Ethos Jornalístico e a Carta Capital
Mayara Amaral e Karim Schmidt
As estratégias discursivas usadas para apresentar um ethos jornalístico tendo como exemplo a revista CARTA CAPITAL, com a matéria sobre as ocupações nas escolas, coloca de forma ativa aos seus leitores a representatividade do seu posicionamento político, claramente esquerdista e “do povo”. Dessa forma, a construção do conjunto de matérias desta revista, por mais que “ouça” o outro lado, dará ênfase e boa impressão nesse caso sobre as ocupações, colocando os estudantes como figura revolucionária do atual cenário político correlacionado a PEC 241.
O ethos discursivo já aponta para intenção específica no discurso analisado quando se posiciona a favor das ocupações no sentido que dá ao título da matéria, onde enfatiza a “A ocupação e a falta de habilidade do Judiciário”. Na linha fina, dá continuidade ao destacar as ações truculentas do poder judiciário: “ A infindável sequência de arbitrariedades perpetradas por policiais, promotores e juízes desnuda a herança autoritária da ditadura”.
O processo de corporalidade incorpora-se quando cita que “o movimento que se popularizou como “
Primavera Secundarista”
, com o lema “
Ocupar e resistir”
tem unido milhares de alunos da rede pública que se posicionam por motivos em comum: eles são contra a PEC 241…”. E personifica quando cita o discurso da estudante secundarista, Ana Júlia Ribeiro, 16, que surpreendeu com : “A nossa bandeira é a educação e é apartidária”.
No entanto, dar o ar da “falsa imparcialidade” sobre a atuação dos policiais onde coloca exemplos do Miracema, Tocantins onde alunos foram presos. O caso repercutiu tanto que o jornalista da Folha de São Paulo, Elio Gaspari diz: “ nem durante a ditadura aconteciam coisas assim”. Nesse e em outros casos que juízes compilam com o propósito que as “ocupações” são “invasões” tendo ações de ditadura ou pior que na época autorizando cortes de energia e entrada dos policiais.
O Ethos jornalístico está atrelado às práticas da profissão no sentido que a empresa “ensina” as maneiras que o jornalista deve se portar ao construir determinada notícia veiculada a ela. Ou até mesmo como jornalista independente acaba querendo passar o “seu posicionamento” , por mais que tenha o mito da imparcialidade, a maneira, a opinião irá se sobressair aos seus destinatários.