Jornalistas arriscam a vida diariamente para defender os direitos da sociedade moderna
Um jornalista é morto por semana, segundo dados da UNESCO
É função do jornalista ter o maior cuidado possível para averiguar as informações que recebe e ,assim , não prejudicar qualquer um que esteja envolvido no assunto em questão. No entanto, essa busca constante pela verdade pode levar o jornalista a situações de risco.
Casos de profissionais que são mortos, simplesmente por estarem cumprindo seus deveres, assustam os novos profissionais do mercado. Jovens estudantes não procuram mais o ramo do jornalismo investigativo devido ao medo de se encontrarem em situações perigosas. Além de se preocuparem em mostrar resultados ao ingressarem no mercado de trabalho, os novos jornalistas devem tomar cuidado para não entrarem em campos perigosos tendo em vista sua falta de experiência.
Veículos pequenos se aproveitam de free lancers e novos jornalistas com a promessa de carreiras tentadoras, mas usam a nova mão de obra para realizar trabalhos que os membros mais “renomados” não aceitariam. Usando de táticas como intimidação, os veículos prometem demitir o funcionário caso ele não colabore. Outro meio de tentar convencer o jovem jornalista é através do seguro que as empresas possuem, garantindo uma compensação financeira em caso de acidentes.
Logo repórteres vão até áreas de risco, cercadas por crimes e péssimas condições de higiene, para cumprir uma exigência de seus novos patrões.No entanto, não são apenas adolescentes e desconhecidos que são colocados em situação de perigo extremo
Podemos lembrar de nomes de jornalistas mais experientes que sofreram com a violência e o perigo da profissão jornalística. Giuliana Vallone, repórter da Folha que foi ferida em uma das manifestações de 2013 e Larissa Fernandes, repórter da TV Paraíba que foi assaltada em meio a uma reportagem sobre falta de segurança, são dois exemplos de jornalistas que se viram cercadas em meio à violência do meio de trabalho.
Um caso mais curioso é o do repórter da TV Correio, Josenildo Gonçalves. Durante uma reportagem, ele e seu cinegrafista presenciaram a execução de uma pessoa. Devido às suas reações, o vídeo “Corre Berg” tornou- se um viral na internet .
No entanto, talvez o caso mais chocante tenha sido o de Tim Lopes. Conhecido como Arcanjo Antonio Lopes do Nascimento, Tim Lopes foi sequestrado, torturado e assassinado por traficantes. Na época ele escrevia uma matéria sobre abuso de menores e tráfico de drogas.
Se apenas estes exemplos não são o suficiente para comprovar a insegurança no ambiente de trabalho do jornalista, podemos verificar os dados levantados pela ONG Repórteres Sem Fronteiras. De acordo com o grupo, 900 jornalistas foram mortos entre os anos de 2002 e 2015. Além disso, 9 entre 10 casos de violência com esses trabalhadores ficam impunes.
Dados da diretoria- geral da UNESCO também alertam, um jornalista é morto por semana. A maioria das mortes ocorre no próprio ambiente do repórter e não em solo internacional.
Sabendo desse cenário terrível para a comunidade jornalística, a ONU declarou o dia 2 de Novembro como o Dia Internacional pelo Fim da Impunidade dos Crimes contra Jornalistas. Buscando uma abordagem mais prática, a ONU iniciou em 2010 o “Plano de Ação da ONU para a Segurança de Jornalistas e a Questão da Impunidade”.
A ideia da ação visa, entre outros pontos, ajudar governos a criar “leis sobre segurança e liberdade de expressão, sensibilização pública, treinamento de segurança e segurança eletrônica, prestação de atendimento médico, mecanismos de respostas de emergência, zonas de conflito, descriminalização da difamação e remuneração de jornalistas.”
É bom ver que as organizações estão começando a reconhecer o trabalho do jornalista como peça chave para a defesa da democracia e, portanto, pretendem elaborar novas formas de proteger esses trabalhadores. No entanto, essas formulações serão frágeis se os grandes detentores de poder não se derem conta da questão ética desse assunto.
É óbvio que o papel do jornalista traz consigo os riscos do ofício, mas enquanto a população continuar a usar os meios de comunicação para caçoar do ambiente de violência e chefes de veículos não souberem colocar a segurança de seus trabalhadores em primeiro lugar, o jornalismo e a liberdade de expressão não conseguirão sobreviver.