RAQUEL SHEHERAZADE

Karina Rofato
Observatório de Mídia
4 min readJan 5, 2018

FALTA DE IMPARCIALIDADE OU FALTA DE ÉTICA?

Um dos temas mais debatidos no jornalismo atual é a questão da imparcialidade. Para quem não sabe o que significa, trata da atuação do jornalista de forma isenta na produção da notícia ou reportagem, ouvindo os dois lados da história sem se posicionar frente ao fato. Assim, deixa para o leitor/ouvinte/telespectador ou internauta fazer suas próprias conclusões, sem induzi-lo a qualquer opinião.

Fonte: www.casadasfocas.com.br

Rachel Sheherazade, nasceu em João Pessoa, 5 de setembro de 1973. Ela é uma jornalista brasileira, atualmente é âncora do telejornal SBT Brasil. Entre 2014 e 2015, foi âncora do tradicional Jornal da Manhã da rádio Jovem Pan. É conhecida por diversas críticas a vários temas, inclusive os vídeos dos seus comentários têm ganhado o mundo, sendo dublados e legendados em diversos idiomas.

Em fevereiro de 2011, quando ainda trabalhava na TV Tambaú, criticou duramente o Carnaval na Paraíba. O vídeo foi postado no YouTube, fazendo com que a apresentadora ganhasse projeção nacional. Com isso, a apresentadora foi convidada por Silvio Santos a ir para a matriz do SBT, em São Paulo.

Em 30 de novembro de 2012, sobre a mensagem: “Deus seja Louvado” nas notas de real, a apresentadora afirmou que os defensores do laicismo são “ingratos” para com o cristianismo. Segundo ela, é o responsável por princípios como liberdade, honestidade, respeito e justiça e afirmou ainda que “o próximo alvo dos laicistas” será a constituição, para dali tentar tirar a referência a Deus. Já no dia 20 de março de 2013, Sheherazade defendeu a postura do pastor e deputado federal Marco Feliciano, conhecido por suas críticas polêmicas ao aborto, ao afirmar que ele tem o direito de manifestar opiniões e que foi eleito democraticamente.

Em 4 de fevereiro de 2014, Sheherazade comentou a ação de um grupo de pessoas que espancou um assaltante adolescente e o prendeu pelo pescoço a um poste com uma tranca de bicicleta, dizendo que o acontecimento era “até compreensível” e que aconteceu uma “legítima defesa coletiva” contra a violência urbana.

A jornalista classificou o caso como resultado da “desmoralização da polícia” e da “omissão do Estado”, além de dizer ser “compreensível” que o “cidadão de bem” reagisse dessa maneira.

Ela chamou o adolescente agredido de “marginal” e pediu, em tom irônico, aos grupos em defesa de direitos humanos que estavam com “pena” do jovem que “adotassem o bandido”.

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Município do Rio de Janeiro e sua Comissão de Ética emitiram uma nota de repúdio à jornalista, dizendo que ela desrespeitou o código de ética da profissão ao incitar a violência e o crime e ao desrespeitar os direitos humanos.

Por conta do comentário que a jornalista fez, a deputada federal Jandira Feghali, do PCdoB, entrou com uma representação contra Rachel e o SBT, visto que, segunda ela, ambos “incorreram no crime de apologia e incitamento ao crime, à tortura e ao linchamento, tipificado no art. 287 do Código Penal”.

A denúncia feita pela deputada contra a jornalista foi levada ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que afirmou ver a situação com “muita preocupação”. No início de 2014, o PSOL também fez uma denúncia contra a jornalista e o SBT ao Ministério Público por apologia ao crime.

Em 25 de setembro de 2014, o Ministério Público Federal (MPF) iniciou uma ação civil contra o SBT pelo comentário feito por Sheherazade sobre os “justiceiros”. Sheherazade teria de se retratar, caso contrário o SBT teria que pagar multa de 500 mil reais por dia de atraso. Além da retratação, o MPF exigia uma indenização de 532 mil reais por dano moral coletivo.

Sheherazade chamou a ação do Ministério Público Federal de “descabida”. Em outubro de 2016, Justiça Federal julgou improcedente a ação do MPF.

Em abril de 2014, Rachel voltou ao telejornal depois de 15 dias de recesso, porém o SBT decidiu barrar os comentários de seus âncoras durante o SBT Brasil, o principal telejornal da rede de televisão. Segundo a emissora “essa medida tem como objetivo preservar os apresentadores”.

Em maio de 2014, no entanto, o SBT afirmou que a jornalista poderia voltar a fazer comentários ao vivo na bancada do jornal, mas que o conteúdo dessas opiniões deveria ser menos agressivo e discutido previamente com a direção do canal. Em sua defesa, Sheherazade disse: “Eu defendo a justiça, não o justiçamento. Jamais defenderia a justiça com as próprias mãos. Sou cristã.” E afirmou ainda que “algumas pessoas distorceram” seus comentários por conta de “interesses escusos”.

Diante desses fatos e acontecimentos, podemos concluir que a jornalista descumpriu algumas normas do código de ética do jornalismo. Como:

Art. 3º O exercício da profissão de jornalista é uma atividade de natureza social, estando sempre subordinado ao presente Código de Ética.

Art. 4º O compromisso fundamental do jornalista é com a verdade no relato dos fatos, razão pela qual ele deve pautar seu trabalho pela precisa apuração e pela sua correta divulgação.

Art. 7º O jornalista não pode:

V — usar o jornalismo para incitar a violência, a intolerância, o arbítrio e o crime;

VI — realizar cobertura jornalística para o meio de comunicação em que trabalha sobre organizações públicas, privadas ou não-governamentais, da qual seja assessor, empregado, prestador de serviço ou proprietário, nem utilizar o referido veículo.

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Karina Rofato
Observatório de Mídia

*Administradora de Empresas* — *Estudante de Jornalismo* — *Taurina* — *Sonhadora* — * Feliz*