Panic First versus Exorcise seu Patrimônio,

o exército do meio e a hoste debandada

Pedro Gaya
O Veterano
3 min readMar 18, 2022

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Photo by Maxim Hopman on Unsplash

Há diversas atitudes que os agentes investidores tomam quando há um fenômeno inesperado e, por consequência, uma queda significativa. A indecisão é uma grande questão aqui. É hora de descer do barco? É hora de navegar tempestade adentro? É hora de descer o bote salva-vidas?

O que parece ocorrer para um grande número de pessoas é que elas acabam vendendo em períodos de baixa e comprando em períodos de alta. É a alternância entre o pânico, a calmaria e o retorno. Nesse sentido, como vários grandes investidores afirmam, um dos maiores inimigos do investidor é a psicologia.

Em Wall Street há uma frase clássica: “if you are going to panic, panic first.” Se você vai entrar em pânico, entre primeiro. Note bem o condicional da frase, há a possibilidade plausível de não entrar em pânico. A questão aqui é: não há apenas uma forma de sobreviver. Como também não há só uma de perder dinheiro e pensar no mercado financeiro como um indecifrável cassino de larga escala.

Entrar em pânico antes de todos significa antecipar o timing do mercado. Há aqui uma disciplina de acompanhamento e um alto risco dependente da capacidade preditiva do método adotado. É uma posição difícil — senão impossível — para o investidor em geral. Essa atitude é evidentemente a mais arriscada que há, pois depende de um momento crucial ou outro, com decisões sempre de peso completo. O outro extremo, por outro lado, é mais virtuoso.

“O mercado de ações é um dispositivo para transferir dinheiro dos impacientes para os pacientes.” — Warren Buffet

Do outro lado do pânico, a paciência — como diz a frase de Buffet. Em forma mais complexa, Luiz Barsi fala em exorcizar o patrimônio. Eles querem dizer coisas marginalmente diferentes. Buffet está confiando no que ele considera como boas empresas. Confiando que elas superarão a crise e a tendência de longo prazo é uma apreciação superior à média dos negócios da economia, como ele diz esperar da Berkshire Hathaway. Olhando a história, a ação da Berkshire de fato consegue manter-se superior em relação aos diversos índices de bolsa americana.

Ao contrário das quedas de 70% de uma carteira com perfeita previsão do futuro, a Berkshire apresenta um adicional de segurança, com quedas cíclicas em aproximadamente 20%.

“Exorcize o patrimônio e contemple o dividendo” — Luiz Barsi.

Concordando com essa posição, o foco de Barsi é outro. Mesmo durante uma queda significativa de valor, durante grandes subidas e grandes vales, as empresas selecionadas têm como valor e função principal a sua capacidade de pagar dividendos. Nesse caso, o valor patrimonial perde relevância, sendo a quantidade absoluta de ações o ponto relevante para pensar no dividendo. Com essa mudança radical de foco, Barsi assistiu uma queda patrimonial de aproximadamente 2/3 no início da Pandemia, em 2020. Hoje, o valor se recuperou e o método do maior investido pessoa física do Brasil segue tendo sucesso.

Apesar disso, a maior parte dos investidores não está preparada para as emoções do mercado. Seja por falta de planejamento na disposição patrimonial ou pelo nervosismo puro e simples, a atitude ideal é justamente se equilibrar de forma que o patrimônio exposto não cause desconforto.

Assim, para o público em geral ficam duas opções: criar uma carteira com emoções muito controladas e balancear toda vez que houver desequilíbrio ou cair vítima dos próprios vieses, correndo do mercado sempre na pior hora possível. Parece evidente que o equilíbrio e a organização sejam os pilares na organização financeira, para que o exército do meio não se torne a hoste debandada.

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