Pensando Overwatch #02 — Treinando

Overwatch League Brasil
Observatório Overwatch
5 min readOct 28, 2018

Pensando Overwatch é o segmento do Observatório Overwatch onde vamos por em prática a nossa missão: aprofundar o conhecimento casual e promover a cultura do Overwatch competitivo, pensar no jogo e não apenas jogar ou assistir no piloto automático.

Hoje vamos falar sobre como treinar Overwatch. Ao contrário da crença popular, treinar não é só jogar e jogar e jogar até a exaustão, na esperança de melhorar. O nome disso é repetição, ela vai te ajudar a desenvolver memória muscular, não entendimento de jogo.

É claro, a observação que vem junto com as horas de repetição são parte importante em entender o jogo. Mas, se você não jogar tentando interpretar o que está acontecendo e porque as coisas estão acontecendo, você ficará estagnado e condicionado a sua habilidade mecânica.

Mas, então, o que é treinar?

PUG, scrim, macro, micro, review. Treinar está longe de ser “apenas jogar”. Imagem: Robert Paul/Blizzard Entertainment.

Existem dois tipos de treinos coletivos: PUGs e scrims. Dentro desses dois, existem dois aspectos de jogo: o macro e o micro. Depois de participar do treino, é feita a review da VOD. Mas, vamos com calma, nem começamos o treino ainda.

PUGs, ou Pick Up Games, são partidas amistosas formadas por jogadores voluntários. Muitas vezes esses jogadores não tem grande experiência jogando uns com os outros, fazendo o aspecto micro sobressair o aspecto macro diversas vezes. Há quem veja os PUGs como o que a experiência da ranked deveria ser: jogadores dispostos a se divertir levando o jogo a sério, sem a toxicidade, os trolls ou a pressão de ter algo em jogo.

No Facebook esse tipo de treino ganhou o nome de “Contras de Overwatch” em um grupo. É um bom lugar para começar a pesquisa, caso você tenha se interessado.

Scrims, por outro lado, são treinos de times. Dois times criam um jogo personalizado com as configurações do competitivo (ou do campeonato que estão participando) e praticam seriamente, para aperfeiçoar a execução na hora do jogo pra valer.

Se os times tiverem técnicos, eles estarão no jogo, observando, sugerindo alterações e gravando os jogos, para fazer a análise mais tarde. Por isso é tão importante que as equipes deem o seu melhor nas scrims, para que possam perceber seus pontos fracos e o que precisa ser corrigido na sua estratégia.

Quanto mais uma equipe scrimma, mais ela cria sinergia e entrosamento. Não é a toa que equipes da Overwatch League scrimmam quase todos os dias, por quatro, seis, oito e até mais horas por dia (Shanghai Dragons). A equipe da Brasil Gaming House, por exemplo, força dominante do cenário local de Overwatch, joga junto por mais de dois anos.

Treinando nesses cenários, você vai desenvolver dois aspectos de jogo: o macro game e o micro game.

Macro game é o aspecto coletivo do jogo, a partida como um todo. Desenvolvendo a sua noção de macro game, você passará a ser mais capaz de planejar e criar estratégias antes da team fight começar, administrar as ultimates do seu time e prever os movimentos e as ultimates dos seus adversários.

Essas coisas, que parecem ser apenas pequenos detalhes, são os fatores que decidem quem ganha e quem perde uma team fight, quando ambos os times estão no mesmo nível mecânico.

Assim como qualquer outra habilidade, as noções de macro gaming também necessitam de muita prática. Ninguém nasce sabendo e ninguém vai continuar bom no macro gaming se deixar de analisar o jogo enquanto joga e se acomodar.

Notório pela liderança e as noções de macro gaming, Custa causou grande impacto chegando ao LA Valiant. Imagem: Robert Paul/Blizzard Entertainment.

Posições que demandam muita concentração mecânica, como DPS ou flex suporte, geralmente não permitem ao jogador passar tanto tempo pensando no macro gaming. Por tomar decisões de como conduzir as lutas, main tanks costumam se dar bem como shotcallers. Offtanks, por estarem no miolo da luta, e main suportes, por estarem no fundo do campo, com visão privilegiada, também demonstram mais aptidão nessa função.

Já o micro gaming, pelo contrário, é o aspecto individual do jogo, o impacto da gameplay isolada de cada jogador. Quando analisamos o micro gaming de um jogador, consideramos se ele está desempenhando a função que o time necessita (função, nesse caso, não é a mesma coisa que role!), se ele está tirando o máximo proveito do personagem em que está jogando e se está tomando as melhores decisões, conforme o plano de jogo.

Effect é um grande exemplo de jogador que destoa da concorrência pelo micro gaming. Imagem: Robert Paul/Blizzard Entertainment

Se uma Orisa não está posicionando seu escudo corretamente e deixando seu time desprotegido, ela está cometendo um erro de micro gaming. Se o Genji está errado suas shurikens por estar pulando enquanto atira, também está cometendo um erro de micro gaming.

Já um Lúcio que se esconde do EMP da Sombra adversária e usa sua barreira de som para proteger seus companheiros de time, acabou de superar seus adversários e criou uma grande oportunidade para seu time ganhar a luta, neutralizando uma importante arma ofensiva do time adversário.

Apesar do gerenciamento de ultimates ser uma noção de macro gaming, o posicionamento e o timing corretos são fortes elementos do micro gaming.

O último e mais importante passo do treino, é o que provavelmente a maioria das pessoas não faz: a review.

Jayne ensina seus espectadores revisando vídeos de voluntários. Imagem: Reprodução.

Reassistir os seus jogos é de extrema importância para se desenvolver. Você pode ver o que os outros fazem, para aprender movimentos e ideias novas, mas, você só vai aprender o que te falta, vendo o que você está fazendo.

Muitas vezes, no calor do momento, deixamos detalhes cruciais passarem batidos, fazemos julgamentos errados e isso nos custa caro dentro do jogo. Com calma, assistindo depois, podemos ver com clareza onde erramos, perceber o detalhe tão óbvio e nos questionar: “o que eu poderia ter feito de diferente nessa situação?”.

Treinar é colocar seus estudos e suas observações em prática, experimentar e avaliar os resultados. Acompanhe seus modelos, jogadores e times com os quais você pretende aprender. Questione as decisões que eles tomam e a maneira deles de executar ações.

Quando você encontrar uma razão nelas, memorize o que e como eles as fizeram. Então, chega a parte divertida. Chame os amigos para um PUG, o time para uma scrim, vá sozinho para a quick play ou até mesmo para o campo de treinamento. Apenas vá e melhore, sempre.

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