Open Division, Trials, Contenders: o “Path to Pro” e o sonho do SA

Cenário Overwatch BR
Observatório Overwatch
5 min readOct 9, 2018

O Path to Pro

Desde que estabeleceu uma liga profissional com pretensões mundial, a Overwatch League, a Blizzard definiu um “caminho para o cenário profissional”, ou “path to pro”, que deveria guiar os envolvidos no cenário competitivo do game até a liga profissional. Esse caminho foi definido em três etapas: a Open Division, a Contenders Trials e a Contenders. Essas etapas seriam o outdoor para que as equipes da liga contratassem novos talentos.

Imagem via Blizzard Entertainment

A Open Division é um campeonato de inscrições livres e sem mínimo de SR, ou seja, é permitida a inscrição de qualquer equipe no intuito de convidar vários jogadores a iniciarem seu caminho no cenário competitivo. Com um inteligente sistema de classificação, onde as equipes com maiores vitórias se enfrentam, somente os quatro melhores times são classificados para a Contenders Trials.

Na Contenders Trials se enfrentam os quatro melhores da Open Division, que subiram de divisão, e os quatro piores da temporada anterior da Contenders, que caíram de divisão. Nessa etapa os times rebaixados têm a chance de voltar para a principal divisão da região e os times que entraram no cenário competitivo tem a chance de atingir o ápice. Novamente as quatro melhores equipes se classificam para a divisão seguinte, enquanto os quatro últimos colocados têm que voltar para a Open Division caso decidam buscar um retorno para a Contenders.

Na Contenders os jogadores disputam para conquistar o título de campeão regional, no intuito de não só buscar o título, mas de exibir os talentos individuais e em equipe. Nessa competição, entre os melhores de cada região, seria possível destacar os principais talentos e concretizar o “path to pro” levando esses players para a Overwatch League.

Os primeiros problemas

Depois de um ano com esse ecossistema estabelecido, a Blizzard começa a encontrar alguns problemas estruturais e que podem custar caro. Enquanto a Overwatch League vem sendo um sucesso e segue para a segunda temporada, as competições regionais vêm sofrendo uma série de críticas.

Os players começam a questionar a diferença de investimentos entre a liga e o restante do cenário. A diferença de investimentos, a atenção, a divulgação e as oportunidades dos jogadores de cada região parecem muito limitados em relação aos times da liga. Se hoje um jogador da Overwatch League tem um salário mínimo de U$ 50 mil, acompanhamento nutricional, todo tipo de coachs e analistas e estrutura para treinos, os jogadores de outras regiões tem que almejar uma premiação máxima de U$ 30 mil por time a cada temporada — isso na principal região, e torcer para chamar a atenção de times da liga principal mesmo que sem muitas oportunidades como pretendido.

Outra crítica é em relação à repetição, ausência de progressão e ausência de integração entre as regiões. Devido ao circuito fechado estabelecido pela empresa, atualmente o “path to pro” se repete três vezes por ano e são somente esses três campeonatos que os jogadores se limitam a participar. Além disso, existe a decisão de manter os jogos regionais, ou seja, os vencedores de cada região não chegam a se enfrentar, mantendo os campeões isolados podendo criar hegemonias incontestáveis (em sete regiões temos quatro equipes que venceram tudo até o momento). Por último, essa estrutura de Contenders como competição única pode criar uma sensação de cenário estagnado, tanto para os jogadores que podem perder interesse em continuar a competir, como para o público que não vê novidades e mudanças nas suas regiões.

O sonho Sul-Americano

Imagem via Blizzard Entertainment

Quando o “path to pro” foi anunciado para a região sul-americana, houve uma empolgação e surgiu a expectativa de que finalmente a região fosse reconhecida devido aos grandes talentos que competem no cenário. Entretanto, após as duas temporadas iniciais a sensação é de frustração. Se para regiões mais estabelecidas os problemas começam a incomodar, para o SA pode ser ainda pior. Sendo a única região sem finais presenciais e ainda com menor premiação para o campeão (o campeão fatura atualmente U$ 7.5 mil, o mesmo que o quarto colocado da Contenders da América do Norte), os jogadores se sentem cada vez mais pressionados.

Para se tornar um dos principais jogadores de qualquer esporte é necessário muito tempo e dedicação e isso não é diferente quando falamos sobre Overwatch. Com a realidade do cenário sul-americano isso se torna ainda mais difícil. Atualmente, a maior parte dos jogadores precisa conciliar uma treinos e competições com estudos e empregos paralelos, já que a remuneração através do jogo está longe de manter os jogadores com tranquilidade. Isso fica claro em reportagem recente do jornalista Bhernardo Viana para o portal Dot Esports Brasil, onde se constatou que grande parte dos jogadores brasileiros que disputam a Contenders, principal divisão, sequer têm contratos ou salários.

Mesmo com todas essas adversidades os jogadores sul-americanos têm persistido na tentativa de viver do jogo pautados em um sonho: a entrada de algum jogador sul-americano para a OWL e maior atenção da Blizzard para a região. A seleção brasileira participou no mês de agosto da Copa do Mundo de Overwatch e despertou atenção devido ao bom desempenho no grupo com EUA (onde venceu um mapa), Canadá e outras três seleções europeias sobre as quais a seleção brasileira conquistou a vitória. Os nomes dos jogadores brasileiros foram citados em diversas reportagens e por membros da Overwatch League como promissores e de qualidade internacional. Tudo isso gerou um ânimo de como a região é talentosa mesmo enfrentando uma série de barreiras.

Com todo esse contexto segue a expectativa de que a Blizzard passe a dar mais atenção ao cenário sul-americano: a região com mais viewers de certo merece uma maior premiação e o alcance também evidencia o quanto a região merece finais presenciais. Além disso, a comunidade atualmente segue unida e na torcida para que algum jogador sul-americano possa atingir o tão almejado sonho de ser jogador da principal liga de Esports do Overwatch e, com isso, possa alcançar o merecido reconhecimento.

Mesmo com todas essas adversidades os jogadores sul-americanos têm persistido pautados em um sonho: a entrada de algum jogador sul-americano para a OWL e maior atenção da Blizzard para a região. A seleção brasileira participou no mês de agosto da Copa do Mundo de Overwatch e despertou atenção devido ao bom desempenho no grupo com EUA (onde venceu um mapa), Canadá e outras três seleções europeias sobre as quais a seleção brasileira conquistou a vitória. Os nomes dos jogadores brasileiros foram citados em diversas reportagens e por membros da Overwatch League como promissores e de qualidade internacional. Tudo isso gerou um ânimo de como a região é talentosa mesmo enfrentando uma série de barreiras.

Com todo esse contexto segue a expectativa de que a Blizzard passe a dar mais atenção ao cenário sul-americano: a região com mais viewers de certo merece uma maior premiação e o alcance também evidencia o quanto a região merece finais presenciais. Além disso, a comunidade atualmente segue unida e na torcida para que algum jogador sul-americano possa atingir o tão almejado sonho de ser jogador da principal liga de Esports do Overwatch e, com isso, possa alcançar o merecido reconhecimento.

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