A Força e o Impacto do Empreendedorismo Feminino no Brasil e no Mundo

Vinicius Fachinetto
octanage
Published in
8 min readDec 21, 2020

Tente imaginar alguma pessoa bem sucedida, como ela se parece? Agora pense nas principais referências que te inspiram. Será que alguma delas é uma mulher?

Se não for, precisamos parar para refletir sobre o papel feminino no empreendedorismo.

“As mulheres não são menos ambiciosas, ou avessas ao risco, como se tem afirmado no passado. A realidade é que elas definem sucesso nos seus próprios termos! ” Taciana Mello.

Estive em entrevista com a Taciana Mello para o Octanage Podcast nesta conversa incrível e necessária sobre a força da mulher no empreendedorismo. Conheça mais sobre a sua trajetória e como ela transformou um problema em um projeto inspirador.

Qual é sua maior competência?

Taciana — Nesses dois anos de estrada, aprendi a escutar com a intenção de entender, de me colocar no lugar da outra pessoa. A capacidade de escutar é tão importante quanto saber se posicionar. É uma arte.

Escutar pessoas com quem você trabalha, o seu público, relacionamentos pessoais é fundamental, traz muitas informações importantes e é um exercício.

Em muitos momentos, estamos mais preocupados em contrapor o ponto de quem escutamos, em responder, em vez de ouvir de fato.

Conselhos de ouro sobre ouvir

Taciana — Saber escutar é um exercício e você precisa começar com as coisas mais simples. Não se preocupe tanto em ter ou achar a melhor resposta. A gente se preocupa muito em passar uma imagem de alguém inteligente, mas está tudo bem se você não souber responder.

Escutar traz muito essa consciência de “nossa eu não sabia a respeito”, “nunca pensei sobre isso”, “não tinha essa informação”.

O aprendizado passa por esta etapa importante, escutar. Quantas vezes perdemos a oportunidade de aumentar o nosso repertório ou talvez ter um insight por meio dessa fonte de conhecimento tão simples e acessível. Porque nos preocupamos demais em mostrar algo.

É quase instintivo não querer mostrar-se vulnerável, querer ter uma resposta pronta para tudo, mas é humano reconhecer-se em constante aprendizado e dizer para si mesmo: “eu não sei”. Dificilmente o que foi dito será esquecido.

Como desenvolver essa competência?

Taciana — Faça uma autorreflexão com humildade: entenda que você não tem todas as respostas, e pratique a empatia. Tendemos a ponderar as situações sempre com a nossa perspectiva, é humano, construímos o mundo a partir das nossas experiências.

Faça o exercício consciente de se colocar no lugar da outra pessoa, entender a experiência de vida dessa pessoa, e extrair um aprendizado para a sua própria história. Você se torna um profissional e uma pessoa melhor, porque ganha um repertório muito maior — você aprende de fato com o que os outros vivenciaram.

A gente vive um momento onde parece que você é obrigado a ter todas as respostas e precisa saber muito de muitas coisas.

Partir do princípio que você tem todas as respostas é o caminho mais rápido para o erro, é por isso que eu falo, empreender passa por você ter uma mente curiosa, de continuar perguntando muito.

Quando eu mudei para Londres essa inquietude ajudou muito no meu aprendizado, fiz muitas perguntas óbvias, aparentemente, mas que eram muito importantes para o meu aprendizado.

É um exercício constante lembrarmos a nós mesmos que não temos todas as respostas e que não há problema algum nisso. O importante é estarmos abertos para aprender mais e transformar este conhecimento em algo concreto.

O projeto The Girls On The Road — como tudo começou

Taciana — O nosso objetivo é fazer com que as mulheres que querem empreender acreditem que é possível. Chegamos nessa questão, por conta da nossa inquietude em buscar respostas.

Morávamos nos EUA, no Vale do Silício, e esperávamos encontrar mais mulheres empreendendo naquela região. O número era menor do que imaginamos, acreditávamos que aquele lugar do mundo traria mais possibilidades de igualdade e não era o caso, então buscamos as razões.

O principal motivo é que as mulheres não veem outras empreendendo, e acabam acreditando que empreender é algo exclusivo do universo masculino. A questão da referência, do exemplo, do modelo é fundamental.

Então, decidimos ajudar a mudar esse cenário contando histórias. O problema está em não mostrar esses exemplos, não necessariamente na capacidade dessas mulheres empreender.

Existe o interesse, existe a intenção, a capacidade é igual a dos homens. Mas se elas não encontram outras, fica muito mais complexo.

Se histórias são necessárias para mudar este cenário, vamos atrás delas, vamos mostrar o que essas mulheres têm feito nos mais diferentes ambientes, dificuldades e obstáculos, mas elas têm feito.

Foi assim que nasceu este projeto com o objetivo de tentar impactar esse problema e de começar a mudar este cenário, esta mentalidade, esta atitude das mulheres em relação ao empreendedorismo feminino.

O projeto é inspirador e surgiu, porque a nossa entrevistada resolveu ouvir e perguntar para entender mais sobre essa situação que a incomodava. Não podemos nos acostumar com o tipo de mentalidade que diminui a importância das mulheres no mercado de trabalho. Precisamos nos inspirar e mostrar estas referências de empreendedoras.

Objetivos e resultados do The Girls On The Road

Taciana — Eu e a Fernanda, minha sócia, entrevistamos 334 mulheres no período de 15 meses, de julho de 2016 a outubro de 2017, em 24 países, nos 5 continentes. Nosso objetivo era montar um documentário e escrever um livro conciliando Inspiração e Ação para as mulheres iniciarem no caminho do empreendedorismo.

Escolhemos os países por relevância com esse objetivo: diversidade e representatividade. Fomos em culturas com mulheres empreendedoras mais estabelecidas, com forte atuação, até lugares com praticamente nenhuma atuação, com graus de desenvolvimento econômico e disponibilidade de recursos variados.

Inspiração é fundamental, mas não pode andar sozinha: queremos oferecer os primeiros passos e opções para as mulheres que querem perseguir o caminho do empreendedorismo.

O momento mais difícil como empreendedora

Taciana — Foi quando duvidamos da nossa própria capacidade de realização. Eu e a Fernanda nos lançamos em áreas nas quais não tínhamos o menor conhecimento: cinema, filme, equipamento de gravação e entrevistas.

A questão da autoconfiança foi forte, inicialmente, de termos a certeza de que tínhamos a capacidade de ir atrás da formação e informação necessárias.

Não tivemos medo de aprender algo novo do zero. Essas dúvidas que a gente enfrentou foi o que outras empreendedoras dividiram com a gente. Eu sabia que tinha essa ideia, mas não tinha o conhecimento e isso não me parou.

Eu congelei por um momento, mas no momento seguinte eu percebi que tinha a capacidade de ir atrás do que eu precisava, então me eduquei, pedi ajuda, conversei com as pessoas. Hoje não faltam recursos para aprender o que é necessário. A gente conseguiu!

A única coisa que pode nos parar é duvidarmos de nós mesmos. Nunca vamos ter a completa certeza sobre qualquer iniciativa, ainda mais fora da nossa área de conhecimento. Mas se você tem um projeto e acredita, outros vão acreditar e ajudar.

Os maiores desafios das mulheres empreendedoras ao redor do mundo

Taciana — É difícil desenvolver uma ideia, conseguir investimentos. Paciência e resiliência são o básico para empreender. Se você não tiver isso, a vida fica infinitamente mais complicada. Isso vale tanto para homens como para mulheres.

As mulheres enfrentam adversidades adicionais, é provado, não é a gente falando, não trouxemos algo novo. Partimos de algo que já existia de pesquisas, estudos dizendo que há ainda a questão do sexismo no processo de levantamento de recursos financeiros.

No questionamento da capacidade, as mulheres precisam se provar muito mais. Estudos demonstram que os investidores são muito mais exigentes quando entrevistam uma mulher.

Quando estávamos na Austrália escutamos algo muito interessante que resume muito a mentalidade predominante.

Uma empreendedora dividiu conosco uma conversa franca que teve com um investidor, e ele disse o seguinte: quando a gente avalia um homem, a gente sempre avalia que tipo de empreendedor ele é, qual é o seu estilo, quais são as características. Quando um investidor avalia uma empreendedora ele se questiona: será que ela pode ser uma empreendedora?

No Brasil, China, Estados Unidos, Cuba, Portugal, Rússia, Quênia, ou Índia… os desafios para a mulher são os mesmos. O que muda é a intensidade e os recursos disponíveis para superá-los. Algumas mulheres atingem resultados fantásticos, e é isso que é preciso falar: assim transformamos o ambiente empreendedor ao nosso redor.

O Surgimento e as Motivações do Empreendedorismo Feminino: Oportunidade ou Necessidade?

Taciana — Se não mudarmos os argumentos, não vamos mudar as narrativas — a mulher não empreende apenas por necessidade.

Todos temos sensibilidade às oportunidades, e essa é a origem de muitos empreendimentos liderados por mulheres.

As mulheres não são menos ambiciosas, ou avessas ao risco, como se tem afirmado no passado. A realidade é que elas definem sucesso nos seus próprios termos!

Independente dessas dificuldades, as mulheres têm seguido o caminho empreendedor.

Essa é a mensagem que The Girls On The Road quer entregar: as dificuldades para a mulher são reais e visíveis, mas ela não se apega a isso para deixar de empreender.

Os fatos levantados parecem absurdos e fora da realidade, mas infelizmente eles ainda existem e não podemos ignorá-los.

Quando damos voz às mulheres incríveis como a Taciana Mello, refletimos e nos surpreendemos com a força feminina. Não temos outra escolha a não ser tomarmos uma atitude e reconhecer como as mulheres podem dominar o empreendedorismo.

Não deixe de ouvir o episódio completo no Octanage https://octanage.com/e029, ouvir é uma forma importantíssima de aprendizado, como foi mencionado pela nossa entrevistada.

Tenho certeza de que você vai se surpreender e comente aqui sobre o que você pensa do empreendedorismo feminino e os seus desafios.

Sobre o Octanage

É um Podcast com entrevistas e dicas práticas para todo empreendedor.

O Octanage nasceu para deixar o empreendedorismo mais perto das pessoas. Nosso objetivo é inspirar uma multidão ao redor do mundo a empreender melhor e a não desistir.

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VINX é uma agência de marketing digital com o foco em ajudar pequenas e médias empresas a expandirem sua presença digital e a atingirem os seus objetivos.

Eu lidero a agência a partir de experiências anteriores em ter administrado e construído as minhas próprias empresas desde o início. Atrelado ao sucesso de ajudar outros empreendedores a atingir o sucesso no Brasil e depois no Reino Unido.

Acredito que para ter sucesso em levar as principais técnicas para outros negócios, é preciso entendê-los com profundidade. Construir e manter o relacionamento, celebrando as conquistas, aprendendo com as falhas. Adaptando e melhorando o que fazemos. JUNTOS!

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Vinicius Fachinetto
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