Alta no petróleo. E agora, Bolsonaro?

Bianka Chácara
4 min readJun 1, 2022

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Imagem disponível em: https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Posto_de_combust%C3%ADvel_Petrobr%C3%A1s.JPG

Com o barril de petróleo ficando mais caro e com, consequentemente, o aumento nos preços da gasolina e do gás de cozinha, — algo que atinge seriamente o bolso das famílias brasileiras nesse período de crise — é nítido que o presidente do nosso país não poderia ficar calado sobre o assunto. Ainda mais sendo um ano de eleição. Atacar à Petrobras, mudar a presidência da estatal e demonstrar intenção de impor um congelamento de preços nos bens produzidos por ela foram as ações tomadas por Jair Bolsonaro para demonstrar que está fazendo alguma coisa em relação ao problema. Exatamente como um suposto bom presidente deve fazer.

Em um ano eleitoral, isto é, repleto de preocupações populares que levam os sentimentos à flor da pele, é óbvio que o presidente fará o possível para se reeleger e inclusive agradar seus eleitores caminhoneiros com preços mais em conta nos postos. O que ele menos quer é uma outra greve dos caminhoneiros arruinando tudo antes das eleições. Enquanto a propaganda que exibe sua competência e eficácia for seu principal meio de conseguir se reeleger, tentar adiar os problemas relacionados a combustível e suas consequências socioeconômicas através de soluções rápidas e mal planejadas será o máximo de competência e eficácia que os brasileiros verão de seu presidente.

Acontece que, pouco tempo após Bolsonaro deixar claro o seu posicionamento, a estatal rebateu o presidente, afirmando o quão equivocada seria sua decisão. Caso os preços sejam congelados — o que deixaria os valores da gasolina e do gás de cozinha abaixo dos esperados pela política de preços utilizada na empresa — não só ocorreria um desabastecimento de diesel nos postos durante o terceiro trimestre do ano, como também possibilitaria um futuro aumento do valor da gasolina graças a uma menor oferta de combustível.

Recuperar-se da crise financeira em que o governo Dilma colocou-a já é uma luta diária da estatal. E voltar ao mesmo patamar de que vem tentando sair não parece ser uma boa opção para a Petrobras. Com o congelamento dos preços em 2016, ela acumulou 100 bilhões de reais em dívida líquida e teve que se virar para sair do buraco no qual foi jogada.

Também não podemos esquecer que a petroleira não é a única prejudicada com o congelamento de preços. O setor sucroalcooleiro, base da produção de etanol, também perdeu muito durante o governo Dilma, tanto pela política de preços da gasolina e pela diminuição da competitividade entre os bens energéticos quanto por fatores climáticos e financeiros.

Além disso, para mostrar sua utilidade e eficiência, contrariando as falas de Bolsonaro durante seu mandato, o Conselho de Administração da Petrobras já planejou várias soluções que poderiam ser implementadas pelo governo a fim de impactar menos negativamente o país nesse período de crises.

Assim, para não ser prejudicada como foi no governo Dilma e para não afetar o bolso dos brasileiros, a Petrobras sugere ao Estado brasileiro não só direcionar dinheiro diretamente para os mais afetados pela alta nos preços, mas também inspirar-se em medidas tomadas por outros países, como incentivar que os contratos de frete não onerem o caminhoneiro com o custo do combustível e reduzir os impostos cobrados sobre energia. De acordo com a estatal, encontrar outros meios que não influenciam a política de preços diretamente serão menos custosos à empresa e a todos os brasileiros que dependem desses bens de consumo do que a outra alternativa.

Apesar de Bolsonaro parecer reprovar a suposta falta de controle sobre a Petrobras, ele admitiu que o desabastecimento é pior do que a inflação, mas ainda não afirmou qual será a ação tomada diante desse problema.

Fontes:

https://valor.globo.com/empresas/noticia/2021/09/28/petrobras-x-bolsonaro-o-que-esta-por-tras-do-embate-entre-a-petroleira-e-o-presidente.ghtml

https://www.poder360.com.br/brasil/governo-se-acha-o-dono-da-petrobras-diz-castello-branco/

https://epbr.com.br/que-poder-de-fato-bolsonaro-tem-para-mudar-precos-da-petrobras/

https://g1.globo.com/economia/blog/ana-flor/post/2022/05/25/em-derrota-para-bolsonaro-conselho-da-petrobras-desacelera-troca-do-comando-da-estatal.ghtml

https://www.correiobraziliense.com.br/economia/2022/05/5010763-petrobras-vende-refinaria-lubnor-no-ceara-por-55-do-valor.html

https://www.brasil247.com/economia/em-documento-ao-governo-bolsonaro-petrobras-formaliza-alerta-sobre-risco-de-desabastecimento-de-diesel

https://www.infomoney.com.br/mercados/lira-diz-que-governo-pode-vender-acoes-para-deixar-de-ser-majoritario-na-petrobras-petr3petr4/

https://www.cnnbrasil.com.br/business/petrobras-alertou-governo-sobre-responsabilizacao-legal-por-interferencia/

https://g1.globo.com/economia/blog/ana-flor/post/2022/05/27/conselho-da-petrobras-discutiu-escassez-de-diesel-e-sugeriu-plano-de-racionamento-ao-governo.ghtml

https://g1.globo.com/politica/noticia/2022/05/27/ou-a-gente-privatiza-essa-empresa-ou-toma-medidas-mais-duras-diz-lira-sobre-petrobras.ghtml

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-44302137

https://g1.globo.com/economia/noticia/2022/05/27/precos-da-gasolina-e-do-diesel-recuam-nos-postos-nesta-semana-diz-anp.ghtml

https://g1.globo.com/jornal-da-globo/noticia/2014/07/setor-sucroalcooleiro-enfrenta-uma-das-maiores-crises-da-historia.html

https://exame.com/exame-in/petrobras-politica-de-preco-da-era-dilma-custou-r-100-bi-mais-que-toda-lava-jato/

https://noticias.uol.com.br/confere/ultimas-noticias/2022/03/23/bolsonaro-preco-combustiveis-refinarias.htm

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Bianka Chácara

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