Content Design para UX Designers
O conteúdo de um produto digital é tão importante quanto sua aparência e seus fluxos, e não pode ficar desassociado. Em algumas interfaces, como chatbots por exemplo, o conteúdo é o “próprio design”.
Botões, labels, navegação, títulos, ajuda, textos, notificações, calls to action, links, erros, ufaa… é tudo Content Design!
Se você é um UX Designer não-especialista em conteúdo, aqui vão algumas dicas de como ter um conteúdo um pouco mais claro e conciso no seu produto digital.
Antes de tudo é importante ressaltar, este conteúdo deve ser elaborado por um especialista (comumente um UX Writer), que poderá ajudar com:
- Consultoria sobre linguagem — dúvidas relacionadas à semântica, pontuação, entre outras especificidades… ajudam a economizar tempo e desgastes desnecessários;
- Criar uma narrativa sobre o produto;
- Definir a voz do produto e consistência por todos os pontos de contato com clientes: suporte, vendas e marketing.
Contudo, esse trabalho (da escrita) muitas vezes é assumido pelo time de UX Designers, é uma realidade em várias empresas. Assim como algumas empresas ainda carecem de UX Designers.
Por isso aqui vão algumas dicas que podem nos ajudar nesta jornada.
#1 Toda palavra conta
Se o produto digital já existe, é possível fazer uma revisão e cortar o máximo de palavras desnecessárias que conseguir:
Não obrigue seus usuários a lerem longas frases, quando poucas palavras já resolveriam.
É possível ter alta densidade de informação com poucas palavras. Questione se a informação que você está disponibilizando é importante neste momento:
Esta informação é importante agora?
Esta pergunta ajuda a filtrar a relevância da informação, possibilita o foco no que é mais importante e diminui a carga cognitiva para o usuário (fica menos cansativo utilizar a interface).
#2 Prover contexto e alinhar expectativas
Usuário sente-se emponderado e confiante para tomar decisões.
#3 Ajuda contextual
No digital existem alguns tipos de ajuda contextual que ajudam o usuários nas suas tarefas: tooltips, conteúdo incorporado ( ℹ ), passo-a-passo, etc.
Estes recursos citados podem ser utilizados para orientações e instruções, como na imagem abaixo — quanto mais objetivo melhor.
#4 Conteúdo de ajuda e buscas
De acordo com Dan Craddock, com um simples set de métricas é possível melhorar seu conteúdo de ajuda:
- “Esta informação foi útil?”: % de sim ou não para esta pergunta, de preferência acompanhado de justificativa.
- % de referências no Suporte ou “Fale conosco”: após algumas tentativas, usuários desistem e tentam contato direto para solucionar seu problema.
- % de buscas: se os usuários estão buscando informações em páginas internas, talvez não estejam encontrando o que a página anunciou.
Perguntas como “Esta informação é útil?”, ao final do conteúdo, não interrompem o fluxo do usuário (evite popups/popovers/modals). Por ser uma resposta binária facilita e agiliza a resposta do seu usuário e deve estar localizado na mesma página do conteúdo, facilitando sua contextualização.
#5 Eu já disse que não sou um robô!
Se você está escrevendo para um humano, aja como um também.
Evite que comunicações técnicas interfiram em uma comunicação clara.
Evite também mensagens robóticas. Você pode falar como seus usuários falam, dentro dos limites da formalidade do seu produto e da voz definida.
Além disso, priorize o uso de verbos pessoais:
É importante explicitar quem precisa executar a tarefa:
#6 UX Writing com personalidade
Para esta dica é importante ter um guia de estilo definido com tom de voz e Dos and Don’ts, podendo ser mais ou menos formal, dependendo do seu produto.
Como no tópico anterior, a comunicação deve ser de humanos para humanos — transmitir esta ideia pode ser um diferencial competitivo de muito valor.
#7 Notificação de erros
Validação de campos com erros podem ser previstos e notificações específicas devem ser criadas.
Mas como meço a eficiência desse conteúdo?
É importante medir se existem altas taxas de validações de campos com erros (analytics).
Fazer este acompanhamento de quantas vezes uma validação de erro é acionada em um campo/formulário é suficiente para prover um alerta de que existe alguma falha passível de melhoria, seja de comunicação ou de outra natureza (regras muito rígidas, por exemplo).
#8 Aprenda com todos
Explore a comunicação fora dos seus times. Apesar de todos falarem sobre o mesmo produto dentro da sua empresa, a comunicação muda entre os grupos: sponsors, consultores, vendedores, clientes.
Documentar algumas nomenclaturas que aparecem com maior frequência, ou uma coisa que é chamada por vários nomes diferentes podem te ajudar na hora de configurar uma label pensando em algum tipo de público, por exemplo.
Fazer Demonstrações e Design Critiques de seus protótipos também corroboram para uma implementação mais assertiva e consistente do seu conteúdo.
Por fim…
Existem ferramentas e metodologias para ajudar a pôr em prática algumas dessas dicas, porém é algo que eu mesmo ainda estou experimentando e dependem do contexto. Alguns exemplos:
- Mapa mental
- Dicionário de vocabulário controlado
- Design Personality
- Benchmarking
- Heurísticas de conteúdo
- …
Revisar frases, prover contexto e conteúdo de ajuda e humanizar seu conteúdo podem não ser tarefas específicas do dia-a-dia de um UX Designer, mas podem influenciar suas decisões e o andamento do seu produto digital.