Anjos do Sol : Abuso da inocência

Sarah Cordeiro
O Sétimo Blog
Published in
3 min readMay 6, 2017

“Não parece, mas ela só tem doze anos”

A exploração sexual Infantil e a comercialização sexual é um tema que não costuma frequentar as salas dos cinema. Porém, ele está no centro do drama relatado no filme Anjos do Sol, dirigido pelo diretor gaúcho Rudi Langemann, no Rio de janeiro em 2006.

O conteúdo abordado no filme traz uma análise crítica e perturbadora, abrangendo cenas fortes que incomodam o olhar do telespectador: o analfabetismo, o tráfico de pessoas, a pedofilia e a exploração sexual. A principal ideia é mostrar claramente como a violência sexual tem tomado cada vez mais importância no campo social e psicológico, mostrando a realidade de milhares de crianças e adolescentes que estão a mercê do mercado sexual.

O analfabetismo é bem característico no decorrer das cenas. Por falta de conhecimento e orientação, muitas dessas crianças, principalmente meninas, são afastadas das escolas para começar a trabalhar muito cedo e, com isso, a ingenuidade dos pais leva-os a acreditar que elas poderão ter uma oportunidade na vida. Muitas delas não chegam a conhecer letras e números, ficando vulneráveis com uma dívida financeira inexistente que muitos donos e cafetões ou casas de prostituição impõem psicologicamente sobre elas.

As mídias tradicionais não consumam dar ênfase em assuntos como exploração sexual infantil e tráfico de pessoas. De maneira informativa, o filme mostra claramente como são as negociações e atividades do mercado sexual, como ocorre a venda de meninas virgens menores de idade e o interesse de homens com alto poder executivo em ter relação com elas.

A violência sexual esteve sempre presente na história da humanidade e suas ações não interferem somente nas classes mais abastadas, ela se manifesta em todas as classes socioeconômicas.

Apesar do conteúdo do filme mostrar somente o tráfico sexual de crianças, a realidade está muito mais profunda. Recentemente vimos em uma minissérie de televisão o chamado Book Rosa, no qual modelos belíssimas muitas vezes são submetidas a uma prostituição de luxo, se tornando escravas sexuais para muitos executivos.

Em alguns países do continente africano a prática de exploração sexual é menos ofensiva. Para a população desses países, é comum homens ter relação com meninas de idade abaixo dos 13 anos. Acreditam que é uma questão cultural. Algumas ONG’s têm interferido na relação sociocultural desses países, com o intuito de levar informação e ajudar muitas dessas crianças e mulheres subordinadas a uma cultura extremamente abusiva.

Há um questionamento de conscientização quanto à exploração sexual comercial e à prostituição, juntamente com a exploração infanto-juvenil. ONG’s tanto no Brasil e no mundo expõem a necessidade de buscar conscientização para o fenômeno da exploração sexual.

O interessante é que o filme foi baseado em fatos reais, trazendo os acontecimentos para a ficção cinematográfica e, a partir de então, interfere na realidade. Com o objetivo de trazer informação sobre assuntos não muito discutidos, a orientação é conscientizar a sociedade, sendo esta uma forma de se impor e manifestar contra práticas que atingem os direitos da criança e do adolescente.

Essa é uma das formas de se manifestar: trazer a informação além do entretenimento.

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