O que ninguém te conta sobre sentir saudade do que passou

Murillo Leal
Murillo, o Leal.
Published in
3 min readSep 3, 2018

Eu não sei muito bem por qual razão eu tenho me tornado uma pessoa essencialmente nostálgica.

Talvez seja porque atingi aquela idade em que já se viveu uma parcela das sentenças clássicas de estar vivo, mas ainda seja possível cometer a delinquência natural da juventude.

Olho para trás e vejo muita coisa ficando, olho para frente e sei que tem muita coisa vindo. É aquele ponto que é longe demais para voltar atrás e incerto demais para continuar sem medo. A saudade faz isso com a gente.

Recordar é um vício. Lembrar com detalhes de rostos, de conversas, de momentos é um dependência, uma espécie de compulsão adquirida de mentes acostumadas com uma vida guiada pela intensidade.

A saudade é a espécie de punição mais gentil que existe

Não basta lembrar de lugares, mas sim daquilo que sentimos ali. As músicas que dividimos fone com alguém, os filmes que dormimos juntos, os cheiros que lembram o shampoo da avó, as comidas que lembram infância e até palavras que nos trouxeram segurança, todas elas são convites irrecusáveis para recordações de momentos em que tivemos a certeza de que nunca acabariam.

Ao lado disso, existe na memória aquelas incapacidade de esquecer os piores dias da nossa vida. Aquela narração indesejada que não disfarça o monumento memorial de cada tempo da nossa vida. É um lembrete eterno.

Insisto. A memória pode ser uma penitência. Pelo menos para aqueles, que como eu, gostam naturalmente da melancolia. Nostalgias podem ser cruelmente viciantes. O cérebro é um memorando vivo dos acertos e erros.

(Tá gostando do artigo? Aprenda agora como escrever textos engajadores)

Nem toda saudade precisa ser banzo

Algumas lembranças podem não estar associadas ao pesar. Nem só de mágoa é feita a saudade. As lembranças estão nos pequenos suspiro de uma viúva, mas também nos sorrisos colecionáveis do sentimento de “valeu a pena” depois de revisitar uma fotografia.

A saudade é um das feiticeiras mais arrebatadoras. Ela é uma perseguidora incansável. É a causa e a cura de uma enfermidade momentânea. É nitroglicerina pura nas mãos de mentes machucadas.

Nenhuma saudade é delito perfeito

Mesmo que deixe vestígios inalteráveis, o que ninguém fala sobre a saudade é que ela pode mesmo ser um carrasco pronto para te levar para o abate, mas também pode ocupar o lugar da esperança diante de um momento que acostumamos a não esquecer.

O mais difícil da saudade é lidar com o fato de que, na maioria das vezes, ela tem rosto, tem endereço, talvez um nome e até sobrenome. Ela tem seu cheiro peculiar, seu gosto incomparável, seu jeitinho particular.

O que não nos contam é:

A saudade é quando o amado vai embora, mas o amor não.

Gostou do texto? Quer aprender como contar boas histórias? Conheça mais sobre o Curso Completo de Storytelling. Aprenda a usar ferramentas técnicas totalmente práticas e aplicáveis para ter mais resultados reais com seu público, cliente e audiência.

[Se você gostou do texto, dê 50 palminhas e comente para me deixar saber disso]

Site | Linkedin | Facebook | Instagram | Medium | Newsletter

--

--

Murillo, o Leal.
Murillo, o Leal.

Published in Murillo, o Leal.

É sobre ver a vida em forma de crônicas. É sobre aquilo que aprendi ao escrever. É sobre o doloroso ofício de ter a doença jornalística da observação.

Murillo Leal
Murillo Leal

Written by Murillo Leal

#Jornalista e #escritor • TOP VOICE #linkedin 390 mil seguidores • Especialista em #storytelling • Colunista @rockcontent | murilloleal.com.br