MÍDIA E CONSCIÊNCIA CRÍTICA

Equipe ObjorC
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15 min readDec 25, 2019

S. Gomes

1 — Pondo as cartas na mesa

Não é preciso fazer muito esforço para dar-se conta de que, nesses nossos tempos, governos e nações, empresas e institutos, escolas e intelectuais passam por uma profunda transformação. Constata-se uma insatisfação e uma ansiedade no mundo, seja ele mais ou menos desenvolvido.

As pessoas estão com medo; medo de tudo. Pode-se dizer que ficou para trás a alegria de viver. Neste processo de angústia, quem ainda vive está se convencendo de que viver é uma obrigação. É uma aventura que parece até castigo trazido e imposto por obra do acaso. Nesta estrada do viver, nunca houve tanta depressão… tanto prozac e tão pouca prosa.

Há uns cinquenta anos, a televisão brasileira veiculou um programa que se atribuía o poder de julgar letra e melodia das produções musicais, quisesse ou não o autor que, por vezes, era um gênio da canção, em meio a outros, tanto cuja criatividade a andava a zero. O que se pretende com esta referência é tão simplesmente pedir emprestada a ideia da atração televisiva. Uma certa violência dava impulso aos número do “ibope” e haja vinil quebrado, na hora do ao vivo. Pois bem, é o mundo que “está em julgamento: letra e música”, diria agora Flávio Cavalcante e seus jurados, conduzidos pelo amor à arte e pela arrogância.

É óbvio que, por pior que se apresente a realidade, não se deve quebrar o vinil. Antes, consulte-se o otorrino e se este for psiquiatra, melhor! Se é difícil manter antigos padrões, imagine-se criar novas atrações. Assim, sofreram cientistas, filósofos e até religiosos que lutam para implantar o heliocentrismo, em substituição ao geocentrismo. Na luta, Ptolomeu versus Copérnico, Galileu e outros conseguiram provar que era terra que girava em torno do sol. Não foi fácil superar a doutrina aceita pelo filósofo Aristóteles, assim como fácil também não foi superar o mito de que a terra era plana.

Na verdade, o que faltava era o domínio da Física, da Astronomia. E uma conclusão se impõe: chegou o saber, a comprovação; logo desaparecem as razões do mito. Verdade, certeza, ciências, exatidão… eis o segredo da vida. Na prática, tudo tem dependido dos passos dados pela ciência: aquelas pequenas passadas que, em solo lunar, foram identificadas como “saltos” para toda a humanidade! Eis o símbolo da energia vital agindo no mundo.

O ser humano continua tomando posse dos segredo do universo, explicando órbitas e elipses. Neste processo, a terra vai ficando sempre menos, igual bola de gude, nas mão de menino. Ambos, terra e guri correm o risco de desenvolverem-se desequilibradamente. Enquanto cresce o homem, seu cérebro e estômago se apequenam-se e se atrofia seu coração. Nos partos da evolução criadora há resultados natimortos. Eis aí alguma razão para tanto Prozac e tanto Engov consumidos: o medo da morte da vida.

Suas asas são interplanetárias, mas quando a revolução acontece no aceiro do terreiro, o homem tem cometido pecados capitais que alcançam seu interior e poluem seus quintais.

O ser humano carregado de saberes, ficou valente, agressivo. Quando viu-se no semelhante passou a agredi-lo. Egoísta, auto divinizado, esqueceu-se da ternura e da generosidade. Alcançou belos conceitos éticos e axiomas filosóficos para negá-los; para desprezá-los logo que se sentiu cansado deles. Apesar de tudo, suas descobertas nunca deixam de ser belas: “É preciso ser forte sem perder a ternura jamais”.

As cartas são postas por sobre a mesa da sorte… As cartas de amor… As cartas náuticas do barulho festivo pelas terras achadas. Já não há mais espaço pelas bruxas nem advinhos. E quem vai dizer a verdade? Advinha! É a ciência!

O homem da atualidade menospreza valores trazidos do passado. Ele faz equivaler tradições e traições. Desprovidos de bases e sem alicerces, o homem, reconhecido como de agora, é inseguro e instável, é muito bem reformado. Muito mais sabido e muito menos sábio. Assim, sem passados e sem projetos, não têm futuros. A vida, os bens, a terra ou a avançada idade, a história, enfim, de si e do semelhante não merece nenhum respeito. Não se demora, é instável, e passageiro. Ensimesmado, lhe vale e lhe serve apenas e tão somente a força bruta.

Nada melhor para quem assim vive do que o vento no rosto e o ruído rouco do momento fugido. A velocidade é um estimulante anestesiador para quem assim vive. A rapidez é oportuna para a tática do crime, bem como indispensável para a fuga do local onde ele se deu. Não presta nem os primeiros, nem serve os últimos socorros.

Corajoso para matar? Covarde para encarar o flagrante? Aquele desesperado vive um mundo trágico e traz a cor cinza nas suas retinas que é rápido e logo passa. A velocidade é indispensável como estimulante para quem assim vive. Oportuna para a prática do crime bem como para se fugir do local onde o delito foi praticado.

Eis aí o homem herói moderno, desprovido de centro. O computador do seu carro traz um mapa que fala sempre do mesmo roteiro. O eterno retorno, proposto pelo GPS, faz dele um viandante sem norte.

Há quem o veja como a edição de um novo Caim.

2 — A consciência do mundo

Onde está e o que é? Onde se faz este ser tão contraditório, repugnante a ponto de o caminheiro resignar-se em não querer encontrá-lo em sua estrada?

Este ser-deserto, onde for encontrado é muito mais do que ele próprio e está muito além de sua sombra. Está além de si porque é “ele e suas circunstâncias”, no dizer do pensador Ortega y Gasset filósofo e sociólogo espanhol do pós guerra.

É por isto que o homem de ontem e de hoje é difícil de ser compreendido; é sempre contraditório: sabe bastante e vive como se não soubesse. Foi com esta criatura, ontem e hoje fragilizada contingente e inacabada que o Criador e Senhor do universo quis contar na tarefa de perpetuar a criação, portanto na tarefa de saber o mundo, no esforço de fazer ciência.

E o que é ser ciência?

O que é ser consciente?

A ciência é o poder de perceber e de definir os seres e acontecimentos. Enquanto ser consciente é algo mais: trata-se de assumir, e de responsabilizar-se por cada ser; é poder dar-lhe um nome e um destino. Portanto, é a consciência que atribui valores ao mundo, visto como objeto.

A palavra objeto significa aquele que está aí posto do outro lado, o sujeito é aquele que, pelo saber e pela consciência dá destinação ao processo criador.

Aqui, não se trata de analisar o impulso consciente como dinamismo psíquico. Não se trata apenas de uma análise das forças e dos impulso da “psique” humana.

A consciência supõe a percepção do mundo aparente (externo) e da estrutura (interior) do ser, do fenômeno, enfim, do “objectum”. Objeto é tudo o que se põe diante da Razão. A Razão assume o objeto no ato de conhecer. O objeto jogado diante do ser racional e o seu desafio, é o seu “objetivo”… A ciência vive dos objetos e dos desafios por ele proposto.

3 -A relação entre consciência criadora e natureza…

A consciência é responsável, ou seja, cabe a ela dar a resposta em nome do objeto. Do ponto de vista ontológico dá-lhe uma estrutura identitária, enquanto que, do ponto de vista ético, atribui-lhe valores que se integram de uma forma harmônica, ou estética. Ética e estética são forças paralelas na construção e na configuração dos seres em si mesmos e na vida em sociedade. Esta consciência é ativa e criadora em Deus e naquele que continua a sua obra que é o ser humano, racional e consciente.

Diante de um universo tão misterioso, portanto face à face a uma infinitude questionadora, a racionalidade sentiu-se convidada a organizar (dar impulso vital) e explicar as razões de tanta lógica, de tanta ordem. Isto é o que fez a ciência até hoje: deu ordem e finalidade às criaturas, através de um processo que se apresenta, ao mesmo tempo, como ético e estético.

A razão enveredou pelo mito para dar nome (dar ordem) às criações. Num determinado dia, em meio à coisas criadas, conhecidas por “natureza”, o homem escutou o chamado da PALAVRA divina que é a consciência que o Criador tem em si. Tratava-se de um grande grito que deu início ao processo de comunicação entre natureza divina e humana: SER HUMANO, QUERO ESTABELECER CONTIGO UMA RELAÇÃO DE AMIZADE E COOPERAÇÃO!

A divindade pediu do homem uma explicação racional e ele foi encontrar na ciência o que a divindade lhe solicitava. Explica e comprova (com prova) que tudo, na sua variedade, Eu fiz por amor.

Explicar é o mesmo que continuar a criação. Deus é o criador, levado por uma Razão infinita e todo-poderosa. Assim sendo, ele pôde sair de si para criar. Nada veio de um nada; tudo veio da Razão de um Todo. Disto, o homem é uma simples faísca. A inteligência divina saiu de si para delegar o poder de criação. Então, quando o cientista penetra o segredo das coisas; quando o procedimento médico “invade” e encontra o mais íntimo do corpo humano; quando o engenheiro estuda o terreno e edifica a coluna está continuando a criação, conforme o grito primeiro. Quando o cientista humano trabalha o potencial da mente do pupilo aprendiz, por exemplo, está indo adiante e aperfeiçoando o processo criativo.

Tudo foi firmado num acordo. Entretanto, o pequeno cientista foi tentado a não trabalhar para tão forte patrão. O homem levado por uma tentação dos diabos, disse não. Foi o pecado. Veio a queda.

Deus, além de saber, é misericordioso e sabe consolar, também.

Envia seu filho que veio ser um homem para atribuir aos crentes uma nova consciência. Jesus é o preço do amor do Criador. Foi descoberto que, N’ELE, tudo havia sido feito. No verbo encarnado; tudo foi feito e nada foi feito sem Ele.

Foi visto que a RAZÃO DA CRIAÇÃO não tinha diferença da Doação e Ele se doou para além dos limites (fins), assim como só Deus podia e sabia amar: para além dos limites.

Da sua parte amou infinitamente até o fim, o que quer dizer: sem contornos nem fronteiras mas ilimitadamente. Diz o provérbio: “a medida do amor é amar sem medida”.

4 — A consciência na escola…

Acredito que nada, neste mundo, nasce pronto. Pode nascer para acabar-se, mas com certeza não nasce acabado, mas traz um convite para ser polido.

A consciência com capacidade de julgamento crítico faz-se. Parafraseando Paulo Freire: “nós nos conscientizamos (nos educamos, dizia ele) mutuamente, mediatizados pelo mundo… pela escola”. Na opinião de muitos, na prática, o mundo é a grande escola.

Sem escola, a Razão carece dos apoios materiais que nem podem ser substituídos. Também não podem chegar depois. Há determinadas proteínas, enzimas e vitaminas que, quando ausentes na primeira infância, deixam um vácuo para sempre.

Muitas escolas marcaram época: a “Academia de Platão”, onde seu aluno Aristóteles estudou; o Liceu foi criado e mantido por Aristóteles. Na história pontificaram muitos mestres formando escolas.

O conhecimento é feito passo a passo, não queima etapas. Uma delas que falte, comprometerá toda a construção.

Modernamente se tem notícia da Escola de Frankfurt. Por ter-se voltados para a “teoria crítica”, aqui merece um espaço, ainda que resumido.

Teve início na Alemanha, na primeira metade do século XX. Jovens pensadores reuniram-se em torno de Theodor ADORNO. Vários nomes merecem destaque: Walter BENJAMIN, Max HORKHEIMER, Herbert MARCUSE e Jurgen HABERMAS.

Não faziam oposição a ninguém nem a nenhum costume do seu tempo; às ideologias, talvez. Percebesse que suas ideias estavam enraizadas no pensamento de F. HEGEL (1770–1831) e de KARL MARX (1818–1883); eles recebiam boa acolhida entre a juventude (estudantes) alemã e terminavam sendo rejeitados pelos poderosos.

Em 1933, com HITLER no poder, fogem para países europeus e, em 1934 mudam-se para os Estados Unidos. O grupo cria nos U.S.A. o Institute For Social Research. Depois da guerra, voltam à Alemanha.

A escola sempre pretendeu identificar os males causados pelas doutrinas racionalistas que “explicavam” e motivaram a sociedade de então. Tudo tinha base na Razão e na vida, assim como na ciência, tinham de ser racionais, mas ao lado da Razão certamente o homem haveria de encontrar outras forças, como o fenômeno da Cultura para explicar a vida e as relações sociais. Eles buscavam, também, identificar os meios que dispunha a sociedade para absorver e anestesiar as forças de oposição que, sustentavam sua dominação que entre estas “ferramentas” estavam os meios de comunicação (escritos, falados, visuais, como o cinema, etc).

Conforme aquele pesquisadores, a” mídia” era uma indústria poderosa e quase imperceptível destinada a produzir e fazer consumir os produtos da “indústria cultural”. O pensamento da Escola era bastante aceito pela intelectualidade e juventude alemãs e europeia porque ela abordava dramas que refletiam a angústia e, consequentemente, a ansiedade da realidade europeia do pós guerra.

Aquela situação era um tanto parecida com a realidade brasileira de hoje: insegurança econômica, ausência de lideranças políticas, violência, corrupção administrativa e derrocada inflacionária. A mentira que, agora, tem o nome de “fake-news”, corre o mercado através da potente “Net” que abarca todo o país. Amentia é (era) devastadora e global. A sociedade era (é) demolida por uma onda de boatos e de violência de pequenos contra pequenos que gera um clima de devastação mantida por um pessimismo generalizado e corrosivo. Todo esse conjunto desmoraliza o “Governo” que nada mais governa.

O povo carregava, como carrega hoje em dia, um rosto triste, diante de uma violenta e desastrosa força devastadora.

Adorno e colegas não estavam convencidos de que o mal social era fruto do Racionalismo que, como sistema de pensamento vinha desde René Descartes na passagem da Idade Média para o mundo moderno (Sec. XV — XVI).

Por outro lado, a Escola deixou de criticar a Razão todo-poderosa gerado do sistema de valores individualistas. Mostrou as contradições das conquistas racionais tecnológicas como, por exemplo, a massificação e as mistificações da indústria cultural. Apontava mitos que imobilizaram a visão do mundo já repetitiva. Havia, como também há, hoje em dia, uma tendência a rigidez (imobilismo) que impede a dinâmica do crescimento social.

Sempre com base nas doutrinas de Hegel e K. Marx a Escola se opôs à concepção positivista da ciência e da sociedade. A Escola de Frankfurt nunca alimentou conservadorismos mas assumia um papel de trincheira revolucionária com base da concepção marxista da História.

Foi criticada por manifestar um certo “negativismo”, herdado da filosofia hegeliana. Tratava-se de uma proposta teológica (uma espécie de misticismo religioso baseado no judaísmo e no misticismo alemão no fim da Idade Média — sec. XV). Em oposição às atitudes de Herbert Marcuse, Adorno jamais alimentou a pretensão de ser “guru” da juventude. Querendo ou não, inspirou uma tomada de posição crítica “esquerdizante”.

5 — As grandes fontes

A Escola de Frankfurt nasceu e passou a viver num mundo destruído que ressurgiu das cinzas. Depois, transferiu-se para os Estados Unidos, um país que havia participado do conflito mundial (40–45) e, já gozava de uma posição de destaque na política e na economia das nações desenvolvidas e ditas democráticas. O mundo, sobretudo o mundo europeu dos pós guerra, era triste e carregado de medo por parte de quem tinha saído de um conflito sem controle. Um mundo de agressões onde só se ouvia falar de destruição, perda e saudade, que era o tenebroso rastro da guerra.

A sociedade brasileira vive, juntamente com vizinhos de perto ou bem longe uma luta, uma guerra travada por moradores de periferia, quase sempre excluídos das conquistas sociais. A luta é uma busca da sobrevivência. Uma guerra aparentemente sem armas de grosso calibre.

Neste mundo assim, embrutecido e também triste, há mais suicídios do que soldados pegos em emboscadas. As punições têm aparência modesta, trafegam por toda parte como se fossem balas que estão perdidas, mas quem quase sempre covarde e traiçoeiramente acertam os indefesos.

Certa vez, o estudioso inglês Arnold TOYNBEE, especialista na análise da História, em vista ao Brasil, disse que no dia em que os pobres e os excluídos decidissem reivindicar os seus direitos, muitos homens iam cair. Mortos sem que, antes, fossem identificadas as causas.

O mundo vive hoje, tanto no hemisfério rico, como no pobre, uma “era dos direitos” conforme pensa o italiano Norberto BOBBIO. Há um direito à consciência, à vida, à reivindicação. Há o direito de se dizer: agora, não mais. Agora, é não. Há um direito fundamental, neste instante: aquele de se assumir e de pensar a realidade, de critica-la mantendo-se o cuidado de amá-la, de jamais destruí-la. Por ironia, fala-se até no direito de resposta ao bom dia, boa tarde.

Está posto em dúvida aquele direito de alienar: anestesiar consciências para fazer obedecer e comprar.

Antes de tudo, é preciso ouvir alguns que precederam. Alguns que deram a vida mas nem sempre seu legado o povo conhece. Ouvi-los para aprender a humanizar para educar para liberdade. A crítica tem de trazer a nova cultura.A escola só educara quando souber o que é educação: enquanto não, quando muito alfabetizara e reproduzira saberes estanques de ciências humanas não muito exatas e de exatas não muito humanas.

6 — Cultura de massa e cultura da massa

A consciência crítica, ao ter ciência das coisas, age (dialoga) com a natureza (mundo das realidades), reino dos objetos e dos homens.

Num primeiro estágio, o conceito de cultura representa o saber, o conhecimento. Tem cultura aquele que conhece, que detém algum conhecimento, mesmo que fique naquele nível do senso comum. É aquilo que se fez para a formação do indivíduo, sua inteligência, seus gestos e gosto e sua sensibilidade. Assim, os que não carregam diplomas também tem sua cultura. Num estágio seguinte, e aquele conjunto bastante amplo de saberes, pertencentes a determinada civilização. Trata-se do saber que marcou aquela era: a cultura helênica, por exemplo, a cultura do Nordeste do Brasil, etc.

Todo processo cultural supõe a ação do ser humano em fases da História, regiões, países do planeta terra.

Neste caso, quando se opõe à natureza, a cultura tem dois aspectos: a) conjunto de representações comportamentais formados nas relações sociais; b) é o esforço de vivência, assimilação e troca dos elementos vividos pelos indivíduos e grupos. Trata-se do processo de socialização de ideias, ritos, costumes formados ao longo do tempo. Aqui, houve um grande impulso na penetração e desenvolvimento com a chegada dos meios de massa que é um sistema destinado a divulgar o patrimônio construído pelos habitantes de determinadas regiões, expostos a audiência, (visão, escrita, imagem, etc.). Trata-se de ação vaga, superficial e, por vezes, imprecisa e até maléfica aos princípios da ética.

Da mesma forma que é fabricada a “cultura dos meios”, de uma maneira abrangente, também se leva este bolo para consumo, sem o devido diálogo. O conjunto é assimilado passivamente.

Esta cultura levada à massa, não tem quase nenhum respeito às condições destas faixas populacionais. O “povão” “engole” aqueles conjuntos como animais quando são “cevados” para o sacrifício no dia da festa. O importante é engolir… Assimilar? Ah! Isto fica por conta do acaso, da sorte.

Neste falso banquete de engorda, dizem autores como Louis ALTHUSSER, o tempero é a ideologia que é o contrário da ciência ou do conhecimento exato. A ideologia é feita de meias verdades e falseia o pensamento e seus efeitos.

De fato, o volume veiculado pela mídia tem o nome de cultura: mas, quando muito, leva e impõe um caldo cultural identificado como cultura pop ou “cultura de massa”. Esta, muito estreita e frágil, quando comparada com a textura cultural que, ao longo do tempo, com empenho e arte diverte, instrui e educa o povo porque é cultura nascida da massa.

São muitos os engôdos, isto é, na mensagem midiática passa muita inverdade que, hoje, tem nome dado pela “cultura americana”: “Fake News”. São notícias propositalmente distorcidas. Este vai e vem de mentiras é o que os estudiosos franceses da comunicação chamam de “le remeur” e nós identificamos como “boatos”.

No Brasil, há poucos meses (out. 2018) a “povocracia” foi levada às urnas. Curiosamente, no processo eleitoral, manteve-se o meio forte que continua sendo a TV… desde 1960! Porém, algo nova agora surgiu na intimidade das pessoas. O celular recebe, fala, demonstra e leva o proprietário a passar a mensagem adiante. Fala ao ouvido… É um segredo, um convite… uma “ordem”. A poderosa “NET”, à semelhança de invisível bactéria, tem desafiado as grandes redes.

Falou-se bastante, na campanha, em verdade e libertação. A Bíblia fala que “a verdade nos libertará”. A massa só se libertará com a Bíblia e com o respeito à sua cultura. São duas colunas mestras. Assim se expressam os que tudo edificam sobre a PALAVRA.

É preciso fazer ver ao povo o critério do evangelista João 8–32, pois Goebbels, o assessor de comunicação nazista divulgava ideias do chefe mentiroso e agressivo, repetindo as notícias falsas, é claro! O assessor de Hitler ensinava: “repita-se bastante e a mentira se tornará verdade”. A aparência de verdade é o pior dos laços e não vai libertar nem mesmo os incautos e inocentes que vão acreditar.

Sobre o Autor

Severino Gomes de Sousa Filho exerceu as funções de professor em algumas Universidades e Faculdades brasileiras. Por muitos anos, lecionou nas Universidades Federal de Campina Grande e Estadual da Paraíba. É graduado em Filosofia e Teologia pelo Seminário Regional do Nordeste Recife-PE. Tem Licenciatura e Mestrado (MA) pela Universidade Católica de Louvain-Bélgica (1971/1974). Na área específica de concentração dos seus estudos: Publicidade e Propaganda, elaborou o trabalho de conclusão de curso sobre o tema: A Função dos Meios de Comunicação Social na Sociedade de Consumo. O professor Severino Gomes, também conhecido como “professor Biu”, tem trabalhos publicados em revistas brasileiras, de circulação nacional, nas áreas de Filosofia, Comunicação e Teologia. Ao longo de sua carreira docente, publicou alguns livros, com destaque para: Prática e Teoria do Conhecimento; Por uma Filosofia da Comunicação; Tendências; e Igreja, Mistério e Missão. Hoje, aos 77 anos, é professor aposentado da Universidade Federal de Campina Grande- UFCG.

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