Fintechs

Simplesmente Hype?

Giovanna Maciel
O Veterano
3 min readJul 22, 2020

--

Em países onde a desbancarização é um problema latente, Fintechs prometem inclusão financeira, com potencial de melhorar a alocação de capital e eficiência nas economias emergentes.

Fintechs são soluções tecnológicas e financeiras com foco na resolução de problemas do usuário em detrimento de problemas bancários. Evidentemente nem todas as soluções tecnológicas no setor financeiro são fintechs — apesar de se autointitularem — o que acaba distorcendo a percepção comum de bancos e investidores.

Tecnologia & Finanças

Da invenção das ATMs — Automated Teller Machine, ou terminal bancário — ao Internet Banking, inovações tecnológicas no setor bancário vêm acontecendo há décadas. Mas, apesar das mudanças, não houve muitos benefícios para o consumidor — em experiência do usuário — que não fossem decisões estratégicas para os bancos.

Embora faça parte do imaginário construído pela mídia, não há hoje uma guerra de bancos contra fintechs pela sobrevivência no mercado. De fato, bancos investem bastante em tecnologia em função da ameaça da competição e, algumas vezes, acabam incorporando fintechs[1] em seus negócios. Mas os bancos tradicionais estão longe de desaparecer. O que há é um deslocamento do modelo de negócios tradicional para se adequar à nova realidade tecnológica. Em síntese, as fintechs são um “incômodo” positivo e necessário.

Hoje o Brasil tem 45 milhões de pessoas sem conta em banco, que movimentam bilhões por ano fora do sistema bancário. Novas tecnologias desenvolvidas pelas fintechs — como empréstimos P2P, Open Banking e pagamentos móveis — estão tornando os serviços bancários e financeiros mais eficientes e acessíveis do que nunca, o que acaba beneficiando os bancos, inevitavelmente.

“Fintechs têm um amplo acesso a dados de consumidores e negócios, permitindo que as empresas desenvolvam produtos e serviços que atendam às necessidades emergentes dos usuários. "
– Hikmet Ersek, Presidente e CEO da The Western Union Company
(Tradução livre)

Os modelos tradicionais de concessão de empréstimos têm sido uma barreira ao acesso a financiamento para pequenos negócios em economias em rápido crescimento. Introduzindo bilhões da economia dos desbancarizados no sistema financeiro, as fintechs ampliam os fundos disponíveis para investimento e, como após crises como a provocada pela pandemia do COVID-19 os bancos tendem a relutar em conceder crédito às pequenas e médias empresas — que estão particularmente vulneráveis, pois enfrentam demanda reduzida, interrupções nas cadeias de suprimentos e bloqueio de financiamento –, credores alternativos tornam-se importantes players no processo de recuperação da economia.

Notas & Referências

[1] Rebundling: reorganizando o setor bancário

  • Unbundle. As primeiras fintechs não estavam interessadas em competir com a diversidade de produtos ofertados pelos bancos tradicionais — fornecimento de pacotes financeiros completos: empréstimos, câmbio, pagamentos, seguros, etc. Pegando pequenos pedaços da cadeia de valor bancário e tornando-os mais simples — ou “user-friendly” — , econômicos e tecnológicos, as fintechs conquistaram o mercado fragmentando serviços financeiros.
  • Rebundle. Com a expansão dos serviços financeiros fragmentados, muitas fintechs passaram a incorporar tecnologias complementares de outras fintechs — serviços integrados por API — formando uma experiência única para o usuário. Ao oferecer mais serviços, as fintechs podem diversificar seus rendimentos e desenvolver um modelo de negócios mais sustentável.

--

--