Melhor do que o sextou, é o sextou em rede!
No sextou dessa semana, convidamos Laídes Moares, uma mulher jovem e liderança do município de Curralinho. Integrante da RAM (Rede de Ação Marajoara) — uma plataforma de articulação e mobilização de lideranças locais para o avanço da agenda de redução do impacto socioambiental nos 16 municípios do Marajó.
Assim como a RAM, o sextou é um espaço em rede destinado para fortalecer as narrativas de lideranças de comunidades tradicionais. Nessa primeira publicação temos uma entrevista com a Laides, liderança de Curralinho.
Enquanto uma rede, é essencial a interação de lideranças de diversos territórios, onde possam trocar, debater, e pensar que demandas emergentes podem ser, através da articulação e mobilização, mudadas positivamente e de acordo com a realidade local.
Sobre a importância de comunidades tradicionais em rede, Laides acredita que é esse estreitamento dos contatos das lideranças que possibilita pensar alternativas de mudanças em conformidade com suas realidades:
“Conhecer a realidade de diferentes comunidades tradicionais, é entender que mesmo estando organizados em diferentes espaços, enfrentamos dificuldades semelhantes. Desse modo precisamos estreitar mais os laços através da rede, e criar estratégias para que nossos problemas sejam ouvidos e solucionados.”
Convidamos Laídes a falar um pouco sobre o programa Abrace o Marajó — um programa do governo federal, que em sua construção visa o desenvolvimento socioeconômico do arquipélago marajoara. Perguntamos o quanto ela sabe e conhece alguém que saiba sobre o programa, o impacto dentro da sua comunidade, bem como, a importância da participação popular na construção do programa.
“Sobre o “abrace o Marajó”, posso dizer que não sei muito, pois apesar de ser um programa que tem por objetivo geração de emprego, renda e acesso às políticas públicas dessa população marajoara, bem como o desenvolvimento, não foi pensado com quem conhece a realidade, foi pensado de baixo pra cima, nos excluindo e subestimando a nossa capacidade de dizer sobre nossos problemas e anseios. Não somos coitados, somos historicamente invisibilizados, e queremos que nossas demandas sejam ouvidas. Chega de imediatismo, pois só quando a comunidade for realmente ouvida, poderemos ter um impacto positivo, mas pra isso precisa-se ouvir e construir junto com quem sabe onde dói. É preciso conhecer pelas vozes dos que sofrem, temos coletivos e organizações dentro das comunidades. Não queremos empresários e políticos que só nos enxergam em período eleitoral falando por nós. Precisa-se conhecer e traçar metas. Precisa-se levar em consideração que no marajó tem gente, na floresta tem gente, e que podemos falar e queremos ser ouvidos.”
Até o próximo sextou!