As Vacinas do Brasil

Entenda a tecnologia e os efeitos das diferentes vacinas em aplicação no Brasil

Renan Magalhaes
O Veterano
4 min readAug 11, 2021

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Fonte: Pixabay

A pandemia do coronavírus tem sido trágica, resultando em muitas perdas para todas as pessoas em algum nível, seja de emprego, de saúde física e/ou mental ou, pior ainda, da própria vida. Depois de um ano e meio de sofrimento, podemos, devido à ciência e à vacina, vislumbrar um futuro próximo, sem a necessidade do uso constante de máscaras e álcool gel.

Um esforço mundial nunca antes visto na história foi empregado para esse fim, o que resultou na criação de distintas vacinas com técnicas e efeitos diferentes em uso. No Brasil, estamos empregando quatro vacinas distintas: a Coronavac, a Astrazeneca, a Pfizer e a Janssen.

Coronavac

A primeira vacina a ser aplicada em solo brasileiro é a Coronavac, desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac em associação ao Instituto Butantan de São Paulo, a qual utiliza a tecnologia mais antiga de imunização: o uso do vírus inativado. Este método baseia-se em cultivar o vírus para multiplicá-lo até que atinja uma população grande. Quando isso ocorre, o vírus é inativado por meio de calor ou algum processo químico. Mesmo com o agente invasor inativado, o sistema imunológico consegue reconhecê-lo e montar uma defesa apropriada duradoura, pois é capaz de reconhecer a “chave” de ligação que o vírus usa para entrar nas células humanas.

A sua taxa de eficácia global chega em 62,3%, caso o intervalo entre doses seja de 21 dias ou mais. Para casos graves, a taxa varia entre 83,7% a 100%. O intervalo entre doses é de 14 a 28 dias, e trata-se da vacina que menos causa efeito colateral por se tratar do vírus morto, o que causa uma reação menos violenta do sistema imunológico. Apesar de ser a vacina com a menor eficácia, mas suficiente para gerar a chamada “imunidade de rebanho”, a Coronavac foi muito importante para iniciar a vacinação no Brasil, sendo a primeira a ser aplicada na população. Além disso, ela forçou o governo federal a fechar acordo com outras empresas, acelerando o processo de imunização da população, e demonstrou a capacidade científica do Brasil ao conseguir produzir uma vacina de ponta mesmo com recursos limitados.

Astrazeneca

Aposta do governo federal brasileiro, a vacina produzida pela farmacêutica Astrazeneca em parceria com Oxford foi o segundo imunizante a ser distribuído para a população. A tecnologia empregada é a de vetor viral não replicante, ou seja, usa um vírus diferente do coronavírus para não causar seus males, mas que carrega as informações de produção das proteínas do coronavírus, chamadas de espículas. Essas proteínas, as “chaves” de ligação, ativam o sistema imunológico, o qual produz anticorpos que neutralizam o vírus. Tal tecnologia é nova em escala mundial, sendo usada apenas em uma vacina contra o ebola já em testes finais.

Contando com duas doses, sua eficácia global varia de 76% após primeira dose para 81% na segunda, com 100% de eficácia contra casos graves. Pode levar a várias reações adversas, como febre, dor no corpo e cansaço, mas estes somem em poucos dias e são irrelevantes se comparados aos benefícios da vacinação. O intervalo entre doses é de exatamente três meses, tempo que facilita a imunização da população como um todo, visto que é muito mais eficaz imunizar o máximo possível com uma dose para frear a taxa de contágio do que tentar focar em imunizar o máximo com duas doses primeiro.

Pfizer

A vacina que mais causou polêmica com o governo federal, visto que a Pfizer escolheu o Brasil como um dos países a ser imunizado mais cedo — uma estratégia para provar a eficácia de seu produto para o mundo -, oferecendo ótima oportunidade para nosso país vacinar mais cedo que os demais, proposta que foi ignorada pelo governo. Porém, após reviravoltas políticas e muita pressão popular, no dia 19 de março deste ano foi confirmada a entrega de 100 milhões de doses da Pfizer. Sua tecnologia é inovadora: chamada de mRNA, não infecta o corpo com qualquer tipo de antígeno para ativar as defesas do sistema imunológico. Ao invés disso, injeta o código genético responsável apenas pela produção das espículas do vírus (as “chaves” que ligam o vírus às células do corpo). Uma vez produzidas, essas proteínas vão ser atacadas pelo corpo, que então construirá imunidade contra o vírus verdadeiro. Essa tecnologia promete revolucionar o combate aos vírus em geral, pois tem fabricação rápida, menor custo e gera menos efeitos adversos, o único teste que sobra para essa tecnologia é o quão duradoura é sua proteção. Assim, a vacina contra covid 19 da Pfizer apresentou uma eficácia de 95% após a segunda dose, com intervalo de 3 meses entre as doses.

Janssen

Essa vacina, produzida pelo laboratório Janssen em parceria com a Johnson e Johnson, utiliza uma tecnologia parecida com a da Astrazeneca, de vetor viral, mas com duas diferenças: por um lado, sua eficácia global é de apenas 66%, mas, por outro lado, possui a grande vantagem de ser aplicada apenas uma vez para garantir proteção de longo prazo. Foi comprada ao mesmo tempo que a da Pfizer pelo governo federal.

Volta ao Normal

Todos esses imunizantes empregados no Brasil são mais do que vitais para a recuperação do bem estar de saúde e da economia a que estávamos acostumados. O grande problema do coronavírus é a sua constante mutação, que leva a variantes mais perigosas e colocam em risco a imunidade desenvolvida pelas vacinas. Este é o caso da variante Delta, que diminui a eficácia das vacinas tanto para casos leves como graves, é mais transmissível e mais letal. A única forma de resolver de vez a pandemia é o respeito contínuo às regras sanitárias de convivência e a adoção da vacina tanto pelo governo como pela população, no mundo inteiro.

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Renan Magalhaes
O Veterano

Bacharel de Economia pela EPGE-FGV Rio, gosto de aprender sobre os mais diversos assuntos em um empenho de tentar compreender melhor o mundo e as pessoas