Rapidez da informação: atentado em show de Ariana Grande

Rhaida Bavia
Observatório de Mídia
2 min readJan 5, 2018
Ariana Grande visitando vítima do atentado em Manchester.Reprodução/Twitter/1lovemanchester

Em 22 de maio de 2017, no final de um show da cantora Ariana Grande na arena Manchester, no Reino Unido, ocorreu uma explosão ocasionada por um homem-bomba, que estava do lado de fora do estádio onde ocorria a apresentação. Dezenas de pessoas ficaram feridas, e mais de 22 morreram. Entre elas estavam crianças e adolescentes, público majoritário da artista.

A notícia de que o atentado havia ocorrido começou pelo Twitter, quando fãs que estavam no show capturaram vídeos e imagens do pânico que havia se instalado no ambiente e compartilharam na rede social:

https://twitter.com/hannawwh/status/866775833553379328?ref_src=twsrc%5Etfw&ref_url=https%3A%2F%2Fg1.globo.com%2Fmundo%2Fnoticia%2Festouro-e-ouvido-perto-de-arena-de-manchester.ghtml

Os outros veículos jornalísticos como televisão por exemplo, só chegaram depois para cobrir a notícia. Isso é um sinal da transformação que está ocorrendo na relação “emissor-receptor”.

As pessoas que compartilharam vídeos e fotos do ocorrido no Twitter, em sua grande maioria, não eram jornalistas. Eram apenas pessoas que estavam no local, presenciaram aquela situação, registraram, e quiseram compartilhar com o restante de nós usando uma rede social. Através do compartilhamento desse conteúdo, essas pessoas tornaram-se produtores de notícia.

É evidente que com o avanço da tecnologia e a expansão do acesso à internet, estamos cada vez mais conectados virtualmente enquanto sociedade. Diante disso, a passividade do receptor vai se tornando cada vez menor, pois ele também se enxerga como possível emissor de informação.

Se pararmos para pensar de forma um tanto quanto apocalíptica, podemos nos deparar com o questionamento sobre o possível fim da profissão de jornalista, visto que qualquer um pode produzir conteúdo a qualquer momento, certo?

Errado. Essas transformações na relação “emissor-receptor” não necessariamente implicam no fim da profissão, mas na transfiguração de uma hierarquia antiga, que apenas não se encaixa mais na realidade na qual estamos inseridos no momento. Não é o fim, mas também não é o começo de nada novo. É a oportunidade para uma adaptação profissional.

Diante da velocidade da informação, não há como esperar que somente um grupo seja responsável por compartilha-la, e a rapidez na divulgação do que aconteceu no show é o perfeito exemplo disso. Através da informação compartilhada por uma adolescente no Twitter, milhares de pessoas foram conscientizadas do que estava acontecendo na arena Manchester, e assim, posteriormente, foi feita uma cobertura mais profissional e precisa do atentado.

É importante refletir sobre o papel da sociedade quando se trata de relatar fatos e produzir notícias, e também sobre o compromisso do profissional da comunicação em se adequar à nova realidade, compreendendo que a relação “emissor-receptor” está passando por transformações, assim como o Jornalismo

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