Rafael Toledo
Observatório de Mídia
3 min readJan 5, 2018

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Como os millennials influenciam a comunicação?

Foto via pixabay.com

Apoiado à ideia de que a Comunicação se constituiu com base nas premissas das Ciências Sociais Humanas, o surgimento de diferentes gerações carregam o estigma dos processos e ferramentas que formam a sociedade durante o despertar desses grupos. Foi o que aconteceu com os millennials (ou geração Y), grupo formado por uma faixa etária que abrange os nascidos entre 1978 e 1995, que foi capaz de influenciar desde o mercado financeiro global até os comportamentos através de tendências propagadas pelos meios de comunicação que despontaram como os favoritos dessa categoria. Esses são, sobretudo, representantes do avanço tecnológico obtido com as pesquisas e teorias alimentadas a partir da segunda metade do século XX.

Frutos dessa evolução, como as mídias digitais, tornam-se os aliados da onipresença de personalidade e da atemporalidade dentro da rotina. Tais características são enfatizadas com o número de atualizações que sobrecarregam o sistema de notebooks e smartphones, com as quais originam novas interações entre comunicador e comunicado. Nesse contexto, é plausível levantar o debate de como a recepção se altera com as novas artimanhas tecnológicas, capazes de encurtar distâncias e elevar o grau de intimidade—sem quaisquer resquícios de contatos antecedentes — com o sujeito que ganha um novo seguidor.

Os millennials que, segundo apontamento plataforma de pesquisa do Google, Google BrandLab, divide-se em duas categorias — “old millennials” e “young millennials” — , mas tem em comum o acesso ilimitado à internet. Como não dizer então que os mesmos não se tornam agentes da construção comunicacional? A velocidade e o imediatismo da reprodução de informações se revelam elementos presentes nos requisitos do convívio social.

O indivíduo submetido a essa cadeia de fluxos informacionais passa a ser reflexo da sua própria produção, pois, ao mesmo tempo que atua como receptor, o mesmo encontra-se apto a produzir conteúdo e dissipá-lo, bem como aquele(a) que detém seu “follow”. Esse fato, quando comparado às teses iniciais comunicacionais, revela a diferença no papel do ser social que perpassa de um personagem passivo “gritante” — termo empregado apenas como adjetivo de exagero, porque a pouca voz era a maior característica— para a atuação e influência em todos os eixos sociais.

Prontamente, o clique no celular para saber se a personalidade “seguida” publicou algo novo, ou se a mesma veiculou a resenha de algum produto enviado por uma grande marca, são situações que comprovam que o impacto da também conhecida como geração Y, permeada por “estrelas cibernéticas”, demonstra que o mercado financeiro e o campo social são alvos.

O êxito da classe de jovens do millenium está na atenção dada a funções de pessoas que, atualmente, sustentam-se através da dissipação de suas ideologias e imagens. A doutora em Antropologia Rosalia Winocour afirma em seu livro Robinson Crusoé ya tiene celular: la conexión como espacio de control de la incertidumbre que o meio corrobora com a dedicação à produção de conteúdo e à alimentação das redes, pois, nesses espaços, o simbolismo de um lugar, onde a autonomia e a liberdade de expressão são praticadas, é encontrado em conexão a outros indivíduos que desfrutam das mesmas ferramentas.

Não há um questionamento certeiro sobre o benefício ou malefício que esse processo possa representar — e seria demasiadamente generalista comentá-lo — , mas a influência é certa e tem conquistado ainda mais espaço, como resultado de uma comunicação que não espera o dia seguinte para ser realizada.

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