Venezuela: O tratamento da mídia à política chavista de Maduro
Maduro é frequente alvo de ataque da grande mídia brasileira
Para uns democracia, para outros ditadura. Para uns ele venceu, para outros ele fraudou. Esse é o cenário atual da mídia no que diz respeito a Nicolas Maduro e a Venezuela. Em uma rápida busca, é possível observar que a grande mídia brasileira possui um consenso em afirmar que a Venezuela é uma ditadura, e que as eleições estaduais de outubro de 2017, em que a maioria eleita tenha sido a situação, é uma fraude. No site da Folha, em uma rápida busca encontram-se duas matérias que declaram em alto e bom tom que “Em ditaduras, não raro as urnas são instrumentalizadas para conferir algum verniz democrático a um regime carente de Estado de Direito” e “Ditaduras não perdem eleições, fazem fraude como em Caracas”.
O curioso é observar os veículos — considerados referências para a difusa esquerda brasileira — defendendo a ideia de fraude das eleições estaduais venezuelanas. Ou ao menos dando muita margem para essa interpretação. Em tempos confusos como esse, é preciso não se esquecer de como era a Venezuela antes do governo chavista. Ou querem deixar o país retroceder a condição de república das bananas submetida ao imperialismo norte-americano novamente?
A manutenção do governo bolivariano nos mostra que a reação não pode tudo no continente. Maduro cumpre com a difícil tarefa de manter o poder para conservar o legado do governo chavista. Se Nicolas Maduro tivesse enfraquecido com a persistência das tensões reacionárias internas e externas durante o processo de eleição da Constituinte, provavelmente hoje teríamos uma ditadura ultraliberal no país — totalmente alinhada a lógica do capital.
Alternativo
Nessas horas a mídia independente e alternativa se faz indispensável: é possível encontrar opiniões diferentes daquela divulgada pelo senso comum e pela grande mídia. O portal Nocaute, que segundo eles escreve sobre “aquilo que você não lê nos jornais nem vê na televisão”, publicou um texto com teor ideológico diferente de todos os outros encontrados nas mídias acima. O único em que a matéria redizia a fala completa de Maduro explicando o motivo de ele ter proibido os candidatos de se candidatarem nas próximas eleições “Um partido que não participou hoje não pode mais participar. Se eles não querem eleições, o que eles estão fazendo? Qual é a alternativa? Guerra civil?”. Com isso, não resta margens para a interpretação de que Maduro é um tirano inescrupuloso.
Por fim
Com a vitória das eleições municipais favoráveis a Maduro, a crítica das mídias contra o chavista continuam da mesma maneira. A desinformação midiática tem persistido e vai continuar enquanto a grande mídia continuar prestando seu serviço. Nesse meio tempo, nossa missão ética enquanto jornalistas deve ser sempre entender as diversas versões da história. Até porque os lados sempre tem algo a acrescentar. Para os que partilham da opinião de que a Venezuela tem muito a nos ensinar com a resistência de Maduro, fica aqui uma paráfrase de seu companheiro Hugo Chavez: a História o absolverá.
