Chá de pitanga.

Tentativas três

Fotografia autoral.

Amador da escrita
Deixei pingar chá de pitanga
Na folha de papel
Não deixam tinta
Somente uma mancha
Escura como existência nossa

Sulcos do meu cérebro
Um dia hão de secar
Simples mistério
Por isso prefiro chá

Tem uma folha
Não de papel
No fundo do chá
Não do chá
No fundo da xícara
Pois não tem chá
Fundo baixo nem cima

Agora esfriou-se
Pouco que restava
Faz jus a morte na foice
Até a folha do pé arrancada
Agora viva em meu corpo
Vivo
Organismo oco

Foi-se na gente minha
Resta somente lembrança
Turva como uma mancha
Do gosto claro e cheiro quente
Daquele chá de pitanga

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