Nota sobre a pulverização aérea de agrotóxicos em Cachoeira do Arari
O Observatório do Marajó acompanha a situação de Cachoeira do Arari com atenção e preocupação. Há anos, recebemos denúncias de lideranças da sociedade civil e de comunidades tradicionais das violações de direitos humanos, territoriais e da natureza e tentamos fortalecer suas denúncias a partir da coleta de evidências e da articulação com autoridades competentes e comprometidas. A pulverização aérea de agrotóxicos é uma das variadas técnicas de violência contra o território marajoara, seu povo e sua sociobiodiversidade, na medida que envenena terras e água para além das cercas colocadas, compromete a saúde das pessoas, expulsa animais silvestres de seus biomas destruídos e contaminados. Isso só acontece com a anuência do Governo do Estado do Pará, que permite a continuidade da presença e das ações de grileiros em Cachoeira do Arari e outros municípios do Marajó. Um exemplo dessa anuência do estado é a nomeação do ex-prefeito de Cachoeira do Arari, Jaime Barbosa, que tentou, à época, atribuir terras públicas para esse fazendeiro em documento considerado sem valor jurídico, para ser o Secretário Especial do Marajó na estrutura do Governo do Estado. O Observatório do Marajó espera que as autoridades competentes ajam com celeridade para o encerramento das atividades criminosas de grileiros na região e a responsabilização dos agentes envolvidos e demanda que a ALEPA aprove com urgência o PL 293/2019, que proíbe a pulverização aérea de agrotóxicos no estado.
A nota acima foi publicada inicialmente no dia 09 de maio de 2024 no instagram do Observatório do Marajó como posicionamento através do acompanhamento das denúncias às violações dos direitos das comunidades tradicionais que vivem em torno da área afetada pela pulverização aérea de agrotóxicos em Cachoeira do Arari
Pulverização aérea de agrotóxicos não é uma opção
A aplicação de agrotóxicos por pulverização aérea traz consigo diversos riscos à saúde humana e ao meio ambiente — contaminação do solo, rios, plantações próximas, residências, doenças de pele etc -, esse método não apresenta um controle em sua aplicação e está propenso a diferentes cenários que contribuem para possíveis agravos, como desvio da trajetória inicial por diferentes fatores, como direção do voo, condições climáticas, dentre outros. Em nota técnica publicada diante da proibição da pulverização aérea de agrotóxicos no estado do Ceará, a FIOCRUZ destacou que a pulverização aérea é um método comprovadamente de baixa eficácia, uma vez que parcela significativa dos agrotóxicos aplicados não chega até a planta e que estudos realizados no Brasil e no mundo apontam perdas variando 34,5% a 99,98%. A aprovação do PL que proíbe a pulverização aérea no Estado do Pará é urgente para a garantia dos direitos e a vida digna das populações marajoaras, já atingidas pelo uso indevido de agrotóxicos em Cachoeira do Arari, bem como, o combate por parte das autoridades, às inúmeras violências que vêm sendo expostas essas populações.
Para saber mais
Leia a matéria que acompanhou a publicação da nota Link de acesso
Nota técnica da FIOCRUZ Link de acesso
Publicação no Instagram Link de acesso
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