Ética e apuração jornalística: a indignação do repórter Eric Faria com a ESPN Brasil

Mariana Faria
Observatório de Mídia
2 min readNov 14, 2017
Print da conta do twitter do repórter Eric Faria

No jogo entre Santos e Flamengo, em partida válida pela Copa do Brasil em julho deste ano, o time paulista teve um pênalti anulado, lance em que o árbitro Leandro Vuaden voltou atrás após ter marcado a penalidade para os mandantes na Vila Belmiro. O ocorrido gerou muita polêmica.

Além da demora de 1m11s para a confirmação da decisão final do árbitro, o Santos acusou o repórter de campo da Globo, Eric Faria, a interferir na decisão da arbitragem ao conversar com o 4º árbitro.

O repórter usou sua conta do Twitter para expressar sua indignação, como mostra a imagem acima. Entretanto a matéria da ESPN dizia que o Santos afirmou suposta interferência do repórter, mesmo sem publicar num primeiro momento a carta do clube paulista sobre. O caso chama atenção pois se trata de um jornalista acusando um veículo jornalístico de falta de profissionalismo.

Se analisarmos o Código de Ética dos jornalistas brasileiro no seu artigo de número 7 “O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade do fatos, e seu trabalho se pauta pela precisa apuração dos acontecimentos e sua correta divulgação”, há com certeza a falta de apuração na matéria, pois num primeiro momento o argumento era vago (o ofício do Santos não tinha ainda sido divulgado).

Com isso, a ESPN usou termos como “suposta câmera” e dizia que fontes próximas do clube e do presidente do Santos, Modesto Roma, que forneceram tais informações sobre a suposta interferência do repórter Eric Faria. O oitavo artigo do Código de Ética indica que “sempre que considerar correto e necessário, o jornalista resguardará a origem e identidade das suas fontes de informação”, mas em caso de uma acusação grave como a da situação, a divulgação da fonte talvez fosse necessária mesmo que a escolha seja do jornalista.

O problema então, se dá que até o momento da divulgação do ofício da diretoria do Santos à CBF pedindo a anulação do jogo e também até a reportagem apresentar uma resposta do presidente do clube paulista, pois a apuração estava vaga.

Embora a ESPN não tenha acusado o repórter Eric Faria, é notável a falta de respeito com o profissional, conforme o artigo 14 “ o jornalista deve (…) b) tratar com respeito a todas pessoas mencionadas nas informações que divulgar”, porque a situação é delicada e não tinha argumentos concretos antes da divulgação da carta.

Ainda que o repórter Eric Faria, conforme diz a matéria que não quis se manifestar quando procurado pela ESPN, a indignação dele (no momento em que a reportagem foi divulgada de maneira vaga e pouco plausível) é compreensível já que a base do jornalismo de qualidade é a apuração bem feita.

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