Prováveis mudanças para a season 2 da Overwatch League

Overwatch League Brasil
Observatório Overwatch
5 min readSep 24, 2018

Não temos bolas de cristal e ainda não desenvolvemos a habilidade de prever o futuro. Enquanto nada for anunciado oficialmente, nenhuma afirmação passa de achismo, e tentar prever o futuro do Overwatch é muito complicado.

Em questão de dias, um novo personagem ou buffs e nerfs quebram metas estabelecidos há meses, em um dia o pior país na Overwatch League, com zero vitórias em quarenta jogos, quadruplica a sua participação na liga, integrando mais três times de expansão.

Sendo assim, é besteira dizer que definitivamente isso ou aquilo vai acontecer. No entanto, hoje em dia temos tendências que podem acabar ditando como será a segunda temporada da Overwatch League. Por exemplo:

Main tanks serão os jogadores mais valiosos para os seus times

Esse é um ponto que está sendo bastante discutido na comunidade norte-americana. Com o decorrer dos anos, o Overwatch competitivo perdeu alguns dos seus mais simbólicos nomes na posição de main tank, como Kaiser, Stoop, cocco e Miro, que passaram a ser técnicos ou streamers.

Isso é algo natural, eventualmente o talento velho dá espaço para o talento novo substituí-lo. Porém, o meta do jogo nunca foi tão desfavorável para um main tank. O excesso de habilidades de CC (Crowd Control, as habilidades de domínio de área) e stun trouxeram o main tank para a condição de vulnerável e indefeso, algo inimaginável nos metas anteriores.

Eu quero dizer… é complicado, sabe…

Nesse cenário atual, nunca foi tão difícil para um main tank se destacar, porque não há muito que ele possa fazer mecanicamente in game para isso. Desse jeito, as organizações tem mais dificuldade em encontrar um main tank para o seu time.

O argumento lá fora é que o main tank será o jogador mais valioso para o time, pois, é o mais difícil de encontrar reposição. Times que já tem o seu main tank ideal farão de tudo para mantê-los, se não terão problemas para montar o elenco (não adianta me olhar assim, Los Angeles Gladiators).

Flex supports não serão mais os astros da liga

Mercy, Orisa-Bastion, Sombra, Tracer, Brigitte… heróis foram e vieram no meta ao decorrer da Overwatch League, mas, nenhum deles foram tão estáveis e dominantes quanto dois: Widowmaker e Zenyatta.

O MVP indiscutível da liga, Jjonak, foi um Zenyatta que tinha mais impacto no herói do que muitos DPS na competição. Outros jogadores, como Bdosin, KariV, Shaz e Ryujehong foram os elementos surpresa de seus times, muitas vezes, sendo considerados os fatores de desequilibro em uma vitória ou uma derrota.

Enquanto os jogadores da Widowmaker continuarão em situação confortável, pois, não só a heroína continua forte, McCree e Soldier76 vem recebendo buffs recentemente pelos desenvolvedores, os astros do monge omnico não compartilham a mesma tranquilidade.

O meta de suportes nunca foi tão diverso.

A composição do momento, por exemplo, é a GOATS (Reinhardt, Zarya, D.Va, Moira, Lúcio e Brigitte), onde o flex support assume a Moira. Assim como outras composições, como a Pirate Ship (Orisa — Bastion — Mercy), a GOATS tem tudo para ser uma composição passageira e não ser definitiva para o meta até o começo da season 2.

Mas, podemos ver que, no momento, o Zenyatta não é mais um personagem tão forte, já que todos os suportes estão viáveis. Ana — Lúcio, por exemplo, é a dupla de suportes mais sólida no meta atual.

Enquanto a Ana é um suporte tão complicado de se jogar quanto o Zenyatta (um pouco mais, na verdade), com um skill ceiling (teto de habilidade, o quê um herói oferece se jogado ao máximo mecanicamente possível) maior e tão empolgante de se assistir quanto o monge omnico, ela é um herói de destaque individual menor.

Na época em que ela era indiscutível no meta, chipshajen, uNKOE e Hidan eram referências absolutas nela, mas, só Ryujehong chegou ao patamar de ser o astro do time com a heroína.

Isso não é obrigatoriamente algo ruim, só significa que nós vamos ter que nos readaptar. Com “nós”, eu quero dizer, nós, o público, quem acompanha os jogos. Vamos ter que mudar a nossa cultura de achar que um flex support está sendo efetivo quando aparece no killfeed. Vamos ter que apreciar e reconhecer o incrível trabalho de quando uma Ana, Moira ou Mercy, ao invés de fazer 3 kills, manter 3 aliados de pé em uma team fight.

A estrutura da temporada tem que mudar

Isso não é nenhuma surpresa. Novos times estão chegando, mais jogadores, mais jogos, em breve mais sedes. A liga está crescendo rápido e os seus organizadores vão ter muito trabalho para tornar ela viável, prevendo esse crescimento.

O quesito mais drástico, talvez, seja o de logística. Até o momento, onze times estão espalhados pelos Estados Unidos, dois estão no Canadá, dois na Europa e cinco na Ásia. A partir da season 3, a liga vai ter que lidar com a logística de jogos em casa, ao redor do mundo. Os custos de viagem, a estrutura de transmissão, a rotina de trabalho dos jogadores e comissões técnicas, entre tantas implicações.

Esse modelo, de franquias que representam cidades, pode ser novo nos Esports, mas, no universo esportivo americano é assim. Tanto que, para desenvolver a Overwatch League, organizadores e jogadores estão cada vez mais se aproximando dos esportes tradicionais americanos.

O jogador de baseball Trevor May esteve envolvido na fundação da liga e deu conselhos aos jogadores antes da temporada começar. Robert Kraft, dono do New England Patriots e proprietário do Boston Uprising, já se encontrou com os jogadores durante o treino para orientá-los. Surefour e Saebyeolbe já fizeram participações festivas em jogos de baseball, entre vários outros exemplos.

Outra aproximação que deve acontecer, é o calendário da Overwatch League com o das outras ligas americanas. Na NBA, por exemplo, 30 times realizam 82 jogos cada em 7 meses de temporada regular. Na última temporada da Overwatch League, 12 times disputaram 40 jogos cada (48 no caso do NYXL, por causa dos playoffs de estágio) em 6 meses de temporada regular. Agora, o calendário vai ter que se adaptar aos jogos de 20 times.

A NFL, por exemplo, tem uma fórmula própria para que os times disputem 16 jogos em 4 meses de temporada regular, baseados nas divisões dos times por divisões e conferências, além de resultados de campanhas passadas. Até a sua terceira temporada, a Overwatch League continuará se expandindo e deve observar esses outros modelos de calendário para se adaptar.

Outro aspecto que deve mudar é a estrutura contratual dos jogadores. Quem expôs essa ideia foi o comentarista e analista da Overwatch League, Matt “Mr. X” Morello, dizendo que a primeira temporada da Overwatch League foi um “tiro no escuro”, e nenhum dos investidores sabia se o campeonato daria retorno.

Com o imediato sucesso da liga, o Overwatch competitivo se tornou muito mais atrativo comercialmente para investidores e patrocinadores. Oito franquias se juntaram à liga, mesmo com preços muito maiores.

Mr. X defende que, assim como nas outras ligas americanas, com tanto dinheiro disponível para os times, batalhas salariais pelos melhores jogadores serão mais comuns. Inclusive, ele dá o exemplo de Sinatraa, o jogador mais bem pago da liga (150 mil dólares pelo San Francisco Shock), dizendo que, em breve, esse será o salário médio da liga. Hoje o salário mínimo é de 50 mil dólares.

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