NOTA DE PESAR E REVOLTA

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VIDAS MARAJOARAS IMPORTAM

09/09/22

Nós, do Observatório do Marajó, lamentamos o ocorrido na manhã do dia 08/09, no trajeto Camarázinho (Cachoeira do Arari) — Belém. Nossas condolências a todas às famílias que estão passando por essa dor; a todas as pessoas que viveram e ainda estão vivendo esse episódio de alguma forma.

Neste momento, pensamos nas pessoas ainda não encontradas e lembramos das vítimas fatais com dor, incompreensão, revolta e indignação. Com as 82 pessoas que estavam na embarcação, uma parte de todas e todos nós naufragou junto em dor, memória, tristeza e lamento.

É mais uma dor contra todas nós que poderia ser evitada, mas não foi. Lembramos de episódios de risco e medo que muitas e muitos de nós já passamos em situações que somos obrigadas a passar mesmo para acessar direitos e serviços públicos. Lembramos, nesta data, também do ocorrido em 1988, no Naufrágio do Correio do Arari, em que 56 pessoas morreram e 13 ficaram desaparecidas.

Lembramos para honrar todas as vidas e porque a memória nos mostra que não é descaso: é um projeto político histórico que banaliza o medo, a dor e a morte da população marajoara e transforma a corrupção, a decisão por cada omissão e a falta de políticas públicas em “negligência”.

Aqui, os rios são como ruas: as vias que interligam as comunidades, as cidades e a capital. Por isso, nosso principal meio de transporte são rabetas, barcos, navios e lanchas. A insegurança nos rodeia durante a viagem inteira. Já faz tempo que a população vem denunciando as más e arriscadas condições de viagem oferecidas pelas empresas que fazem linha entre Belém e diversos municípios do Marajó, incluindo Cachoeira do Arari e Salvaterra.

A falta de políticas públicas de fiscalização, transparência e controle social dificulta a mobilização da população e permite a continuidade de serviços públicos inseguros e de má qualidade. A omissão dos órgãos públicos impera, pois já foram feitas várias denúncias e as empresas continuam operando normalmente, muitas vezes apresentando problemas mecânicos e ficando à deriva.

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Observatório do Marajó
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