Professora Beth

Felipe Drummond
O Ser Nostálgico
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13 min readMar 30, 2020

Eu era uma criança um pouco estranha. Diferente das outras crianças da mesma bolha socioeconômica que um dia estranhamente já me fez sentir um desvalido só porque eu nunca fui para a Disney, eu simplesmente não via filmes da Disney. Eu ignorava o universo Disney. Eu não ouvia músicas da época. Descobri Michael Jackson velho. Minha mãe não falava inglês. Meu pai não falava inglês. Nenhum dos dois é aficcionado por música. Ninguém perto de mim tinha qualquer quê de pessoa viajada ou internacional que me fizesse ouvir ou querer falar coisas em inglês. Ninguém perto de mim viajava para o exterior ou me trazia presentes que pudessem ter escritos em inglês. Barney… hein? Ninguém perto de mim ouvia Beatles. Ninguém perto de mim me conectava a qualquer referência cultural próxima às que eu tenho hoje. E eu gostava do Getúlio Vargas.

Via desenhos japoneses, alguns com temas policiais, e me debulhava no universo de livros velhos deixados pela minha mãe e pelo meu tio na biblioteca quase-centenária de meu avô, que até hoje apodrece no quarto onde cresci, sobre a cama onde dormi por longos 27 anos. Havia desde livros jurídicos da década de 30 até diversas coleções de livros clássicos e coletâneas de história do Brasil (daí o viés pelo Getúlio Vargas), na época em que as coisas eram compradas nas bancas, em fascículos (alguém de 20 anos já ouviu falar essa palavra?). Dessas coletâneas, eu gostava de ler “O Mundo da Criança”, que era uma coletânea de livros temáticos explicando o mundo em seus aspectos naturais e culturais, às vezes sob uma ótica que desde ali já me soava defasada. Li um pouco do mundo sob a mesma lente que minha mãe e meu tio também o apreenderam por palavras, se é que o leram (os livros estavam intactos). Em suma, gostava de ler coisa velha entulhada em casa. Gostava de ir a museu, especialmente ao Forte de Copacabana e ao Palácio do Catete. Gostava de Copacabana, do seu ar de antiquário e do ar de seus antiquários.

Fique à vontade para dizer desde já que eu era uma criança desde então estranha na relação com o passado. Eu não sou o “ser nostálgico” à toa e nem por movimento recente : a diferença é que hoje eu tenho meus próprios passados para contar.

Pois bem. Mesmo antes de me alfabetizar, recebi na pré-escola alguma iniciação no idioma inglês. Acho que envolvia contar, saber algumas letras, recitar algumas musiquinhas idiotas para cantar em algum tipo de exibição para os pais, em horário comercial, a que meu pai provavelmente não compareceria. A escolinha em que eu estudava também recebia anualmente alguma equipe de filmagem para fazer uma fita de vídeo das criancinhas. Minha mãe nunca quis comprar, porque não tínhamos VHS. (Soubesse ela o quanto problemático com velharias o filho ficaria, decerto teria comprado uma fita e conservado em ambiente controlado uma réplica, convertido em DVD e, posteriormente, ainda alocado na nuvem.) Sei que ainda pequeno, mas não tão pequeno, vi uma dessas fitas na casa de um amigo e achei muito legal. Havia uma pequeno recital de música em língua inglesa. Um dia ainda conseguirei ver novamente, eis que com muitos amiguinhos de pré-escola até hoje mantenho mero contato ou real amizade: alguma mãe deve ter guardado essas fitas.

Por volta de 1995/1996, inglês e informática eram, com atraso,coisas do futuro (!) e tê-las na pré-escola era, salvo melhor juízo, uma atividade opcional e paga à parte. Obrigado a pai e mãe por terem escolhido me oferecer essa pequena iniciação. Eu sabia contar até dez em inglês. Sabia algumas palavras e algumas frases, como “girl”, “boy”, “pink” “blue” e “I love you”.

Alfabetizei-me na língua de Camões e o inglês ainda não havia batido direito à minha porta, mas eu havia ganhado um computador. Curioso que era, fuçava ao limite. O Windows estava em português, mas os joguinhos eram em inglês: o Alladin era em inglês. O MS-DOS estava em inglês. A BIOS era em inglês. Não entendia nada, mas isso não me frustrava muito: apreender o mundo em português já era coisa demais àquele momento.

Em 1997, fui para o Colégio Santo Agostinho, que responde por metade das minhas melhores influências culturais e intelectuais. A outra metade credito à internet. No colégio, não se lecionava inglês até a 5ª série do Ensino Fundamental, believe me or not (hoje, o colégio é bilingue), fato que validamente fez meus pais me matricularem na Cultura Inglesa. A Cultura Inglesa, que até então tinha o nome de SOCIEDADE BRASILEIRA DE CULTURA INGLESA como razão social, sendo a sigla SBCI carimbada nos livros da biblioteca, mantinha em funcionamento um prédio de 10 andares literalmente ao lado da minha casa, na Rua Raul Pompeia.

Você que foi usuário da Cultura Inglesa deve estar imaginando um mundo de tecnologia, inovação e descolamento. Porém, em 1997, a Cultura Inglesa era bem representada por aquele prédio gigante, em que eu estudava duas vezes por semana numa sala de aula normal, com quadro de giz. Estava na turma iniciante e usávamos um livro chamado FANFARE. A professora era Daniela, se não me falha a memória. Ou era Fabiane? Não sei — e odeio não lembrar. Melhorando meu inglês aos poucos, ali também fui iniciado ao conceito de “CLIP-TIME”: basicamente, era uma fita VHS que chegava bimestralmente para ser apresentada em sala de aula contendo videoclipes em língua inglesa das músicas do momento, com um folder contendo as letras para que pudéssemos acompanhar. Em 1997, o must era MM-Bop do Hanson e disso me lembro vivamente.

Fiquei um ano naquele prédio gigante, que ao fim de 1997 foi vendido para virar uma universidade. Minha Cultura Inglesa, que era sede, então gigante, foi relegada à condição de unidade de meros dois andares de um edifício (acho que comercial) na rua Francisco Sá, no que ficou conhecida como filial “COPA 2”. No mesmo ano, o curso fez um investimento massivo em tecnologia: toda sala de aula passou a ter computador com uma televisão 29” de tela, teclado e mouse sem fio. Era o tal do “Multimedia Cl@ss”. Época em que substituir “a” por “@” era usado não para prestigiar a diversidade de gêneros, mas para dar um ar de modernidade internet à palavra.

Eu continuava não gostando muito de inglês. Era estranho. Palavras muito estranhas, um jeito de falar muito estranho, muita dificuldade de associar aquela coisa toda com a minha língua-mãe. Depois, fui entender qual era o problema: não era um idioma latino.

Havia uma estranheza entre mim e a língua, embora eu gostasse do curso. Eu ainda gostava muito mais de ler português, de falar corretamente o português, de melhorar meu vocabulário em português. Com o senso de obrigação que possa parecer provável a uma criança de 8/9 anos, inglês soava como mera obrigação.

Tudo mudou quando virei aluno da Professora Beth.

Professora Beth. Agora sim.

Tem pessoas que são divisoras de águas em nossas vidas, seja para temas estruturantes, seja para temas banais. E tem gente que nem imagina o quanto poderosos esses contatos interpessoais possam ser.

Fui aluno da Professora Beth em 1998 ou 1999 até 2000. Devo a mim mesmo a imprecisão de datas. Detesto ser impreciso para lembrar.

De cara, eu não gostei muito dela, porque ela não era aquela pessoa meiguinha que se costuma colocar para dar aula para crianças. Ela não tinha um jeito maternal, não tinha vozinha fina para falar com criança, não tinha truques de entretenimento.

Ela já era mais senhora, acho que nos seus quase sessenta anos, tinha cabelos começando a ficar grisalhos e um certo jeito diferente das senhoras cariocas: era um tanto introvertida, recôndita, até um pouco estranha.

Eu tinha um pouco de medo dela. Acho que todos tínhamos, simplesmente porque ela não era aquela professora “fofa”. Era rigorosa, firme e, ao mesmo tempo, preocupada. De alguma forma, percebi que lembrava a minha avó. E por acaso também percebi que ela era judia, assim como minha avó, num tempo em que eu não entendia direito o que era ser judeu, porque minha vó fazia questão de não (se) explicar. Eis que num dia de setembro ou outubro minha avó fez seu jejum anual. No mesmo dia, eu fui à aula e outra pessoa deu a aula no lugar dela, explicando a ausência da Professora Beth por conta de uma festividade religiosa que exigia fazer jejum. Voilà!

A assimetria geracional para assuntos de tecnologia que apartava uma criança geek de 10 anos de uma senhora crescida longe do mundo digital era também o que, de alguma forma, nos unia.

Sou suporte técnico de informática desde tenra idade para família, amigos. Tento ser Defensor Público, mas o que mais consigo é fazer a internet das pessoas funcionar ou deixar a rede WiFi calibrada.

Professora Beth se valia de meus préstimos informáticos para usar o tal do MultimediaCl@ss. Eu a ajudava com as pequenas e grandes encrencas eletrônicas, ajudava a passar os slides, ajudava a fazer o teclado sem fio funcionar, a reiniciar o computador nos maus momentos, a instalar arquivos de um lado para outro, a carregar o CD com o tal do Cliptime.

Provável que ela detestasse as músicas do Cliptime da época. Não era sua escolha exibir os clipes. Verdade que quase todas as músicas do Cliptime praticamente me passaram em branco e minha mais vívida memória musical desse momento Cultura Inglesa não tem a ver com o Cliptime.

Foi Beth quem me apresentou pela primeira vez Frank Sinatra. E na voz dela! Era popular na época um programa de karaokê, chamado CANTE!. Acho que na aula fizemos alguma atividade de canto em inglês, não lembro. Lembro-me, vivamente, de ela colocando Frank Sinatra e cantar duas músicas: New York, New York e My Way. Não consigo até hoje ouvir nenhum desses dois clássicos sem lembrar dela.

Ela também exibiu em sua aula o filme Mulan. Em VHS. Odiava aulas com filme. Faltei a primeira e vi a segunda. Deve ter sido um dos primeiros filmes da Disney que eu vi.

Professora Beth tinha um sistema de sanções e recompensas entre os alunos chamado de green balls. Basicamente, ela anotava uma bolinha verde ao lado do seu nome como uma congratulação por um trabalho bem feito, pelo engajamento na aula ou por algum progresso no aprendizado e, a cada três ou quatro green balls, uma recompensa era dada: acho que era um chocolate Sonho de Valsa. Mau comportamento, desídia com o dever de casa, etc, importavam perda de green balls. Era sua pedagogia… talvez hoje algum pai reclamasse.

Não vou ter vergonha de admitir que eu era vidrado em ganhar green balls. Aquilo me validava e me estimulava de uma forma que nem dinheiro hoje é capaz de o fazer. Era uma criança insegura, porém inteligente, um pouco estranha. Validar-me academicamente costumou ser um móvel importante do meu sistema de autoestima e autoconfiança.

Beth ensinava maravilhosamente. Explicava bem. Explicava com classe. Tinha boas referências culturais no que dizia. E eu e ela tivemos alguma conexão. Eu acho que eu era o aluno favorito dela daquela turma. Confesso, em que pese ridículo seja disso me jactar duas décadas após.

Inicialmente por green balls e, depois, pelo prazer de aprender, finalmente engajei em desenvolver o inglês. Fiz um progresso imenso nos anos em que estudei com Beth. Toda semana, pegava um livro da biblioteca e lia em inglês. A biblioteca de Copa 2 herdara um acervo grande da antiga sede. Livros antigos, em sua maioria, quase todos da editora Penguin, da coleção de literatura jovem. Eu já me achava meio adolescente.

Resumia os livros. Estudava gramática. Praticava ouvir, praticava falar. Começar a ter o prazer de “abrir a porta” de um novo conhecimento, de saber e de conseguir andar com as próprias pernas na descoberta de uma nova valência. O curso de inglês deixara de ser uma atividade protocolar, para ser um momento esperado da minha semana.

Desafiei-me a ler o manual do Flight Simulator em inglês. Comprei um dicionário de bolso português-inglês, de capa laranja, que me acompanhava para lá e para cá. Desafiei-me a conversar com os gringos que porventura estavam de barco a passeio pelo Brasil no Iate Clube. E também falei com a gringalhada nos chats virtuais de um idílico bate-papo tridimensional chamado Active Worlds, que um dia merecerá texto próprio.

No final dos dois ou três semestres em que fui seu aluno, eu estava oficialmente estava falando inglês com alguma desenvoltura. Beth era a culpada.

Ao final daquele ano, recebemos a notícia de que Copa 2 iria fechar e teríamos que ser remanejados a outras filiais para continuar os estudos. Não lembro de como deixei de ser aluno de Beth, não lembro de como foi nossa última aula, sinto que não houve um desfecho.

Um belo dia e eu não era mais aluno de Beth. Naquela leva de reorganização corporativa, acho que Beth foi desligada da Cultura Inglesa. Não sei o que ela foi fazer. Minha mãe às vezes a encontrava no Supermercado Zona Sul subterrâneo bizarro que jaz sob a rua Francisco Sá. Eu parei de ir ao mercado com minha mãe.

Nunca mais nos vimos.

No ano seguinte, eu fui estudar na filial Leblon, em frente ao meu colégio. Tive alguns professores ruins e outros tanto ótimos. Nenhum foi motivador como Professora Beth. Talvez eu também já não fosse assim tão motivável. Minha virada de chave ao assunto talvez já houvesse sido dada. E também era ruim estudar inglês em seguida ao cansaço das aulas. E também era ruim ter os colegas da escola também no curso de inglês: a coisa ficava muito zoneada, embora esse tenha sido um bom jeito de conhecer pessoas de outras turmas e outras séries as quais eu jamais conheceria num colégio de rígida separação de turmas por ordem alfabética.

Fato é que, em algum momento, fazer Cultura Inglesa virou protocolar e eu passei a preferir a Aliança Francesa, onde tive uma equivalente da Professora Beth em todos os bons predicados que dela acima relatei: a Professora Tereza, a quem esse texto também serve homenagear.

Senti muita falta da Beth — e por muito tempo. Pouco fez aplacar.

Quando eu digo muito tempo, é muito tempo. As coisas me doem torto, me doem errado. Não prometi não ser estranho.

Mesmo quando “sentir falta” vira apenas a boa lembrança da pequena revolução que uma pessoa inspiradora pode causar em nossas vidas, a lembrança pode ali ficar latente, à espreita, pronta para, em algum momento, revelar o quanto dessa pessoa carregamos conosco, sabendo ou não.

Lembro de Beth quando fico feliz de ler um livro inteiro em inglês, quando ouço My Way, quando lembro do ano 2000, até quando penso no Yom Kippur, que ela me fez ter consciência de existir como vivência religiosa de uma comunidade para além do que poderia ser algo exclusivamente da minha avó.

Lembrei de Beth por muitas vezes nessas duas décadas que apartam o Felipe de 10 anos do Felipe de 30 anos. Quis contar coisas a Beth. Quis saber de Beth. Quis ver Beth. Quis agradecer a Beth. Quis contar alguma anedota para Beth sobre nosso tempo de aula, alguma boa lembrança.

E nada soube, vi, agradeci ou contei.

Por muitas vezes, quando passava pela rua Francisco Sá, ficava torcendo para encontrar Beth. Foi assim por muito tempo. Sem êxito.

Mais recentemente, nos últimos cinco anos, tive certeza que eu gostaria muito de encontrá-la e agradecer. Perguntava se minha mãe a tinha visto por aí: ela nunca mais a vira. Tentei procurá-la nas redes sociais, também sem sucesso. Listas telefônicas não mais existem. Googlei, e o Google acusou traços de sua existência recente. Provável que viva ela ainda estivesse.

Mudei-me para o Rio Grande do Sul em 2017. Vou pouco ao Rio de Janeiro. Quando vou, não ando a pé pela cidade. Quando ando a pé, não é em Copacabana.

Em fevereiro desse ano — era um sábado de manhã — fui fazer exame de sangue num laboratório no Arpoador com minha mãe. Não sei por que, escolhemos voltar a pé pela Rua Raul Pompeia, pela calçada direita. Chegando na Rua Francisco Sá, viramos à direita, no sentido da praia de Copacabana. Nem lembro o que íamos fazer, talvez comprar água.

Arrastando um carrinho de compras, vinha no outro sentido uma senhora, pequena, franzina e com cabelos brancos. Vou analisar.

Olhei em seus olhos e não era a Professora Beth. Era só mais uma idosa em Copacabana. Pensei: “puts, podia ser a Professora Beth”. Lamentei por um segundo, até que minha mãe falou: “Felipe, aquela não é a sua professora de inglês?”

Não, não era. Mas minha mãe insistiu. E eu quis acreditar que fosse, mas não acreditei. Segui andando. Minha mãe repetiu “mas é sim!”. E aí olhei pra trás. A suposta Professora Beth já havia atravessado a Rua Raul Pompeia para o outro lado e subia a rua com seu carrinho.

Jamais teria coragem de ir lá perguntar: oi, a senhora é a Professora Beth? O constrangimento de não ser me mataria de vergonha e de frustração. A sorte é que eu estava com minha mãe, que para essas coisas é bem desinibida. E ela atravessou a rua. E lá foi perguntar à tal senhora. Olhei de longe a abordagem. De repente, elas sorriam uma à outra.

Depois de vinte anos procurando, minha mãe encontrou a Professora Beth ali, tão perto de onde sempre moramos. Eu, surpreso, só perguntei: “oi, a senhora lembra de mim?”.

Ela não lembrava: vinte anos depois, alguns muitos quilos mais gordo, com a cara mais encorpada, de barba. Mas ela se lembrava de minha mãe. Falei meu nome, ela começou a lembrar — ou fingir. “Mas são muitos ex-alunos.

Não tinha um discurso ensaiado para agradecer. Na verdade, fiquei até sem palavras. Agradeci como pude, dizendo que ela me fez gostar de verdade de uma coisa que me é importante. Me fez gostar de aprender. E que ela foi a melhor professora de inglês que tive. Não foi nem um por cento do que eu sempre quis dizer. E também não quis parecer louco — pois é!

Disse que tinha tentando procurá-la na internet. Ela disse não ter redes sociais. Disse não gostar de internet. Disse que a Cultura Inglesa mudara muito desde sua saída. Tudo mudou, Beth. Falei de lembrar de cantarmos Frank Sinatra no karaokê e ela riu. Parecia agradecida pelo meu carinho, mas também se mostrava tímida.

O encontro fortuito revelava nítida assimetria de relevância. Ela via mais um ex-aluno, do qual sequer lembrava direito. Eu, não! Eu via a Professora Beth, vinte anos depois! Desconcertado, desprevenido, esse que vos escreve, como um idiota, resolveu pedir uma selfie. É quase um piloto automático para não deixar um momento especial passar.

Professora Beth recusou e disse que não estava arrumada. Respondi que não importava, que eu queria aquele registro para lembrança pessoal de uma pessoa importante, a chamada foto para consumo pessoal. De modo gentil, ela novamente declinou. Estava sem batom. “Deixa de ser chato!”, disse minha mãe. Resignei-me a um abraço, que ela deu com carinho.

Sem saber o que ali dizer, mas sabendo que teria muito o que dizer, disse que ia escrever sobre esse reencontro. Em sua homenagem, professora Beth, aqui ele está. E thank you very much. Por tudo. E para sempre.

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