A relação de Dom Pedro I com a maçonaria é tema de peça teatral
A montagem do ator John Vaz foi apresentada ontem (9) no Teatro Santa Cecília
Uma nova perspectiva histórica de Dom Pedro I foi apresentada no Teatro Santa Cecília. O monólogo do ator John Vaz utiliza de pesquisa intensa nas atas da maçonaria brasileira e portuguesa para criar uma nova percepção dos fatos históricos do país no período do primeiro reinado. Importantes datas, como o dia do fico, são revista de forma abstrata, porém intuitivas, como forma de abrir ao mundo acontecimentos até então desconhecidos. Esta é a proposta que a montagem apresenta.
O Diário conversou com o ator John Vaz para compreender um pouco mais da montagem. Para o ator, a peça é uma imersão ao universo da maçonaria.
No espetáculo, o público está entrando em uma loja maçônica em Portugal, em 1834, na semana em que ele morre. Então ele está com a costela fraturada, com hemorragia no pulmão. O espetáculo começa quando o público entra. Ele é recebido em abóboda de aço, e os figurantes são parte do público — disse.
Além disto, ele afirma que, mesmo aqueles que não compreendem muito os fatos ligados a Ordem Maçônica, a peça se torna compreensível pelo contexto histórico em que ela está inserida.
A peça mais maçônica que eu tenho é a Dom Pedro. Então ela passa a ser maçonicamente fácil pelo conhecimento histórico — afirmou.
Para o ator a peça consegue conquistar o público infantil pela percepção mágica que ela traz ao abordar o tema, além de toda a interatividade envolvida.
A criança é levada pelo mágico. É impossível saber exatamente o que a criança irá achar quando vê Dom Pedro na abertura. Porém, no bate-papo há toda uma explicação das simbologias da peça — informou.
O ator ainda afirma que a peça é educativa e que gera atividades complementares a sala de aula. Em alguns casos, os educadores utilizam a montagem para abordar o tema do primeiro reinado em sala de aula.
As crianças que estão estudando o primeiro reinado na escola, por mais que se distraia, ela escuta o que a professora falou. Então, se alguém falar sobre o tema de Dom Pedro, eles irão lembrar. O dia do fico, por exemplo, é algo que fica na cabeça da criança. O curioso é que aqui em Petrópolis teve, depois da peça, um debate que eu fiz, com perguntas e respostas. Depois, as professoras pediram uma redação sobre o tema — declarou.
Em outras montagens, o ator também aborda a temática maçônica, a sua mais nova montagem é “Sétimo Selo de Baphomet — Uma lenda maçônica”, que traz toda a história da figura, desde a perspectiva do autor ocultista Eliphas Levi até as suas origens históricas, além de sua relação com a maçonaria e com suas perspectivas no senso comum.
Em “Inconfidência Maçônica — Revolução Francesa a Conjuração Mineira”, o ator mostra, a partir dos contextos históricos do iluminismo e da Revolução Burguesa do século XVIII, a sua relação com a maçonaria e com a história da Conjuração Mineira no Brasil.
Outra montagem do ator aborta os templários, tema frequente e inspiração para ordens paramaçônicas, como a Ordem DeMolay. Em “Jacques DeMolay — O Fim da Ordem do Templo” o ator faz uma viagem a idade média, mostrando todas as perspectivas históricas da Ordem Templária e trazendo toda a simbologia para o palco.
O que é a maçonaria?
A Maçônica é uma ordem filosófica com fins filantrópicos, com organização iniciática. Os preceitos que a organização defende são a liberdade, a democracia, a igualdade e a fraternidade. Além disto, a ordem é educativa. As células da organização são conhecidas como Lojas, Oficinas ou Ateliers. Em Petrópolis existem quatro células da organização. A Loja Amor e Caridade 5ª, a Loja Jaques DeMolay, a Loja Cavaleiros de São Jorge e a Loja Dom Pedro I.
Todas as células atuam de forma a promover a cidadania e a filantropia seguindo os princípios da fraternidade.
A Ordem Maçônica trouxe novos conhecimentos, novas amizades, uma nova perspectiva e concepção do que seria uma irmandade, uma extensão da minha própria família — declarou o advogado Leonardo Almeida.
Dom Pedro I
Dom Pedro I iniciou na maçonaria no dia 2 de agosto de 1822, na ARLS Comércio e Artes nº 0001, loja primaz do GOB, que atualmente está localizada na Rua no Lavradio, 97, no centro da cidade do Rio de Janeiro. Muitas das conquistas e definições deste período da história foram debatidos nas lojas maçônicas brasileiras.
Yuri Lima para o Diário de Petrópolis
Publicado no dia 06 de Maio de 2018