O que aprendi com 10 empresas sobre gestão de marcas no mundo hiperconectado?

Realizamos uma imersão no Manifesto Coworking e
descobrimos alguns insights sobre o papel das marcas no ambiente digital.

No dia 19 de setembro de 2019 realizamos uma imersão com 10 empreendedores de Brasília para debater sobre os desafios de gerir uma marca num mundo hiperconectado.

O grupo foi bem diverso em questão de setores, porém com a característica de serem negócios locais, em fase inicial ou com início de tração, sem grandes proporções.

Construímos uma imersão que funcionou em dois momentos: o primeiro, de ambientação e outro momento de aplicação de dinâmicas da metodologia do Design Sprint, utilizada pelo Google na criação de soluções. As ferramentas, nesse caso, tiveram mais o papel de despertar temas de debate e insights da inteligência daquele coletivo.

A vontade de construir a imersão deu-se depois de três meses de pesquisa interna realizada pela Kolla! Laboratório Criativo, empresa de gestão de marcas do qual sou sócio. Nossa pesquisa levantou diversos artigos de instituições como Nielsen, McKinsey, Harvard Business Review e artigos
em sites como Marketing Week, Wired e Fast company. Todos tinham um tema em comum: o novo papel dos gestores de marcas num mundo com mais dados, maior segmentação e em constante mudança. O fato é que em toda a pesquisa o olhar estava direcionado para grandes marcas e grandes CMOs dessas empresas. A conclusão de grande parte deles? Todos ainda estamos
descobrindo o que de fato fazer com tantos dados e como a comunicação e o marketing assumem papéis ainda incertos, de experimentação.

Hoje a realidade é de incertezas, de mudanças profundas, especialmente com tudo o que se relaciona com o ambiente até então chamado de digital. Tudo muda drasticamente a cada ano e é bem comum que em momentos assim, algumas vozes na sociedade surjam com soluções rápidas, generalistas, que nos trarão certo conforto.

Se estamos falando de conforto, estamos falando de algo que é conhecido, mapeado, seguro, garantido e exatamente o oposto da realidade atual.

Abraçar algumas “verdades” ou soluções milagrosas pode acabar nos cegando a visão do real cenário e isso pode ser perigoso, tanto na vida como nas suas ações de ativação de marca no ambiente digital.

A vida não é binária. Aprendi isso em uma matéria de teorias da comunicação, durante os tempos de faculdade. Depois de ler um texto extenso que debatia sobre por qual motivo um tema “A” deveria ser aceito, saí com 100% de convicção de que aquilo era verdade. Até que na próxima aula o professor colocou outro pensador para falar exatamente sobre o mesmo tema, só que com outra percepção diametralmente oposta e que eu havia concordado também.

Nesse momento ficou claro que a vida é muito mais complexa do que dizem pra gente.

Consolidando essa observação pessoal, na imersão, a forma como o grupo enxergou o cenário, considerou os canais online como reproduções do que vivemos na vida. Lá nos relacionamos, discutimos, aprovamos, compartilhamos ideias e momentos. O ponto que grande parte das
pessoas esquece é que apesar das “5 dicas para”, do “baixe o e-book” ou dos famosos lançamentos, existem pessoas e muitas vezes não sabemos quem elas são.

Nosso convite aqui é o de, antes de buscar resultados fantásticos no digital, que você entenda quem são essas pessoas e se relacione com elas fisicamente. Conexões reais, de troca e parceria podem surgir com muito mais qualidade e talvez com um maior alinhamento, e é aí que entram as Comunidades. 10 pessoas na vida real valem muito mais que 10 likes e isso ficou muito claro na nossa imersão.

Não, esse não é um convite para abandonar as frentes de ativação/divulgação da sua marca, mas um convite para diversificar e parar um pouco para pensar antes de abraçar qualquer frente que aparece no nosso feed.

Seu pilar sempre deve ser o humano e, mesmo sem querer virar um influencer ou youtuber, você pode sim construir uma narrativa no digital. Aproveite os momentos reais da vida para ver como eles podem ser utilizados de forma muito natural para ativações online e deixem as pessoas falarem por si só.

Mas não se engane. Existem frentes técnicas de comunicação que podem ajudar você a alcançar mais pessoas e tornar algo muito verdadeiro mais acessível ainda para um público maior. O marketing digital é uma delas e só com uma estratégia clara é possível unificar tudo o que falamos aqui.

Hoje, com a quantidade de conteúdos que temos acesso, realmente podemos aprender qualquer coisa. Está tudo lá, pronto para ser baixado. No entanto isso nos gera uma ilusão de que podemos fazer tudo e isso nem sempre é verdade. Sabe por que? Por não termos tempo.

Existem pessoas que vivem para entregar soluções muito específicas e são muito especializados, talvez o acesso ao conhecimento nos permita uma conversa mais clara com elas, com menos dúvidas, mas pessoalmente acredito que é praticamente impossível responder às mudanças dos dias de hoje com a mesma agilidade e qualidade de alguém dedicado a isso.

Se essa solução específica não está no centro da minha entrega de maior valor pro meu negócio eu preciso procurar pessoas para me ajudar e planejar meu modelo de negócios para isso. Se desenho roupas, tenho um e-commerce, uma loja de atacado ou ativo comunidades para meditação, preciso focar muito em criar as melhores experiências com as pessoas.

No fim é tudo sobre pessoas: as que você quer alcançar e as que podem te ajudar.

À convite do Manifesto Coworking, escrevi esse texto, com o objetivo do debate, da dúvida, da conversa. Talvez para gerir marcas num mundo hiperconectado seja necessário se conectar mais com quem constrói a sua marca em níveis cada vez mais profundos, humanos e possivelmente olhar mais para pequenas comunidades.

A minha percepção é que muitas pessoas querem falar, falar e falar para um público que elas sequer conhecem e entendem as necessidades.

Nosso desafio aqui foi o de compartilhar o norte que identificamos para nós da Kolla e provocar você a parar um pouco para pensar como ativar essas pequenas comunidades altamente engajadas, construir valor e experiências progressivamente em parceria com elas e, aos poucos,com calma e maior consciência, aumentar sua presença nesses ambientes de ativação.

Utilize a estratégia e o propósito como norte e as métricas como guia para alcançar os objetivos, mas não se esqueça que tudo gira em torno de pessoas.

Matheus Almeida e equipe Kolla! Somos guardiões de marcas. kollalab.com
Quer conversar mais sobre? Mande um e-mail para contato@kollalab.com.