EconoDia | Abecedário de Economias: Letras A a D

Lilian Kingston Freitas
O Veterano
Published in
4 min readNov 10, 2021
Foto do Unspash

A identificação de um profissional como “economista” é tão vaga quanto a classificação de “médico”. O dia a dia de um anestesista consiste de uma rotina extremamente diferente da de um neurologista, as atividades de um pediatra diferem em muito das de um psiquiatra, as especialidades de oftalmologistas e dermatologistas são totalmente distintas, e assim em diante. De forma análoga, a rotina de um economista do mercado financeiro compreende um dia a dia bastante diferente da de um historiador econômico, os afazeres de um economista político distinguem-se em muito dos de um econometrista, as áreas de especialidade de economistas ambientais e comportamentais apresentam nítida distinção, bem como as demais áreas de saber da Economia.

É tão abrangente o leque de estudos das ciências econômicas que nem os próprios economistas têm familiaridade com todas as ramificações da disciplina. Tendo isso em vista, este e o seguinte artigo da série EconoDia – publicada semanalmente na página d’O Veterano – visam incrementar o conhecimento que estudantes de Economia detém sobre os conteúdos sob alcance das ciências econômicas.

No intuito de divulgar um compilado dos mais conhecidos campos de estudo da Economia, o FED – entidade que, nos Estados Unidos, realiza função análoga ao Banco Central no Brasil – publicou um panfleto, com os mais comuns temas de análise das ciências econômicas. Bem como a revista The Economist, o FED criou, com esse documento, um pequeno dicionário de assuntos econômicos.

Sigamos, então, os exemplos britânico e estadunidense, ordenando esse artigo alfabeticamente. Nesta seção inicial, apresentaremos a introdução de algumas “Economias”: Economia Agrícola, Economia Ambiental, Economia Comportamental, Economia do Direito e Economia do Desenvolvimento. Na publicação seguinte, daremos continuidade às apresentações com outras ramificações das ciências econômicas: Econometria, Economia da Educação, Economia Empresarial, Finanças e Finanças Internacionais.

A primeira área das ciências econômicas a ser apresentada é a Economia Agrícola. Economistas dessa área de investigação analisam as possibilidades de aplicação da teoria econômica na otimização da produção agrícola e de sistemas de agronegócios. Além disso, pesquisas da Economia Agrícola influenciam a política alimentar, a política agrícola e a política ambiental.

A análise de políticas ambientais, mais especificamente, está compreendida em um outro ramo: a Economia Ambiental. Economistas dessa área desdobram-se sobre a investigação dos impactos da atividade econômica no meio ambiente, concentrados no valor monetário dos ecossistemas e nos custos e benefícios das políticas ambientais. Nota-se que a poluição do ar, a qualidade da água, a toxicidade de substâncias, o descarte de resíduos e o aquecimento global são algumas das questões mais recorrentes na Economia Ambiental. Com a ascensão do ativismo ambiental, estas pautas estão tornando-se cada vez mais populares, impulsionando o desenvolvimento desta área particular das ciências econômicas.

Bem como a Economia Ambiental, a Economia Comportamental consiste de uma ramificação bastante recente das ciências econômicas. Tanto a primeira quanto a segunda têm nascimento datado em meados do século passado. Os primeiros dois séculos de transcorridos desde a estruturação da Economia como uma ciência própria foram marcados pela ênfase na racionalidade do homem, no papel de agente econômico. A Economia Comportamental incorpora o estudo dos efeitos de fatores psicológicos sobre as ações da humanidade, no intuito de entender a incompatibilidade de comportamentos apresentados por integrantes do mercado com o modelo comportamental da teoria econômica tradicional.

Desde os primórdios da edificação da Economia como uma ciência própria, estudiosos da área debruçam-se sobre as origens da prosperidade de países e sobre a relação entre a repleção dos cofres nacionais com a qualidade de vida da população. Atualmente, a ramificação que investiga o porquê de certos países serem mais prósperos que outros, com foco particular nos menos desenvolvidos, é a Economia do Desenvolvimento. A eficácia de políticas desenvolvimentistas depende significativamente dos estudos de economistas desta área.

O conhecimento de cientistas econômicos dialoga com o de profissionais do sistema jurídico no processo de elaboração de políticas do Estado. Embora a redação da legislação de um país constitua um encargo particular de juristas e políticos, a confecção do aparato institucional frequentemente requer a participação de economistas. Em particular, a área de Direito e. Economia, também conhecida como Análise Econômica do Direito, investiga a correlação entre ações econômicas individuais e instituições definidas pelo sistema jurídico. O estudo dessa relação é de suma importância para compreender de que maneira a legislação de um Estado influi na atividade econômica da nação, como um todo, e de indivíduos particulares.

Muitas áreas da Economia têm essa dupla lente de investigação: sobre o país e sobre o indivíduo, macro e micro. Por analogia, a análise microeconômica está para a Economia como a observação microscópica está para a Medicina. Tal como alguns ramos das ciências médicas empregam o microscópio mais do que outros, assim também as diferentes áreas das ciências econômicas apresentam elementos de Microeconomia e Macroeconomia em proporções variadas entre si.

No abecedário de áreas de estudo da Economia que está sendo construído neste artigo, as perspectivas microeconômica e macroeconômica têm aparecido – e continuarão aparecendo – com bastante frequência. Independente do foco de estudo do economista, a capacidade de analisar uma situação minuciosamente e, também, à distância consiste de uma habilidade tremendamente valiosa no âmbito profissional. Na continuação do “dicionário de Economias”, no artigo seguinte da EconoDia, tanto a perspectiva macro quanto a micro estarão presentes, dentre as especialidades das ciências econômicas ainda a serem apresentadas.

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