Dados cidadãos revelam múltiplos desafios dos territórios marajoaras durante inverno
Neste mês lançamos o boletim de monitoramento de calamidade climática do Marajó com abordagem dos principais desafios do período de inverno nos 17 municípios
No ano passado, durante o verão amazônico, foi feito o monitoramento de calamidade climática, que evidenciou a falta de políticas públicas municipais e estaduais de resiliência, mitigação e adaptação climática, assim como, seus efeitos e consequências direta nas populações que estão mais expostas e vulneráveis à emergência climática — comunidades tradicionais, ribeirinhas, quilombolas e extrativistas. Para dar continuidade — neste mês que é marcado por muita chuva e maré alta lançamos o monitoramento de calamidade climática com alguns indicadores específicos sobre o período de inverno com o objetivo de fortalecer os esforços de incidência por ações, atividades, políticas e programas socioambientais de prevenção e resposta ao período de inverno no Marajó.
O monitoramento é feito junto a lideranças e representantes de diferentes territórios e dos 17 municípios do Marajó. O levantamento é feito quinzenalmente e visa identificar se houve ocorrência de algum dos dezessete indicadores listados nos territórios. Após a geração e análise dos dados, é feita sua ampla divulgação nas nossas redes online e off-line.
As comunidades tradicionais na geração cidadã de dados
Os dados reúnem informações específicas e, quando interpretados e direcionados para uma decisão, podem tanto ser uma ferramenta de emancipação quanto de manutenção das desigualdades e violências. Construir os dados a partir das comunidades é uma das formas de pautar a criação e implementação de políticas públicas adequadas às suas realidades, muitas não consideradas. Suas perspectivas e conhecimentos preenchem lacunas que os dados científicos convencionais sequer alcançam.
A geração cidadã de dados reconhece o papel das comunidades na produção ativa de informações referentes às suas realidades, considerando suas experiências, saberes e conhecimentos tradicionais para o enfrentamento dos desafios sociais, como a crise climática, e o acesso à saúde, à água potável, à educação etc. Essa construção de dados, pautada por quem convive e lida com os desafios no dia a dia, visa contribuir para a construção de políticas públicas mais eficientes para as comunidades tradicionais da região.
Durante o preenchimento do monitoramento, há o diálogo com as comunidades e escuta da realidade de cada território. Com cada vez mais dados sendo produzidos pelas comunidades tradicionais, esperamos que os gestores públicos sejam mais rápidos na construção de políticas públicas emergenciais, como no caso da calamidade climática, mas também na elaboração de medidas e políticas eficientes para o médio e longo prazo, como aquelas de adaptação e mitigação climática.
Emergência climática
As mudanças climáticas têm cada vez mais evidenciado uma mudança no ciclo natural das estações marajoaras — inverno e verão — onde estes estão sendo alterados a cada ano, seja reduzindo ou diminuindo o volume de chuvas, intensificando a seca ou alagando outros territórios, maior ocorrência de ventos fortes, erosão, mortandade de animais etc. A coleta de dados cidadãos evidencia a emergência climática que vivem as populações tradicionais, no cenário que chamamos de desigualdade climática, onde uns estão mais expostos do que outros às graves consequências e efeitos das mudanças climáticas. Além disso, o monitoramento contínuo ajuda a avaliar o impacto das atividades humanas no clima, fornecendo informações valiosas para a formulação de políticas e a adoção de medidas de mitigação e adaptação.
Acompanhe e participe!
Os boletins são publicados quinzenalmente e é possível acompanhar os resultados diretamente em nosso instagram @obsdomarajo
Além disso, caso seja de um dos municípios do Marajó e queira colaborar, é possível contribuir com dados do seu território entrando em contato diretamente pelos canais digitais da organização.
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