Coluna | Um ano de pandemia e aulas remotas— Paulo Henrique

Reflexões e Perspectivas

O Veterano
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4 min readMar 15, 2021

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Disponível em: portal.fgv.br

Máscara de proteção, vacina, testagem, isolamento social. Em 2020 — e, agora, em 2021 — nosso vocabulário sofreu alterações que, além de linguísticos, certamente têm impactos comportamentais, sociais e mentais. Nesta quinta-feira (11/03), completamos um ano imersos em uma pandemia mundial, decretada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e causada pelo novo coronavírus. 12 meses de angústias e incertezas — e impactos na educação.

Em 25 de fevereiro de 2020, acompanhávamos, atentos e apreensivos, os noticiários e nos atualizávamos sobre o primeiro caso confirmado de Covid-19 em território nacional: um homem, empresário de 65 anos, que havia retornado de viagem à Itália. Enquanto estava longe — na China e em outras localidades específicas do planeta –, não parecia que essa doença teria tamanho impacto em nossas vidas. Hoje, no entanto, vimos que ninguém passou ileso pelas imposições do Sars-CoV-2. Nesse sentido, a educação também enfrentou — e continua enfrentando (atenção para esse verbo! Sua contextualização dar-se-á mais à frente.) — os desdobramentos da Covid-19: escolas e universidades fechadas, aulas remotas (para alguns), suspensão de calendários escolares (para muitos) e previsões de retrocesso dos processos de ensino e aprendizagem.

O debate sobre as aulas remotas em cenário pandêmico, algumas vezes confundidas com educação a distância (EaD), transcende o ensino superior, e é cada vez mais necessário na educação básica. Enquanto estudantes de colégios e universidades privadas usufruem do benefício de terem recursos tecnológicos e, consequentemente, aulas remotas, discentes de escolas e faculdades públicas muitas vezes não têm o mesmo amparo. Em termos educacionais, o abismo entre o setor público e o privado nunca esteve tão evidente. O horizonte pedagógico a ser seguido durante a pandemia ganha trajetórias diferenciadas da pré-escola à pós-graduação, com diferenças derivadas, até mesmo, de condições geográficas e governamentais.

Enquanto calouro (de Ciências Sociais, na FGV), acredito compartilhar de sentimentos inerentes aos meus veteranos. A incerteza quanto às aulas presenciais é intrínseca ao meu cotidiano, na medida em que me adapto, dia após dia, às aulas remotas e aos recursos tecnológicos necessários às práticas pedagógicas do curso e dos professores. No entanto, acredito que exista entre os acadêmicos anteriores a mim — que, em consequência da pandemia, completam um ano de aulas remotas e, à vista disso, usufruíram de aulas presenciais na universidade — uma ideia mais concreta quanto às aulas presenciais (se voltam, quando voltam e como voltam) — até porque já as vivenciaram. O futuro educacional (aqui, com ênfase ao ensino superior) é incerto, mas nada nos impede de aspirar realidades novas ou já conhecidas.

Outrossim, é relevante destacar as perceptivas que rodeiam a pandemia. Infelizmente, tudo indica que não estaremos livres o suficiente do vírus para voltarmos à normalidade rotineira de período ‘pré-pandemia’ ainda em 2021. Sigamos na esperança de um avanço expressivo no ritmo da vacinação e — em um tom utópico — de uma postura minimamente adequada ao Executivo Federal durante o contexto pandêmico.

Por sua vez, a educação também conta com previsões. O ano de 2020, tido por alguns como um ‘ano perdido’ para a educação, provou que nossos professores são extraordinários. Eles não só se reinventam e criaram práticas metodológicas e avaliativas novas, como também contornaram as adversidades tecnológicas das aulas remotas. Assim sendo, 2020 não deveria ser rotulado como o ‘ano perdido’ para o setor educacional. Contrariamente, foi um ano de desenvolvimento de novas habilidades, interações e experiências.

Evidentemente, houve falhas entre essas tantas especificidades educacionais de 2021, mas por que nos atentar somente a elas? Há, sim, um mercado de trabalho que espera profissionais bem capacitados, mas existe também uma vida — em termos individuais e sociais — que requer a nossa atenção. Talvez concordemos que a pandemia, em meio a tanto caos, propiciou essa reflexão mais aprofundada do ‘eu’ e do ‘nós’.

Nessa perspectiva, resta-nos a incerteza — com certos graus de previsibilidades individuais — quanto ao futuro. Mas, como disse anteriormente, a educação (em termos de comunidade escolar e acadêmica) continua enfrentando os desafios pandêmicos; o verbo desistir não faz parte do glossário do setor educacional. Assim, é possível e necessário um entendimento de que esforços conjuntos impulsionarão tal área, bem como trarão uma perspectiva de melhora para a situação pandêmica como um todo.

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O Veterano é um jornal estudantil criado por alunos da Escola Brasileira de Economia e Finanças em 2020.