III: os sexos frustrados
Sacrificando nossos desejos pelo bem da imagem pessoal.
Parte dos homens repudiam mulheres hiperfemininas na mesma medida que as amam, já que essas possuem traços profundos de personalidade que mexem com seus instintos; o mesmo acontece com muitas mulheres, rejeitam publicamente homens hipermasculinizados na medida que estes possuem em sua maioria os traços que as atraem intimamente.
Inclusive essa contradição incômoda típica de nós tem sido o gatilho para o surgimento de muitos grupos extremistas misóginos e misândricos online. Ambos os sexos parecem estar presos na ideia de amar odiar:
quero uma mulher, mas não tão feminina, quero um homem, mas não tão masculino. O problema do meio-termo é que no fim sobra espaço para a frustração.
Claro que ninguém irá admitir isso publicamente, já que estamos no momento público do discurso anti-sexismo e dizer que relacionamentos que ignoram esses traços de gênero podem levar a frustração amorosa pode ser entendido como ofensa por alguns.
Mas independente do que pode ser dito ou não abertamente o sentimento ainda estará lá na vida íntima, deixando confissões como: “meu namorado deveria ser mais homem as vezes” apenas para aquelas conversas confidentes entre amigos e amigas.
Ninguém irá declarar publicamente a falência de suas próprias ideias, mas estará implícito: a reimaginação contemporânea dos relacionamentos falhou, e o que restou dele são os sexos frustrados.