmo que tudo esteja desatualizado. Ah, muita coisa está desatualizada mesmo.

Tipo açucar na introdução e farinhas processadas. Ou a oferta de alimentos antes dos 6 meses.

Voltando ao seu bebê.

A pergunta que eu faço é ‘seu bebê ainda mama em livre demanda?’

Olha, vou te dizer uma coisa, a amamentação não atrapalha a introdução, mas a livre demanda pode ser um problema bem grande e pode vir a atrapalhar a alimentação. O quê? Sim, amamentação pós 6 meses não é sinônimo de livre-demanda. Grave isso na cabeça.

Após essa pergunta, que imagino que seja afirmativa, você deve estar querendo me crucificar.

Como ousa dizer isso?

Bem, seu bebê só foi amamentado no seu peito durante 6 meses e após diversas tentativas de apresentar qualquer alimento, ele prefere o leite materno. Talvez seu bebê tenha nascido virado para a lua e tenha amado a apresentação de alimentos (se sim, esse texto não é para você). Pois bem, isso não é uma realidade para muitas familias. Logicamente, se não há interesse, seu filho não come outros alimentos, prefere o leite materno e se isso persistir durante mais alguns meses durante o primeiro ano, isso é sinal de alerta! Porque você vai amamentar (em LD) ele em vez de dar comida. E então…

Ele vai se saciar (por causa da glicose), mas não vai obter todos os nutrientes necessários dentro de uma frequência que o corpinho nessa nova fase pede, por incrível que pareça.

O que pode acontecer é ele estabilizar ou pior, perder peso!

Nessas horas aparecem aquelas mães que te dizem ‘Ah querida, é o metabolismo dele que é rápido. Seu pediatra é maluco, se preocupa muito com o peso.’

APENAS NÃO (o metabolismo do seu filho pode ser rápido, mas não é bem assim). Para essa mãe ter te afirmado isso, ela precisaria olhar o ganho de peso desde o nascimento. O que ela não fez obviamente.

Veja, não estou dizendo isso ‘Fez 6 meses, acabe com a livre demanda instântaneamente’.

NÃO!

Estou querendo dizer ‘Fez 6 meses e aos poucos comece a limitar a livre demanda, tranformando em ‘a vontade’.

Mas o que é ‘a vontade’? Você conduz o momento e a partir deste ponto, o bebê mama a vontade.

Se você não sabe, a introdução de alimentos precisa ser em intervalos mais ou menos iguais, de 2h em 2h, 3h em 3h.

Então, quando você começar a introdução, seria interessante que montasse um cronograma para se situar e começar a tranformação da livre-demanda em ‘a vontade’.

Claro, que no começo tudo será novidade para o bebê e nas primeiras semanas (e até meses) as comidas serão deixadas de lado e o leite materno entra, uma vez que ele ainda é o principal no primeiro ano . SIM! Por que? Ele é que vai segurar o tranco. Porque é pouco provavel que consiguirá montar uma rotina alimentar firme antes em meio a apresentações, picos, saltos, dentes, doenças oportunas e o corpo se transformando com um bebê que ficou tantos meses só tomando seu leitinho. É um processo!

Seja sensato e procure não oferecer o peito antes de oferecer a comida. Lembra? O leite tem glicose. Se o beê fica satisfeito, para quê ele vai comer? Bebês que não tem problema com a comida, não vão ter problema com isso.

O tempo aqui é muito individual.

Agora podemos pular para os meses finais do primeiro ano até o segundo ano de uma introdução alimentar conflituosa. Uma confusão com seu bebê até aqui?

Respire profundamente até relaxar.

Caso você esteja amamentando em LD é provável que seu bebê já brigue com você, se taque para trás, chore bem e arranque sua roupa para procurar o peito em todo lugar, não só para se alimentar, mas para exercer o vinculo (aposto aqui comigo que não procurou outras formas de vinculos que possam, não substituir essa, mas serem melhores para os dois nesta etapa) e posso até arriscar dizer que vai parecer um drogado em abstinência.

Ah, e vai lá você desabafar no grupo de mães do facebook. Meu Deus! Isto está me cansando… Essa criatura não come, não dorme uma noite, estou cansada! Não quero mais amamentar! Ninguém me apóia na minha escolha.

E ele também está tão cansado quanto…

Afinal, é mamãe-bebê.

Virou uma bola de neve.

As mães vão dizer: ‘Ah, flor, essa gente que não entende!’

Olha, já parou para pensar que a introdução alimentar é o começo do desmame? E se você persistir na livre demanda seria contraditório? Deixemos a livre demanda para os seis primeiros meses.

O que eu posso fazer, então?

Transforme a livre demanda em ‘a vontade’, oras. Ofereça comida mais frequentemente. Observe seu bebê e veja o que ele mais gosta, invista no início nisso. Sim, no começo não ofereça novos alimentos, somente os que gosta e vai abrindo o leque quando você perceber que ele está comendo bem os alimentos. Vale colocar outra pessoa para ofertar os alimentos, pois é bem provavel que com a mamãe-peitos ele não queira nem olhar.

Você não precisa desmamar para fazer seu filho comer. Amamente se possível até os dois anos.

Peito não vicia. Mas a livre-demanda pode se tornar uma droga se não usar com parcimônia. (que treta, hein?)

No primeiro ano, o leite materno é principal, mas ele vai ficando menos principal até o fim.

No segundo ano, leite materno vira complemento. Mas para ele virar complemento, a oferta de leite precisa ser menor do que no primeiro ano e a criança precisa estar numa rotina alimentar já.

Entendeu agora porque o pediatra as vezes se preocupa com o peso do bebê? Não é porque acha que o bebê tem que ganhar x peso todo mês. Ele tem os pesos de todos os meses. Tem a curva. Ele calcula aquela curva, que é totalmente individual de cada criança, embora tenha parâmetros. Mas se ele perceber que algo está errado e te comunica sobre o peso, é melhor você olhar bem como está a frequência de mamadas e alimentação. Fora doenças e posíveis picos e saltos.

Fonte: Ah, você gostaria de saber da onde eu tirei isso tudo? Isso tudo foi uma reflexão das horas nos grupos de facebook, do meu próprio filho e do perrengue que eu passei e de várias conversas com pediatras.

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