Mídia-educação: explanações e reflexões

Ariely Polidoro
Observatório de Mídia
3 min readDec 19, 2017

O que é mídia-educação? Esse conceito, relativamente novo e que ascende nos meios acadêmicos cada vez mais, vem para trazer à luz do conhecimento, alternativas de educação midiática.

Ela nada mais é do que um modo de conciliar a comunicação nos processos educativos, de forma que seus agentes sejam estimulados a explorar a mídia como meio de socialização, reflexão e aprendizagem.

Esses estudos iniciam-se na década de 1960, no Canadá, Estados Unidos e Europa. Seus teóricos enxergaram na mídia-educação uma alternativa para os efeitos do mass media, responsável pela uniformização da capacidade do público de perceber a realidade.

Colocando desta forma, o conceito pode parecer muito subjetivo. Entretanto, quando se estabelece uma inserção de meios comunicativos em ambientes organicamente educativos, o processo de aprendizagem ganha uma via de mão dupla, já que as duas áreas, comunicação e educação, acabam se complementando.

As autoras Evelyne Bévort e Maria Luiza Belloni afirmam em seu artigo “Mídia-Educação: conceito, histórias e perspectivas” que as tecnologias de informação e comunicação são jogadas no ambiente educacional muitas vezes de forma negativa. E elas não estão erradas. Quantas vezes você já ouviu seu professor do fundamental ou médio dizer que “tal veículo só manipula”, “aquele jornal é de esquerda” ou frases similares?

(Não estou questionando se estas afirmações estão certas ou erradas, este não é o foco do texto).

Mais do que absorção, as tecnologias de informação e comunicação têm de ser facilitadoras do compartilhamento

Onde quero chegar: por que não inserir este veículo na aprendizagem e analisar por quais motivos ele manipula? Por que não levantar a reflexão sobre o que faz um jornal ser de esquerda, direita, centro e assim por diante?

Por que não promover a produção de qualquer tipo midiático (um zine ou jornal mural) como meio de expressão e debate?

Se essas sutilezas fossem mudadas, já favoreceria um consumo mais cidadão da mídia, já que ela é parte fundamental na construção da percepção que o ser humano tem da realidade.

Uma educação midiática também é essencial quando se fala de participação e produção criativa. Esses dois elementos podem resultar do olhar crítico que as pessoas têm da mídia. E por quê? Porque nela se encontra, hoje, uma extensão da vida humana; nela existem ferramentas que possibilitam a participação democrática, o debate e reflexões sobre diversos temas gestores do cotidiano.

Por último, é importante ressaltar as facetas da mídia-educação. Ela estuda sobre a mídia; usa a mídia como instrumento de intervenção social através da produção e expressão; constrói com a mídia práticas educacionais.

Este texto quis, de forma sucinta e simplificada, exemplificar o que é essa tal mídia-educação. Para os comunicadores, especificamente os jornalistas, é importante pensar além do fazer jornalístico, do mero escrever notícia. Aqueles por trás da produção midiática precisam pensar (e isso é extremamente utópico, admito) que, o que eles veiculam podem ser instrumentos de promoção da autonomia, do pensamento crítico e do caráter cidadão da sociedade.

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