O jornalista esportivo x o esportista:quando a crítica é levada para o pessoal

Lucas de Avila
Observatório de Mídia

--

A cultura da crítica no jornalismo esportivo está enraizada nele desde sua existência.E, junto com ela, as discussões e até agressões cometidas pelos atletas chamam a atenção do público.

No dia 21 de dezembro, em programa do canal Fox Sports, o jogador Emerson Sheik foi perguntado pelo ex-atleta e agora comentarista Edmundo quanto ao seu futuro clube, e se haveria alguma chance de Sheik retornar ao seu clube de coração.Irritado, Emerson criticou o comentarista e demonstrou mágoa com o episódio, visto que já haviam sido companheiros de clube há anos atrás.

Esse é apenas o mais recente, e talvez um dos menos polêmicos, casos de trocas de farpas entre jogadores e jornalistas.O histórico de brigas entre as duas classes já é bem antigo, e parece que nunca as diferenças se resolvem.Edmundo, inclusive, é um exemplo de alguém que já esteve envolvido em tais polêmicas de ambos os lados.Mas o que leva um atleta a perder a cabeça com um comentário, uma pergunta ou uma crítica?

Jorge Cajuru e o boxeador Marinho quase foram às vias de fato.

As variáveis são muitas e é uma questão difícil de se atribuir culpa, por vezes.Casos de informação sem responsabilidade (como no caso Juca Kfouri x Eduardo Batista, onde uma informação dada pelo jornalista foi rebatida pelo treinador palmeirense, que foi chamado de “maleável” por Juca), críticas que não são bem aceitas ou até puro e simples destempero com um profissional da informação, como por exemplo no caso envolvendo o jornalista Alex Escobar, que foi xingado e destratado pelo técnico da Seleção Brasileira Dunga apenas por estar falando no telefone durante coletiva.

A questão social pode ser abordada, uma vez que a maioria dos atletas sai das classes mais baixas da sociedade e acaba por largar a educação básica para realizar o sonho de ser jogador profissional.Assim, por vezes há uma falta de equilíbrio e calma para lidar com certas situações de crítica.

Mas e quando a crítica é feita sem responsabilidade e feita apenas para chamar atenção e ganhar audiência?Nas Olimpíadas de 2016, o comentarista da Bandeirantes e ex-jogador Neto foi às suas mídias sociais criticar os jogadores da seleção Olímpica.Após conquistar o ouro na modalidade, os jogadores encheram a postagem de comentários ironizando o comentário de Neto que, mesmo não formado em jornalismo, se trata de um formador de opinião pública e, tal qual qualquer jornalista, deve ter responsabilidade pelo que diz, seja durante seu programa ou em postagens nas redes sociais.

É parte do trabalho do jornalista fazer a crítica, em qualquer meio e não apenas no cenário esportivo.Mas ela deve ser feita com responsabilidade e sem ser ofensiva à pessoa ou aos seus próximos, e embasada por arguementação.A crítica pela crítica não traz nada além da tentativa de polemizar e aparecer.Quanto aos atletas se sentirem ofendidos, isso provavelmente sempre acontecerá.Cabe ao jornalista ser equilibrado e não entrar em polêmicas e brigas desnecessárias, já que essas acabam apenas por favorecer o outro lado da moeda sempre.

Discussão envolvendo o atacante Neto Berola e o comentarista Bob Faria acabou causando a demissão do jornalista Lélio Gustavo, que saiu em defesa do companheiro de profissão.

--

--