5 dicas para realizar testes de usabilidade de forma remota
Com a pandemia de COVID-19 e a necessidade de isolamento social tivemos que repensar nossas formas de trabalho, o home-office se tornou a regra e ferramentas online colaborativas como o Miro, Maze e até mesmo o Figma, ganharam milhares de novos usuários.
Com novas necessidades, apareceram também novos desafios: Como seguir testando e validando ideias, protótipos e funcionalidades em um momento que não podemos realizar encontros presenciais com nossos usuários?
Neste artigo vou contar um pouco da minha experiência conduzindo testes de forma remota na Objective e dar 5 dicas para se organizar e fazer tudo de maneira online!
Primeira dica: Recrutamento
Se por um lado perdemos a possibilidade de nos encontrarmos presencialmente com os usuários para que eles possam testar um aplicativo ou uma plataforma, por outro, ganhamos a oportunidade de fazer isso com pessoas de qualquer lugar do Brasil e do mundo.
Alguns testes que ficariam limitados à região onde está localizada a nossa empresa ou cliente, agora podem ganhar a participação de pessoas de outros Estados e Países, o que pode ser ainda mais proveitoso para entender novos hábitos e comportamentos.
Então, como recrutar os usuários para o meu teste? Na Objective criamos um banco de usuários voluntários que prospectamos a partir das redes sociais da empresa e do nosso time de designers, utilizando algo tão simples quanto um google forms.
A ideia é catalogar uma rede que já existe próxima a você e juntar a maior quantidade de usuários que topem participar dos testes, o que pode ser feito começando com amigos, familiares e colegas de trabalho, usando Linkedin, Whatsapp ou Instagram. O importante é lembrar de estruturar as perguntas do seu formulário de maneira que você consiga separar o perfil destes participantes de acordo com o objetivo do seu teste depois!
Por exemplo: se vamos testar um aplicativo de telefonia, é interessante saber saber se as pessoas que você está prospectando costumam utilizar este tipo de serviço ou não, para assim poder entender melhor o comportamento do público que você irá convidar, além de orientar as tarefas e objetivo das hipóteses que você quer validar durante o teste.
Uma vez que esta rede esteja mapeada e você tenha ao menos 5 usuários que possam participar (este é o número mágico indicado por Nielsen) é importante verificar se estes participantes dispõem de ferramentas como computador ou celular para realizar os testes de maneira remota. O ideal é que o usuário possua pelo menos um computador com internet e o motivo eu vou detalhar no próximo tópico.
Segunda dica: Ferramentas
Por não estarmos cara a cara com nossos usuários e poder fazer uma leitura dos seus gestos e comportamentos não-verbais, é importante que consigamos extrair o máximo de informação durante os nossos testes remotos, pois assim nossa pesquisa vai continuar trazendo contribuições importantes para os produtos e funcionalidades que gostaríamos de validar.
Por isso, nos testes que realizamos de maneira remota, sempre perguntamos ao participante se ele pode se conectar pelo computador, pois assim, com a sua devida autorização, podemos gravar o teste e a navegação do usuário pelo protótipo (vou falar um pouco mais sobre isso no tópico gravação).
Portanto, para que seu teste remoto ocorra bem, é necessário definir qual ferramenta você irá utilizar para se comunicar com seu usuário (Google Meet, Microsft Teams, Whatsapp) e também qual ferramenta você irá utilizar para que o seu usuário possa navegar durante o teste.
Os protótipos gerados por link do Adobe XD tem funcionado muito bem para nossos testes na Objective, mas existem outras ferramentas especificas que também são super úteis como o Maze, onde é possível realizar Testes A/B, Múltipla escolha, Card sorting e muitos outros, tudo através de um link acessado pelo usuário.
Se agora você já tem os usuários e as ferramentas, é hora de começarmos a falar do preparo para o seu teste.
Terceira dica: Roteiro
Aqueles que já estão acostumados a conduzir testes de maneira presencial sabem da importância do nosso velho e famoso amigo roteiro.
O roteiro nos ajuda a lembrar a ordem daquilo que deve acontecer durante o teste, ajuda saber quais tarefas pediremos para o usuário realizar ao navegar no protótipo e principalmente nos orienta em relação ao que buscamos validar com aquele teste ou entrevista.
Por isso, é sempre importante ter um roteiro para guiar o seu teste, seja ele uma entrevista estruturada ou semi-estruturada, ou até mesmo um teste de usabilidade livre: por mais que você ache que tem tudo na sua cabeça, na hora pode te dar um branco e você não quer que seu usuário pense que você não sabe porque o chamou ali.
Este artigo da Elisa Volpato tem dicas preciosas de como organizar seu roteiro.
Quarta dica: Um é pouco, dois é bom
Agora que você já tem um roteiro, ferramentas e usuários, é importante lembrar que você também vai precisar de alguém para conduzir os testes com você!
Isso mesmo, como você deve ter percebido ao criar seu roteiro, durante a entrevista com seu usuário alguém deve ficar responsável por fazer as perguntas e seguir o roteiro e outra pessoa deve ficar responsável por anotar as respostas e ações do seu usuário.
Por que preciso de outra pessoa?
A não ser que você tenha atenção sobre-humana, dificilmente você irá conseguir dar a atenção que precisa para seu usuário enquanto orienta ele sobre o que deve fazer, faz perguntas e anota suas respostas. Portanto dividir os papéis durante o teste é essencial!
Para que seu usuário, que disponibilizou o tempo dele para estar ali, se sinta confortável, é importante que tudo ocorra da maneira mais fluída possível, como uma conversa mesmo, e você não vai conseguir prestar atenção naquilo que ele está dizendo se estiver preocupado na próxima pergunta que irá fazer e anotar suas respostas.
Dividir para conquistar: portanto o ideal é que você tenha uma condutora que irá fazer todas as perguntas, conversar com o usuário e orientá-lo e outro condutor que irá fazer anotações sobre o que usuário disse ou fez durante o teste.
Quinta dica: Gravação e considerações finais
Chegou o dia do seu teste e você já está com tudo pronto para falar com seu usuário e finalmente testar aquela ideia que você vem discutindo há dias com sua equipe!
Para que você possa aproveitar o melhor desse tempo de ouro que foi disponibilizado pelo seu usuário é legal que você grave o seu teste para poder rever depois! Desta maneira, você pode voltar em pontos que podem passar despercebidos, fazer novas anotações e realizar uma transcrição mais fiel dos resultados.
Para isso, é muito importante informar ao usuário antes de começar a entrevista que aquele material vai ser gravado para fins de pesquisa e que ele só deve continuar caso autorize e se sinta confortável com a gravação.
Lembre-se de que o seu usuário deve se sentir a vontade durante todo o processo, pois ele disponibilizou o tempo dele para te ajudar em sua pesquisa, e sempre que possível é importante retribuir este tempo com alguma gratificação.
Além disto, é legal começar seu teste ou entrevista com algumas perguntas quebra-gelo, pedindo para que o usuário conte um pouco sobre ele, onde mora, com quem vive, o que gosta de fazer nas horas livres, etc.
Assim você começa a criar uma conexão com aquela pessoa antes de sair fazendo um monte de perguntas sobre o que ela acha de um serviço ou de um produto e além disso, você pode entender muito mais sobre seus hábitos e maneira de pensar do que com as perguntas diretas do seu roteiro.
Espero que estas dicas te ajudem a conduzir seu teste de maneira remota! Como vimos, trabalhando com as ferramentas certas e de maneira estruturada, é possível se adaptar as novas regras do jogo e seguir testando protótipos, validando ideias e funcionalidades.
Estas dicas são baseadas em minha experiencia conduzindo testes de usabilidade de maneira presencial e remota! Tem alguma coisa que você gostaria de sugerir sobre o tema?
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