Diante de tantos rankings negativos e progressivamente decrescentes sobre a educação brasileira e sobre nenhum alarde sobre essa crise que piora a cada ano, a cada geração e a cada década, andei pensando em associações e sobre quem “entende” e “procura melhorar” esse campo tão deficiente brasileiro.
Puxando na história, tivemos 4 períodos políticos vigentes em nossas terras, a condição de colônia portuguesa (1500–1815), a de Reino Unido (1815–1822), junto a Portugal e Algarves, a de Império (1822–1889), e a vigente, a triste república (1889 — dias atuais). A educação formal, como a conhecemos hoje, surgiu junto ao início da separação das fases da vida. Infância, adolescência, fase adulta, maturidade e velhice, que só surgirá com o austríaco Sigmund Freud e, em certa parte, com os, alemães, irmãos Grimm juntamente, porque não, com as evoluções do iluminismo através dos tempos. É de se saber que Sigmund Freud morreu na década de 30, já no Século XX, então, a escola formal, com o objetivo de formar cidadãos conscientes e prontos para a vida adulta, junto ao emprego formal, surge na segunda metade do Século XIX, onde, no Brasil, passávamos pelo período imperial. Como era a educação no período imperial? Bom, no Segundo Reinado, onde o monarca era Dom Pedro II, o modelo lancasteriano (ou mútuo, onde o aluno é um auxiliar do professor) ditaria a ordem e se tornaria o modelo a ser seguido em todas as outras ditas Escolas Normais das demais províncias, que eram responsáveis por seus centros educacionais, decisão decretada no Primeiro Reinado. Externamente a isso, o próprio Imperador buscava trazer melhorias e tecnologias em primeira mão para nossa terra, foi assim com o telefone, com a luz elétrica, com os telégrafos e com a fotografia. Botar o Brasil na frente do mundo, Brasil acima de tudo. Amor e respeito a todos os habitantes, conhecimento e prudência para governar, moral e dignidade para exercer seu dever para com o povo.
A imprensa, logo após, era totalmente livre, sem quaisquer tipo de censura, nem das palavras e textos, nem das figuras e caricaturas. Para entender onde quero chegar, devemos, também, analisar o sistema político da época e, traçar paralelos e apontar como o sistema educacional influencia no mesmo. Não é difícil encontrar fontes que diziam que o Parlamento brasileiro no período imperial era uma verdadeira escola de estadistas, com mais de 30 governos (a partir de 1847, onde o Imperador cria o cargo de Presidente de Conselho de Ministros, equivalente ao cargo de Primeiro Ministro, Premier ou Chefe de Governo em um sistema parlamentarista), a inflação não subiu um décimo além da linha estável que durou 67 anos de Império, a balança comercial entre importação e exportação sempre trazia um número de exportações gradualmente maiores que o de importações, principalmente com o início das industrializações e leis protecionistas que influenciavam justamente esse desenvolvimentismo pela mecanização de serviços. Tais elementos demonstram a profunda estabilidade econômica, social e trabalhista que se tinha durante tal regime, a veia política sempre estava muito, mas muito acalorada. Mudanças de status quo a cada vitória abolicionista, mudanças de gabinetes e parlamentos e alguns outros assuntos que aqui não cabem, mas que representam tal campo. Sob a constituição de 1824, que, caso fosse pisada ou ignorada em alguma decisão, era passível de pena e expulso da carreira política. Com essas diretrizes, a politicagem era feita. Cabe lembrar também, que não necessariamente o ensino superior correspondia aos feitos e as carreiras que esses homens exerciam, como por exemplo, escritores como José de Alencar que era graduado em Direito.
No período republicano, como bem sabemos, não só de mazelas e ensinos gratuitos para a massa foi feito. A imprensa, sempre controlada, desde o golpe em 15 de Novembro de 1889, até os dias de hoje, sempre parece tomar lados governistas e antipopulares, mas sim, populistas ao extremo. Como sabemos, o caso mais famoso de doutrinação por via escolar foi a de Getúlio que, durante o Estado Novo (período que compreende o pós golpe getulista, que foi de 1937–1945), fez “reformas” absolutamente tendenciosas, onde o período imperial e colonial foram absolutamente deturpados ou até mesmo tirados das apostilas escolares, a nova ordem republicana era verdadeiramente feita ser engolida goela abaixo e era ensinado que Getúlio, sim, o graaande Getúlio era pai dos pobres, e mãe dos ricos, em falsa alusão a uma unidade e representatividade do brasileiro no presidente e, por último, ensinamentos cada vez mais básicos e maçantes eram lecionados, afim de emburrecer e doutrinar os pequenos cidadãos. O desgaste desse modelo de ensino veio sofrer algumas outras mudanças importantes na segunda ditadura militar (1964–1985), onde alguns aspectos ainda ficavam na sala de aula, como a palmatória e o castigo. Foram incluídos a doutrinação direcionada ao campo social, onde matérias como Educação Moral e Cívica “formava” cidadãos “conscientes” de seus direitos e deveres, por onde deveriam caminhar, como deveriam se portar e agir frente a situações cotidianas e rotineiras, como batidas e abordagens. Logo após, na chamada redemocratização (período vigente atualmente, que compreende 1985–dias atuais), outras pequenas reformas foram feitas nos governos de FHC, Itamar e durante toda república sindical (outro nome para o período pós-ditadura), visto que a esquerda, oposição natural aos militares e ao ARENA, cresceu exponencialmente e que comemos seus frutos amargos até os dias de hoje, como podemos perceber com as também reformas do que compreende o estágio lulopetista da república sindical (2002–dias atuais), nos governos Lula e Dilma. E é aí que caímos nas notícias citadas no início deste texto e no começo do balanço que devo fazer no restante do corpo dessa escrita.
Sentimentos de não pertencimento a um lugar, um meio de vida ou um comportamento comum à sociedade que se nasceu podem acontecer, sim, com uma ou outra pessoa, acontece que, com o acúmulo de sujeira e podridão postas na cabeça de nossos avós, pais e filhos, uma distorção inatural e irreal dá essa sensação, de desprendimento, a todo uma geração, a atual, de jovens universitários desta década. O crescimento da esquerda, que foi a saída encontrada por jovens militantes contra a ditadura nas décadas de 60 até 80 do século passado, foi natural, sim, agora, a continuidade desse ideal em jovens nascidos já na redemocratização parece destoante. E realmente. O tom que foi dado a segunda ditadura brasileira foi de certo modo a cartada final nessa educação e nessa memória coletiva brasileira, implantada e inventada para todos nós. Começa com o descobrimento do Brasil, pula para a Independência e BOOM, estamos no golpe de 1889 e a um piscar de olhos, estamos com o papai Vargas e nas desconstruções e zombarias dos motivos que se instaurou um governo militar no Brasil em 64. Após aulas e mais aulas sobre os pais e mães que se deve reconhecer, sobre quem se deve zombar, sobre situações políticas que são tratadas simplesmente como história, chegamos nas ditas lutas e mais lutas que pregam múltiplas as esquerdas, seus anseios, seus desejos e seus sonhos. Após serem ditas as utopias que o mundo compreende, sobre as batalhas que se travar, essas pessoas se aventuram no campo político, que é o céu para qualquer cidadão. A festa com o dinheiro público, as mazelas e a falta de juízo e ética fazem dessa classe a mais prestigiada desta república. A estrutura foi moldada com o tempo e as leis e benefícios para tal classe sempre se acumulam, junto aos múltiplos tentáculos e o peso e tamanho do Estado brasileiro sobre as costas do povo brasileiro. Os parlamentares? Bom, esses já não governam desde uma experiencia aventureira republicana em 60 e tantos, e desde 1889. Quem governa? Presidentes. As inflações, o desemprego, os salários, os tributos e a balança comercial são absolutamente instáveis e sensíveis a qualquer movimento do chefe do executivo. Não diz mais a respeito de sua competência, visto que poucos presidentes tinham conhecimento para tal, tanto do povo sobre quem governava e das circunstâncias e leis a quem ele estava abaixo. Tudo parece ser pior, os planos, os pensamentos e as medidas. Sempre muito frágeis, sempre tendenciosa, sempre implicantes a uns e beneficiadoras de outros. Sobre constituições? Já são seis desde 1889, todas muito pisoteadas e parecem não limitar os poderes de um poder político sobre outro, sempre deixando a balança institucional desequilibrada e totalitária. As constituições tem um ciclo de vida curto, de 20, 30 anos, sendo sempre trocadas com promessas falsas de evolução, de estar indo para a frente, quando sempre voltamos para o ponto inicial. A população, assiste horrorizada, mas, com o passar do tempo, aprendeu a amar e defender essa estrutura incompetente e incapaz de controlar um país do tamanho e do potencial brasileiro. Mas, o que ela poderia fazer? Recebeu uma educação totalmente virada para o emburrecimento, para o esquecimento e para a descaracterização do cerne de um povo. Quanto antes essa educação para as massas começar, mais cedo nos tornaremos incapazes de pensar, incapazes de nos organizar, de até mesmo agir, por não sabermos as regras do jogo. A tendência é, sim, a ladeira cair. Mas, há esperança?
A esperança surge, quando a população passar a governar, através de uma figura política central, que realmente a represente e a favoreça, incondicionalmente e sem interesses a terceiros. Como, se homens são corruptos e corruptíveis? A solução se encontra no conceito de que um homem que está lá por aclamação geral, ele trabalha, serve a quem o atende, a quem o entende e a quem o ouve, aí, a união e o bem comum passam a ser a lei matriz a vigorar em nossa nação. Esse alguém deve ser o povo, ali, em uma só família, em uma só pessoa, uma só fala. Mas, isso realmente muda? Acredito que sim. O povo muda de cabeça. O corpo e os braços se cansam, devido o trabalho de uma vida, mas a cabeça sempre se revitaliza, sempre acha seu centro e seu eixo. Quando o habitat muda, a espécie muda. Sendo humanos, como somos, não encontraremos evoluções físicas, mas intelectuais. Com jovens se formando, pessoas se aposentando e com a educação e eventos nacionais mudando, a população se moldará em volta deste aspecto e do meio em que se vive. Quando o meio se torna moralmente elevado e socialmente estável, a população sempre corre atrás para chegar a esse nível. E é aí que o cerco político se faz tão livre para corromper-se e agir impunemente. A famosa pizza, o maior prêmio honorífico republicano.
O habitat fará o brasileiro evoluir. A educação deve sair da mão de aventureiros, de tendenciosos, de defensores de alguns e inimigos do povo. A utopia nos faz viver de sonhos, que, no mundo real, se faz ilusão. Suando a camisa, pondo braços e corpos para trabalhar, construímos um futuro melhor. É com otimismo que vejo a situação. Mas com pessimismo, caso a forma de governo e de governar continue a mesma. Vamos restaurar o Brasil, por favor.