Crítica ou jabá? Mídia é acusada de vender sua opinião

Grandes sites como o Omelete já foram acusados por seus fãs de entregarem uma crítica favorável a produtos de patrocinadores.

No mundo da crítica jornalística é muito difícil de se lidar com o caráter subjetivo que cada autor expressa ao escrever seus textos críticos.No entanto, é ainda mais difícil descobrir e afirmar se o resultado final desses textos sofreu , ou não, com influências externas àquelas do subjetivismo do autor.

Em alguns casos, o exacerbado contraste entre a opinião de um crítico famoso em relação aos demais, pode gerar um certo anseio quanto à veracidade da análise.Grandes empresas também não estão fora desse quadro, principalmente quando se pensa que alguns veículos devem analisar os mesmos produtos que estão nas áreas de publicidade de suas páginas e sites.

Um bom exemplo pôde ser visto na análise do filme Quarteto Fantástico( 2015), realizada pelo site Omelete. Reconhecido por ser um dos maiores portais de crítica cultural do Brasil, o site estampou a propaganda do filme no seu site. Qualquer visitante que tentasse acessar o endereço do Omelete, teria primeiro que fechar uma página com o cartaz do filme.

Não há nada de errado em estampar a publicidade dos seus patrocinadores e, portanto, o público não teve motivos para manifestar-se. No entanto, quando a crítica do site mostrou um ponto de vista diferente da enxurrada de críticas negativas que haviam sido feitas sobre o filme, algo mudou.

O público utilizou as diversas redes sociais para demonstrar o descontentamento com o site.Dentro dos comentários, muitas pessoas acusaram o site de estar vendendo uma crítica positiva ao seu patrocinador.No entanto, com quanta certeza se pode afirmar que esse veredito não foi a expressão de uma opinião real?É nessa encruzilhada, porém, que podemos encontrar uma das questões mais importantes, “ como podemos saber a diferença entre a crítica e o merchandising?”

Quando trazemos essa questão à tona, podemos também nos lembrar do código de ética do jornalismo, que diz: “O jornalista não pode divulgar informações visando o interesse pessoal ou visando vantagem econômica” e “O jornalista não pode valer-se da condição de jornalista para obter vantagens pessoais?”.

Logo, é óbvio o dever do jornalista de informar ao público quando suas publicações forem obras que prestam um serviço de propaganda aos mais diversos produtos e serviços.Infelizmente, outra pergunta surge, “Como ter certeza de que o jornalista está realizando esse dever ético?”

Esse pensamento, por sua vez, vale não apenas para o jornalismo crítico mas para todas as áreas dessa profissão. Todos os dias vemos grupos ideológicos distintos acusando os meios de comunicação de oferecer uma visão imparcial e benéfica àqueles que os apoiam.E de novo, infelizmente, nós não podemos culpá- los.

Vale lembrar que alguns dos maiores veículos de comunicação do país recebem, constantemente, acusações de exercer um caráter imparcial na cobertura de eventos, como foi o caso da Rede Globo durante o processo de impeachment da ex- presidenta, Dilma.

Em um mundo não utópico, sabemos que os meios de comunicação estabelecem determinados pontos de vista e que seu apoio é fator chave na tomada de poder público. Por isso, se faz necessária uma nova análise atividade ética do jornalista, ao esclarecer suas tomadas de decisões ou negando determinadas formas de patrocínio.

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