O que ninguém te fala sobre sentir-se um merda
Todo mundo já sentiu-se meio bosta na vida. Sim, até mesmo o anestésico Augusto Cury. E quer saber? Às vezes, isso não tem nada a ver com experiências ruins.
Não estamos falando apenas de fracassar e não saber lidar com isso, muita gente pode até sentir-se mal mesmo depois de ter tido sucesso em alguma área da sua vida. O portfólio da vida está cheio desses casos.
O sentimento em questão é aquele que parece que por mais que tudo dê certo e algumas coisas andam bem, outras já não fazem mais sentido. Você sabe do que estou falando?
E não sou só eu que sinto isso. Um amigo me contou que estava super motivado e interessado em uma área da sua profissão, foi atrás de um curso específico, comprou livros, estudou, sentiu-se feliz por estar aprendendo algo novo, concluiu o curso super animado, mas quando foi a uma entrevista de emprego, um sujeito considerado muito bom realmente o colocou para baixo dizendo que ele era amador e que não podia aceitá-lo na empresa. Diante do gestor, ele disse que nunca tinha se sentido um bosta assim.
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Teve uma vez que, ainda menino, fiquei de fazer um monólogo em um evento, acabei preparando-me por dias para aquela situação. Tudo estava ensaiado e decorado, mas na hora que subi no palco acabou me dando um branco imenso. Toda aquela expectativa foi para o ralo. Lembro do sentimento ruim, mesmo sabendo que hoje, sou um bom orador por causa daquilo.
Estou falando daquele desânimo profundo, mesmo quando se teve um certo êxito, uma sensação que vai devastando a capacidade de perceber-se competente. Aquilo que costumava fazer com muita facilidade passa a tornar-se sem sentido, e não conseguimos mais ver a razão para realizar esta habilidade, quando vê o problema cresceu dentro de nós.
Recentemente passei por uma outra situação pessoal que me colocou em uma encruzilhada. Aquelas do tipo “se correr o bicho pega, se ficar o bicho come”. Comecei a sentir uma espécie de tristeza absoluta sem motivo, e até por vezes, desproporcional em relação ao ocorrido. Aquele desânimo acentuado me fez perder o prazer nas coisas simples.
O que aprendi com tudo isso é que as pessoas que não parecem estar bem, que são reclamonas, que aparentam nunca estarem felizes com nada, não necessariamente estão presas a uma personalidade, mas podem estar passando por este sentimento. É preciso entender que esta pessoa pode não ser assim, mas estar assim.
O momento que vivemos também não nos autoriza ser gente. Ninguém pode ser apenas um sujeito que não está bem, todos pensam que sentimentos negativos não podem fazer são parte da existência humana. Há uma cobrança para ser feliz o tempo todo.
A verdade é que raiva, ressentimento, tristeza, decepção consigo mesmo ou até mesmo com os outros é perfeitamente normal. Acredito que todo mundo tem que dar-se o luxo de ser humano. Inventaram para a gente que as emoções são para os fracos, mas isso é uma grande bobagem. É preciso viver os danos e os bônus de cada momento.
O que não podemos é permanecer por muito tempo em um ciclo de emoções negativas, porque sinceramente o lugar da vítima é o melhor lugar para estar em determinados contextos, no entanto, perceber este sentimento como transitório é positivo. Não podemos nos deixar levar pela nossa tendência de pensar em nós mesmos o tempo todo.
Bem, depois que as baixas passam, fico pensando: Eu preciso conhecer-me melhor e aprender a mudar a maneira que estou me imaginando, me comportando e entendendo o mundo.
A maturidade não está em fingir que tudo está bem, nem em viver os dramas além das cotas, mas em desistir de um mundo onde tudo sempre está mal ou de uma realidade onde tudo tem sempre que ficar bem.
Acho que esse é um segredo. A vida é uma montanha-russa viciante que podemos aprender a andar. A melhor sensação de adrenalina do mundo pode causar náuseas. É o risco.
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