Alienígenas, Record e o jornalismo

Danilo Mendes
Observatório de Mídia
2 min readJan 8, 2018

A divulgação da informação precisa e correta é um dos preceitos do jornalismo, mas como podemos julgar a veracidade dos fatos e o interesse público nas matérias que envolvem fatos extraordinários?

Em 2010 a Rede Record conseguiu entrevistar o ET Bilu

Em especial, nos casos que envolvem OVNI’s, extraterrestres e abduções, parece não haver uma separação muito grande entre os fatos e as dramatizações. A Rede Record tem um grande histórico de reportagens tratando destes temas, do famoso ET Bilu e a sua mensagem para a Terra até pessoas que dizem ter o DNA de alienígenas e até um programa inteiro sobre o assunto, como foi o Câmera Record de 15 de agosto de 2008, que pode ser encontrado no youtube.

Tomando como exemplo a reportagem sobre o OVNI avistado em Lençóis Paulista em março de 2011, vemos a Record repercutindo um boato, com base numa montagem que depois foi descoberta como parte de uma campanha publicitária (a página desta matéria não está mais disponível no site da emissora). A equipe relaciona o vídeo aos tremores que ocorreram na cidade, mas que não são nem do mesmo dia, sem citar as outras hipóteses para os tremores e coletam relatos que não acrescentam nada para a informação. O especialista que analisou as matérias não é apresentado, e sua análise é superficial. Outro ponto é terem cortado o início do vídeo original, retirando a atuação dos publicitários responsáveis, que dava menos credibilidade ao já não crível OVNI.

Como estas matérias altamente estilizadas, com base apenas em relatos, fontes únicas, muita dramatização e o uso frequente da palavra “suposto” recebem espaço no horário nobre da emissora? É possível fazer um bom jornalismo tratando destes temas? As respostas nós ainda não temos, mas a mensagem que fica é “apenas que…busquem conhecimento!”

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