Um (não tão) simples pedaço de papel

As consequências da não obrigatoriedade do diploma no jornalismo

Em 2009, foi aprovado pelo Supremo Tribunal Federal, a não obrigatoriedade do diploma para o jornalismo. Com oito votos a favor e um contra, os argumentos que validam a decisão ainda causam uma grande discussão no meio jornalístico.

Favorável a decisão do STF, o ministro Ricardo Lewandowski trouxe à tona o fato de que a obrigatoriedade do diploma tinha o caráter de censura, controlando informações e afastando das redações quem não era jornalista.

Reforçando essa ideia, Carlos Ayres Britto ainda defendeu que a profissional deveria permitir que pessoas que apenas têm intimidade com as palavras, um “olho clínico”.

Ministro Celso Melo ainda reforçou que preservar a comunicação de ideias é fundamental para uma sociedade democrática.

De certo, existem no Brasil diversos nomes de jornalistas não diplomados que deixaram grande contribuições para a profissão, como é o caso de Euclides da Cunha, que formado pela Escola Politécnica escreveu um dos relatos mais importante para a história do país, “Os Sertões”.

Dentro dessa lista, também podemos citar grande nomes como Nelson Rodrigues, Graciliano Ramos e Lima Barreto, também grandes contribuintes para a sociedade brasileira.

Atualmente, também podemos encontrar nome de importantes cronistas inseridos no jornalismo brasileiro que não possuem o diploma da profissão, com é o caso de Wlacyr Carrasco e Drauzio Varella, o primeiro escrevendo para revista Época, e o segundo para a Folha.

Portanto, a liberdade de expressão deve sim ser cultivada, e a ação de outros especialistas no campo jornalística pode trazer benefícios ao público, contudo, é na universidade que o futuro profissional aprende a lidar com situações que encontrará no seu trabalho, aliando isso com as teorias que envolvem o compor jornalístico.

O jornalista tem um papel importante para com a sociedade, garantindo os direitos e princípios sociais, dessa forma, a formação do profissional ajuda a colocar no mercado de trabalho um jornalista capaz de lidar com o dia a dia e enquadrar o jornalismo nas constantes mudanças pelas quais passam a sociedade.

Também favorável à nova lei, o relator Gilmar Mendes afirmou, na época, que as consequências negativas dos erros cometidos pelo jornalismo ao público são inerentes e independentes da obrigatoriedade (ou não), do diploma.

De fato, o trabalho de um jornalista está ligado diretamente com o interesse público, informando a sociedade de forma ética, contudo, ainda é possível ver no dia a dia, casos de grandes falhas jornalísticas, éticas e morais, que causam consequências ao público.

Apurações errôneas, manipulação da informação e falta de seriedade ainda são comuns em empresas jornalísticas com repórteres diplomados. Chegando a um nível mais extremo, e válido citar a busca incansável da mídia pela figura da princesa Diana, que levou a um acidente de carro, na Inglaterra.

Ainda assim, todo jornalística diplomado aprende técnicas de apuração, entrevista e questionamento da informação. Durante os anos de formação, o professional é levado a pensar eticamente sobre as consequências do seu trabalho.

Com a não obrigatoriedade do diploma, é possível que o número de consequências negativas, como afirmou Gilmar Mendes, apenas aumente, levando ao descaso ainda maior da profissão.

Como exemplo, pode-se citar o apresentador do jornal “Primeiro Impacto”, do SBT, Dudu Camargo. Com apenas 19 anos e sem a formação adequada, gerou grande polêmica por sua falta de seriedade com a informação jornalística.

Dessa forma, seria mais viável um estatuto de conduta do jornalismo que consiga punir de forma efetiva jornalista que vão contra a ética da profissão do que acabar de vez com a obrigatoriedade do diploma.

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