Dia 5 — O Superministro
Contexto/ As mudanças no IOF e no Imposto de Renda, anunciadas por Bolsonaro e desmentidas logo em seguida por sua equipe, evidenciam uma divisão interna no governo. Paulo Guedes, o ministro de Economia, discorda do chefe não apenas sobre mudanças nos impostos, como também sobre a reforma da Previdência.
Economista formado pela Escola de Chicago, considerada um dos berços do pensamento liberal, Guedes se aliou à campanha de Bolsonaro com o objetivo de convencer os investidores de que o governo atenderia aos seus interesses econômicos, apesar da carreira política de Bolsonaro até então não se alinhar com os preceitos liberais. Questionado sobre possíveis conflitos com seu futuro ministro, o então candidato afirmou que “não temos um plano B”, e minimizou as diferenças de pensamento.
Porém, quando Bolsonaro anunciou uma redução no Imposto de Renda para altos salários e um aumento no IOF, foi um subordinado de Guedes que desmentiu o presidente. Sobre a reforma da previdência, Guedes defende uma reforma ainda mais dura que a proposta por Temer, enquanto o núcleo político do governo prefere uma reforma menos impopular.
Chamado de “meu Posto Ipiranga” por Bolsonaro durante a campanha, Guedes acumula poderes extraordinários, tendo absorvido as pautas dos antigos ministérios da Fazenda, do Planejamento e da Indústria e Comércio. Internamente, ele disputa o poder com o chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, ex-deputado do DEM responsável pela articulação política do novo governo.
Por enquanto, Onyx nega que existam desencontros entre a equipe, apesar dos anúncios equivocados do presidente: “Não tem ruído algum”.