Li: 31 Songs
O livro sobre música que eu queria ter escrito
(e um dia talvez escreva mesmo)
Lido em: 04/Nov/2014
Avaliação: ★★★★
Não é de hoje que eu sou fã do Nick Hornby. É verdade que não li absolutamente tudo que ele já escreveu, mas mesmo que ele nunca tivesse publicado nada além do Alta Fidelidade, só isso já seria muito mais do que o suficiente para colocar ele num voo sem escalas para o país fictício onde moram só as minhas pessoas favoritas.
Rob Fleming, o protagonista do Alta Fidelidade, gosta de música de um jeito que seria impossível de escrever se o autor não fosse exatamente do mesmo jeito. Do mesmo jeito que eu também sou. A identificação foi instantânea.
O que acontece quando esse cara escreve um livro inteiro só para falar da relação altamente pessoal que ele tem com 31 das suas músicas favoritas? O que acontece é que eu leio, e quando leio nem parece que eu estou lendo — parece que eu estou conversando uma alma gêmea musical. Só que eu deixo ele falar e fico quieto, ouvindo.
Não vou dizer que o livro é perfeito. Cada capítulo é sobre uma música, sim, mas na verdade é sobre alguma outra coisa importante para o autor e que às vezes nem é tão diretamente conectada com a música em si, mas sim com algum momento ou circunstância da vida dele, ou alguma visão de mundo. Por isso, assim como eu não consegui, acho difícil alguém ler do começo ao fim com a mesma empolgação ou interesse — seria impossível se conectar com todas essas coisas igualmente. O lance é que, nos capítulos em que o livro me pegou, ele me pegou de jeito. Algumas vezes consegui absorver diretamente o sentimento que ele descrevia; em outras, relacionei com conexões similares que já tive com minhas músicas favoritas; mas sempre foi um passeio mental interessante.
Por esses motivos, recomendo e não recomendo 31 Songs em igual medida, para pessoas diferentes. Se eu te perguntar quais são as três ou quatro ou cinco músicas com as quais você tem uma conexão especial, e você não apenas tiver uma resposta mais ou menos pronta, como também for capaz de conversar a respeito de por que você se sente tão próximo dessas três ou quatro ou cinco músicas, leia assim que possível. Se não, talvez você ache o livro bem chato (considere, nesse caso, que eu dei três estrelas, não quatro).
Na pior das hipóteses — se for atrás — você vai conhecer 31 músicas diferentes.
