Feminismo no site da revista Marie Claire

Nádia Linhares
Observatório de Mídia
3 min readDec 31, 2017

A revista é conhecida por ser uma das poucas revistas femininas que abordam o assunto

Sabemos que revistas femininas costumam reforçar esteriótipos sobre a mulher que o feminismo combate. Geralmente, revistas para mulheres só possuem material sobre moda, culinária, beleza, celebridades e relacionamentos amorosos. Isso mostra que a mulher se interessa, ou, indo mais longe, se reduz à apenas a típica dona de casa que precisa saber se vestir e como tratar o marido. Mas a revista se orgulha de também tratar sobre o feminismo e sobre sexo, além dos assuntos típicos citados a cima.

A revista foi primeiro lançada na França 1937 e veio para o Brasil em 1991. É uma revista mensal voltada para um público mais adulto, mas que não se prende a uma faixa etária. Visa um público mais classe média, sua assinatura da edição impressa e digital custa R$10,90. Seu slogan, de acordo com o site oficial, é Chique é ser inteligente, a revista adota uma linha editorial que também expõe temas polêmicos sobre comportamento e denúncias de violação dos direitos humanos. Já na fan page oficial da revista no Facebook, o slogan é Se importa para as mulheres, está em Marie Claire.

Ao pesquisar sobre as matérias postadas na página da revista com a temática feminista, podemos observar que foram matérias publicadas durante todo o ano, isto é, pelo menos uma matéria por mês foi postada no site. Todas essas primeiras matérias ou entrevistas que apareceram na pesquisa são curtas e apenas arranham a superfície do feminismo. O tamanho pode ser explicado por ser no site, já que as matérias mais elaboradas são utilizadas na revista, mas ainda assim, a revista não se aproxima muito do feminismo.

A distância é notável nas entrevistas que são postas de forma direta na matéria, deixando o entrevistado fazer o discurso sem elaborar em cima do que é falado. Um exemplo é a matéria sobre aplicativos de carros para mulheres. A manchete da matéria chama bastante atenção e quando entramos na matéria, a entrevista está na íntegra apenas com uma introdução antes. A autora da matéria não desenvolve envolta da entrevista mesmo sendo um assunto que daria para desenvolver bastante, por isso falo do distanciamento.

As outras matéria que mencionam o feminismo sempre estão relacionadas à outras coisas, como uma conto, uma exposição ou um documentário. Duas matérias me chamaram a atenção durante a pesquisa: uma entrevista com uma modelo e a notícia sobre “feminismo” ser eleita a palavra do ano por um dicionário. A entrevista é da mesma forma que a feita sobre os aplicativos de carro para mulher, é a entrevista na íntegra com uma introdução, sem um desenvolvimento. E a notícia, que poderia ter resgatado diversos marcos do movimento feminista desse ano, foi uma pequena nota sobre a decisão do dicionário.

Dessa forma, pelas primeiras matéria que apareceram na pesquisa, podemos dizer que a Marie Claire não fala sobre feminismo, ela menciona o feminismo, pelo menos no site da revista que é onde a maioria pode ter acesso. Mas apesar de só mencionar, pode ser o começo de uma pesquisa maior para outras mulheres, mesmo a mais lidas do site serem sobre celebridades e moda.

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