Jornalista William Waack é racista!

Heloísa Manduca
Observatório de Mídia
3 min readDec 16, 2017

Âncora da Globo faz insulto com ‘é coisa de preto’ minutos antes de ir ao ar

(Jornalista William Waack, ex-âncora do Jornal da Globo./ Foto: Reprodução/ GLOBO)

“Tá buzinando por quê, seu merda do cacete? Não vou nem falar, porque eu sei quem é… é preto. É coisa de preto”. Essa foi a declaração racista que o jornalista William Waack fez em um vídeo que circulou pela internet no dia 8 de novembro. São imagens dos bastidores, minutos antes de ele entrar ao vivo pela Rede Globo de televisão.

O registro possui menos de 30 segundos de duração, mas já suficientes para Waack mostrar sua verdadeira face enquanto jornalista e marcar permanentemente sua carreira. Na gravação, o jornalista Paulo Sotero aparece ao lado de William e rindo com o que acabou de ouvir. Sotero é o diretor da Instituição Wilson Center de Washington, nos Estados Unidos, um dos mais poderosos think tanks do mundo.

A cena aconteceu há cerca de um ano atrás, durante a cobertura das eleições presidenciais dos Estados Unidos. Porém, o vídeo só foi liberado este ano, quando ganhou repercussão. Ele foi publicado pelo perfil de Jorge Tadeu, no Twitter. Em entrevista para o site Pragmatismo Político, os responsáveis pelas imagens se manifestaram.

“ ‘Soltei o vídeo em um grupo de líderes do movimento negro’, afirma. ‘Mas não foi premeditado essa repercussão, a ideia era mostrar para os amigos que um jornalista influente como ele também poderia ser racista’. Indagados porque só divulgaram o vídeo agora, quase um ano depois, ambos explicam que já haviam mostrado isso para a imprensa, mas não teve a mesma repercussão de agora. ‘Chegamos a ouvir, ‘se não é do William Bonner’, não interessa’, diz Ramos.”

Diego Rocha Pereira, 28, foi operador de VT, ex-funcionário da Rede Globo e o designer gráfico Robson Cordeiro Ramos, 29, ambos negros, disseram que se sentiram afetados pelos comentários racistas do jornalista.

De acordo com o Código de Ética dos jornalistas brasileiros:

Art. 10. O jornalista não pode:
d) Concordar com a prática de perseguição ou discriminação por motivos sociais, políticos, religiosos, raciais, de sexo e de orientação sexual.

Prática que foi descumprida por Waack. Ainda que não estivesse no ar, ele certamente estava em seu ambiente de trabalho, acompanhado por outras pessoas e, em hipótese alguma, poderia ter proferido tal declaração racista. Após o ocorrido, a Globo se manifestou:

“A Globo é visceralmente contra o racismo em todas as suas formas e manifestações. Nenhuma circunstância pode servir de atenuante. Diante disso, a Globo está afastando o apresentador William Waack de suas funções em decorrência do vídeo que passou hoje a circular na internet, até que a situação esteja esclarecida.”

Após o ocorrido, o ator Lázaro Ramos também publicou uma manifestação de repúdio através do seu Instagram:

Nos Estados Unidos, jornalistas que fazem declarações racistas muitas vezes perdem seus empregos. Wendy Bell, por exemplo, passou 18 anos cobrindo assuntos locais pela afiliada da emissora ABC em Pittsburgh. Foi vencedora de 21 Emmys regionais, mas colocou tudo a perder quando postou no seu Facebook: “Você não precisa ser profissional da polícia para descobrir quem são os assassinos de duas semanas atrás… Eles são jovens homens negros, adolescentes ou de 20 e pouco anos”.

E no Brasil? Até quando vamos tolerar declarações de cunho racista? Após o ocorrido, William Waack foi apenas afastado de suas atividades na televisão e teve o caso, de certa forma, abafado.

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Heloísa Manduca
Observatório de Mídia

Estudante de Comunicação Social — Jornalismo, UNESP/ Bauru.